She lost it [Ela perdeu aquilo]
Retirado do livro 'Destruição do pai/ Reconstrução do pai - Escritos e entrevistas', de Louise Bourgeois
UM HOMEM
E UMA MULHER
VIVERAM JUNTOS
UMA NOITE ELE NÃO VOLTOU
DO TRABALHO E ELA ESPEROU.
ELA FICOU ESPERANDO E ELA FOI FICANDO
MENOR SEMPRE MENOR
MAIS TARDE UM VIZINHO PASSOU POR AMIZADE
E ALI A ENCONTROU NA POLTRONA
DO TAMANHO DE UMA ERVILHA.
22.12.05
16.12.05
11.12.05
20.11.05
solo
primeiro trouxe um livro grosso de letras miúdas para afinar-lhe a elegância. depois, apontou o dedo no piano:- enfie aqui.
no início lhe doíam as juntas, unhas, depois ardia um pouco demais as palmas. bem mais nos casos de disritimia. no fim, também os punhos - todos os limites devidamente violados.
ela, a dona das notas, vivia com quatro ou cinco gatos - pois isso dependia mais deles. tinha uma espécie de mãe. uma mulher velha, descabelada e gorda, que saía de uma caixinha de música e rodopiava em um dos pés. os gatos, dormiam embalados.
pensou, no tempo de dois erros - "quero ser solista!" - antes de enfiar-lhe o dedo em brasa.
ela: cega
ele: auto-ditada.
no início lhe doíam as juntas, unhas, depois ardia um pouco demais as palmas. bem mais nos casos de disritimia. no fim, também os punhos - todos os limites devidamente violados.
ela, a dona das notas, vivia com quatro ou cinco gatos - pois isso dependia mais deles. tinha uma espécie de mãe. uma mulher velha, descabelada e gorda, que saía de uma caixinha de música e rodopiava em um dos pés. os gatos, dormiam embalados.
pensou, no tempo de dois erros - "quero ser solista!" - antes de enfiar-lhe o dedo em brasa.
ela: cega
ele: auto-ditada.
18.11.05
"O que isso quer dizer?
Quer dizer que o Mundo está no seu fim, que todas as formas de Vida estão mortas e que a única saída é a abolição das formas que tímnhamos sonhado encontrar o Repouso. Isso quer dizer que nosso Espírito está diante de uma exigência absoluta, que ele deve cumprir de forma absoluta essa exigência, para que enfim o Repouso possa começar. Quer dizer que o Fogo vai matar, porque ele saiu agora do Invisível e o fogo invisível só saiu do Visível, para matar as formas em que a Vida se perdeu.
Nós nos enganamos absolutamente, enganamo-nos sobre tudo. Nada vi que não tenha se alterado e por isso renunciei a tudo para reencontrar minha luz natal e para que minha Vida possa ressucitar."
Carta de Antonin Artaud a André Breton - de julho de 1937.
Quer dizer que o Mundo está no seu fim, que todas as formas de Vida estão mortas e que a única saída é a abolição das formas que tímnhamos sonhado encontrar o Repouso. Isso quer dizer que nosso Espírito está diante de uma exigência absoluta, que ele deve cumprir de forma absoluta essa exigência, para que enfim o Repouso possa começar. Quer dizer que o Fogo vai matar, porque ele saiu agora do Invisível e o fogo invisível só saiu do Visível, para matar as formas em que a Vida se perdeu.
Nós nos enganamos absolutamente, enganamo-nos sobre tudo. Nada vi que não tenha se alterado e por isso renunciei a tudo para reencontrar minha luz natal e para que minha Vida possa ressucitar."
Carta de Antonin Artaud a André Breton - de julho de 1937.
1.11.05
Questão número um:
O que o Bush vem fazer em Brasília nos próximos dias 05 e 04 de Novembro?
a) Desaftosar vacas
b) Dar lições árias ao rebanho de mulatos
c) Dar milho aos pombos da granja do torto; e aproveitar para desintortá-la
d) Ver onde os brasileiros estão guardando as águas da amazônia
e) Comemorar a vitória do NÃO numa feijoada de porcos capitalistas
f) Brincar de LEGO com o Roriz
aceito sugestões...
No compreendo, madre.
"O que é normalidade? Uma coisa rasteira, fétida, pobre, doente, triste, sombria, estéril, entediante, temporal. O que é anormalidade? Uma coisa elevada, cheirosa, rica, saudável, alegre, iluminada, fecunda, excitante, intempestiva... A anormalidade é musical." (por Amauri Ferreira)
Publicado em O estrangeiro
O que o Bush vem fazer em Brasília nos próximos dias 05 e 04 de Novembro?
a) Desaftosar vacas
b) Dar lições árias ao rebanho de mulatos
c) Dar milho aos pombos da granja do torto; e aproveitar para desintortá-la
d) Ver onde os brasileiros estão guardando as águas da amazônia
e) Comemorar a vitória do NÃO numa feijoada de porcos capitalistas
f) Brincar de LEGO com o Roriz
aceito sugestões...
No compreendo, madre.
"O que é normalidade? Uma coisa rasteira, fétida, pobre, doente, triste, sombria, estéril, entediante, temporal. O que é anormalidade? Uma coisa elevada, cheirosa, rica, saudável, alegre, iluminada, fecunda, excitante, intempestiva... A anormalidade é musical." (por Amauri Ferreira)
Publicado em O estrangeiro
23.9.05
[tinha queijos costurados na goela. quase baba estilingue-elástico. também palavras de retorno-soco embebidas de lábias.]
*acho que estou lendo kundera outra vez - acho também que estou mais cansada que antes - acho que estrelas flutuam entre, então servem - acho que ando flutuando acima da cama - acho também que meus sonhos me matam toda noite.
mas, voltando aos factos:
[tinha grudes-cuspe que colavam junto à porta. tinha dedos-toca a campanha e vai embora.]
"... e ele dizia consigo mesmo que a questão fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: alguém é inocente apenas por não saber? um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade pelo simples fato de ser imbecil?"
*acho que estou lendo kundera outra vez - acho também que estou mais cansada que antes - acho que estrelas flutuam entre, então servem - acho que ando flutuando acima da cama - acho também que meus sonhos me matam toda noite.
mas, voltando aos factos:
[tinha grudes-cuspe que colavam junto à porta. tinha dedos-toca a campanha e vai embora.]
"... e ele dizia consigo mesmo que a questão fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: alguém é inocente apenas por não saber? um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade pelo simples fato de ser imbecil?"
1.9.05
29.8.05
há os que dizem sim. as vezes olho em seus olhos empolgados e vejo que resistem fácil. sem cansaços. há os que dizem sim com os olhos e não com os braços. há nos seus membros dor, fadiga e equilíbrio de traçados. pulos calculados. nem tão gatos quanto os outros vivos de não em não - há pernas. respostas sincrônicas sem pré, pés, pós, paus ou pagos. o corpo do verbo puta é o sangue-lambida. não do pâncreas é o depois do verbo incrustado.
abra os braços margarida, até jesus o fez.
abra os braços margarida, até jesus o fez.
23.8.05
1.8.05
disse que ficasse à vontade. fosse o sapato que ali apertasse ou a língua enrolasse ou o botão pressionasse contra o umbigo. e falavam tanto. depois ali edifício plano. prontos limites entre os cuspes - somente os tratos bem finos e lavos. e do corpo já subia um cansaço. de uso-pouco. de esquecimento ou programa automático. vai, desce. ou sobe. coloca pra fora e dentro da porta. desde então, calou-se.
não era Bárbara.
não era Bárbara.
17.7.05
2.7.05
17.6.05
Me parece tão difícil agora, Paola.
Decididas as angulações; tua dúvida carne.
Sempre tão redondas, tão bordas, os preparos os centros e os catupiris.
(e tu ali num meço interminável)
Que nunca me coube
a tarefa de andar pelas
métricas, ainda que avô tivesse fino trato com madeiras - ferros - terras .
Corpo-ferramenta.
Lembro linhas entre tijolos e círculos de terra colante. Depois era
tijolo
sob
tijolo
até o erguido cavar o espaço horizontal.
HOMEM TERRA COM BICHO DE PÉ NO CHÃO
Minhoca é vírgula (até debaixo da terra)
respira, então é vida.
Serrote e uma pá
de Objetos-
corte.
sangue, então morre.
F
i
o
s
d
e
nylon.
Maçanetas de giro.
Esmagador de dedos e delicadezas
O círculo, formato mãe, então só crescia e sempre aparecia outro gorducho-gota ou biloca ou semente - projeção infinita. Tudo bucho de cresceres.
Triângulos me escapam à fina.
Miss, teu meço me irrita.
Tenho fome. Larica. Ronco. Buracos. Minhoca passa por macarrão. Nylon pra esguelador de galinhas.
Nunca passso disso mas só de passo imagino quem passa o buraco maior da fome então me rói só de pensar e é até justo roubar. depois ir preso. Ladrão do galinheiro. O menos terra-possui que a minhoca.
Pede logo.
Caso sobre, há pombas de sobra. Galinhas desocupadas. Cachorros. Os que vivem dos rastros.
Da espera.
Da tua decisão.
a coisa mais embaixo: Gatos nunca, não.
11.6.05
...
mas há uma coisa
que é algo,
uma coisa
que é algo
e que sinto
por ela querer
SAIR:
a presença
da minha dor
do corpo,
a presença
ameaçadora
infatigável
do meu corpo;
e ainda que me pressionem com perguntas
e por mais que eu me esquive a elas
há um ponto
em que me vejo forçado
a dizer não,
NÃO
à negação;
e chego a esse ponto
quando me pressionam,
e me apertam
e me manipulam
até sair de mim
o alimento
e seu leite,
e então o que fica?
Fico eu sufocado;
e não sei que ação é essa
mas ao me pressionarem com perguntas
até a ausência
e a anulação
da pergunta
eles me pressionam
até sufocarem em mim
a idéia de um corpo
e de ser um corpo,
e foi então que senti o obsceno
e que
soltei um peido
de saturação
e de excesso
e de revolta
pela minha sufocação.
É que me pressionavam
ao meu corpo
e contra meu corpo
e foi então
que eu fiz tudo explodir
porque no meu corpo
não se toca nunca.
(Escritos de Antonin Artaud, trad. Cláudio Willer)
10.6.05
disritmia
ou disco riscado
ou remix
- pelé tem dezoito filhos todos envolvidos - esconderijos para faces rendondas'gordas vestem a camisa - e vão rolar na esportiva civil - no domínio do sem dono - não dá pra levar só se for para o buraco - encaçapado de capuz - não é sinuca não é golf - centro duplo cada um no do outro - no dos outros vai pimenta rolando - roubando - pai eu tô na globo - empurra - entra no carro - é preto - então corre - é redondo - bateu - passou - é pai é pé é mãe é o cacete - é mão - lavou - é gol.
"sou cego de tanto" cego de tanto" cego de tanto"
ou disco riscado
ou remix
- pelé tem dezoito filhos todos envolvidos - esconderijos para faces rendondas'gordas vestem a camisa - e vão rolar na esportiva civil - no domínio do sem dono - não dá pra levar só se for para o buraco - encaçapado de capuz - não é sinuca não é golf - centro duplo cada um no do outro - no dos outros vai pimenta rolando - roubando - pai eu tô na globo - empurra - entra no carro - é preto - então corre - é redondo - bateu - passou - é pai é pé é mãe é o cacete - é mão - lavou - é gol.
"sou cego de tanto" cego de tanto" cego de tanto"
30.5.05
Ceda-me este passo?
por _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
- uh - vibra o primário - mãos acima abertas - olhos fechados -
a dança é a passagem
o denso é a pupila
olho é o cão-coragem.
corredor também é passagem e estreito-pouco é saber-se o corpo pouco e até flexível - de virada passa. nessa hora desponta um relógio-fusco-luxo de ponteiros afiados. não há tempo nem espaço. só corredor: passagem e fios de nylon para hipopótamos, esses lançados à estilingue no tempo das árvores e da espera necessária. espera, esperança, espetáculo, estafo.
- tome aqui um lencinho, uma água, respira... relaxa.
O suor fede no nariz de quem é tapado. de quem nunca vazou. de quem não saiu pra comprar cigarros e esqueceu de voltar ou simplesmente não quis mais. porque o cigarros fazem mal principalmente àqueles quem não têm pulmão pra mutarelli. pros que respiram curto pra economizar ar ou evitar constrangimentos, entradas, aberturas completas ou pássaros, insisto. quando o ar está preso, passarinhos sulistas alçam vôo centro-oestizantes em meio ao frio que faz aqui nesse ar de cerrado - máscaras de ar não caem sobre nossas cabeças, o avião arquitetado explode e ninguém vê. mas é faz tanto frio de manhã e quando acordo não dá vontade de ir fazer uma paz odiosa, porém cheirosa e bem aparentada. uma paz sem ar. uma paz de gravata borboleta empalhada. ou pomos ou pombos - devidamente sufocados.
esse tempo de invasões
onde corredores e papas avançam como fios telefônicos
avanços tecnológicos
aumento de geladeiras
de torturas invisíveis.
- então hermanita, tá mais calma?
contei até dez, onze, duzentos, setecentos, milhões, silvio santos, roleta russa, polonesa, tortura chinesa, pão italiano, circo dos horrores, palhaços, palmas, tapas. vi tudo junto na panela de barro da negrinha da tua cozinha - eu e meus serviços prestados, minha revolta ao centro da mesa, minhas mãos amarradas, olhos arregalados, pupilas cintilantes - e uma caneta:
querem minha assinatura.
- uh - vibra o primário - mãos acima abertas - olhos fechados -
a dança é a passagem
o denso é a pupila
olho é o cão-coragem.
corredor também é passagem e estreito-pouco é saber-se o corpo pouco e até flexível - de virada passa. nessa hora desponta um relógio-fusco-luxo de ponteiros afiados. não há tempo nem espaço. só corredor: passagem e fios de nylon para hipopótamos, esses lançados à estilingue no tempo das árvores e da espera necessária. espera, esperança, espetáculo, estafo.
- tome aqui um lencinho, uma água, respira... relaxa.
O suor fede no nariz de quem é tapado. de quem nunca vazou. de quem não saiu pra comprar cigarros e esqueceu de voltar ou simplesmente não quis mais. porque o cigarros fazem mal principalmente àqueles quem não têm pulmão pra mutarelli. pros que respiram curto pra economizar ar ou evitar constrangimentos, entradas, aberturas completas ou pássaros, insisto. quando o ar está preso, passarinhos sulistas alçam vôo centro-oestizantes em meio ao frio que faz aqui nesse ar de cerrado - máscaras de ar não caem sobre nossas cabeças, o avião arquitetado explode e ninguém vê. mas é faz tanto frio de manhã e quando acordo não dá vontade de ir fazer uma paz odiosa, porém cheirosa e bem aparentada. uma paz sem ar. uma paz de gravata borboleta empalhada. ou pomos ou pombos - devidamente sufocados.
esse tempo de invasões
onde corredores e papas avançam como fios telefônicos
avanços tecnológicos
aumento de geladeiras
de torturas invisíveis.
- então hermanita, tá mais calma?
contei até dez, onze, duzentos, setecentos, milhões, silvio santos, roleta russa, polonesa, tortura chinesa, pão italiano, circo dos horrores, palhaços, palmas, tapas. vi tudo junto na panela de barro da negrinha da tua cozinha - eu e meus serviços prestados, minha revolta ao centro da mesa, minhas mãos amarradas, olhos arregalados, pupilas cintilantes - e uma caneta:
querem minha assinatura.
20.5.05
Deslizantes
por Tamara Costa
(aos que descem)
... o novelo, o caracol, a minhoca e o piolho de cobra.
entrei naquele carro recém-chegado. entrei no bar. entrei na onda. e desci pela escada-curta onde uma só pessoa cabia (descendo ou subindo). ao mesmo tempo passamos. eu descida, tu subida. ninguém soube esperar e a escada era pequena demais pra nós dois. fez um barulho de quebra, uma falha falhando no ponto em que nós nos encontrávamos. territórios possíveis de nós. a falha, a escada, os contras, contrários. descida, o rumo de mim cedendo. tu subindo, forte, músculos e resistência.
Não cedias nem à atmosférica.
(entre outras pressões ? filhos ? casa ? manteiga para o pão ? compromisso ? estadias ? status ? propriedade)
Tudo terreno.
Tu, domínio.
desci outras vezes ? lugares intocáveis, colunas de escuro, cheiros estranhos, até quase ao encontro das baratas. dessas pouco sabes porque me perguntaria o por quê. desci, se é que tem que ter porquê. a mania do macho, porquê, disciplina, porquê. rápido e ferozmente, tudo que é bicho será domesticado, vamos enfiá-los porquês longos e gordos para serem melhor comidos, digeridos e aceitados.
Um filé de porquê ao molho branco.
Fome de brancura e suavidade.
Sua carne desejando porquês puros, em nada inventados como os meus;
Mestiços porquês.
também, agora um porquê-um-pouco-magro, reclamavas acorrentado, das enrolas que fazes até questão de que eu faça parte, mais uma possível, sei. também que continuo a descer, descendo pra cima, descendo pros lados, descendo, decaindo, ao passo que se o elevador não passa da garagem, de lá passei quando ainda tinha pés delicados, mãos cuidadosas, porquês limpinhos e fino-trato. que fique bem claro, o estado é de negruras, quase-óleo, mofo, úmido. acontece que depois que a gente desce, as possibilidades de retorno são aterradas. então, continua descendo, e cada vez que, por algum motivo, a ação parar, temos a sensação de que algo acima poderá cair, pássaros ou pedras, por exemplo. voltar a subir ? tarefa pesada. voltar à superfície-primeira, digo. é possível que eu-desça antes que a terra me caia por cima. antes que me compreenda. antes que dê com a cara da terra ? ou merda. eu,
Pássaro Negroóleoso voando gozoso pelas superfícies internas.
O céu ao contrário: cascalho, húmus, raízes, restos, ossos, óleo,
fino-fundo.
www.paralelos.org/out03/000688.html
(aos que descem)
... o novelo, o caracol, a minhoca e o piolho de cobra.
entrei naquele carro recém-chegado. entrei no bar. entrei na onda. e desci pela escada-curta onde uma só pessoa cabia (descendo ou subindo). ao mesmo tempo passamos. eu descida, tu subida. ninguém soube esperar e a escada era pequena demais pra nós dois. fez um barulho de quebra, uma falha falhando no ponto em que nós nos encontrávamos. territórios possíveis de nós. a falha, a escada, os contras, contrários. descida, o rumo de mim cedendo. tu subindo, forte, músculos e resistência.
Não cedias nem à atmosférica.
(entre outras pressões ? filhos ? casa ? manteiga para o pão ? compromisso ? estadias ? status ? propriedade)
Tudo terreno.
Tu, domínio.
desci outras vezes ? lugares intocáveis, colunas de escuro, cheiros estranhos, até quase ao encontro das baratas. dessas pouco sabes porque me perguntaria o por quê. desci, se é que tem que ter porquê. a mania do macho, porquê, disciplina, porquê. rápido e ferozmente, tudo que é bicho será domesticado, vamos enfiá-los porquês longos e gordos para serem melhor comidos, digeridos e aceitados.
Um filé de porquê ao molho branco.
Fome de brancura e suavidade.
Sua carne desejando porquês puros, em nada inventados como os meus;
Mestiços porquês.
também, agora um porquê-um-pouco-magro, reclamavas acorrentado, das enrolas que fazes até questão de que eu faça parte, mais uma possível, sei. também que continuo a descer, descendo pra cima, descendo pros lados, descendo, decaindo, ao passo que se o elevador não passa da garagem, de lá passei quando ainda tinha pés delicados, mãos cuidadosas, porquês limpinhos e fino-trato. que fique bem claro, o estado é de negruras, quase-óleo, mofo, úmido. acontece que depois que a gente desce, as possibilidades de retorno são aterradas. então, continua descendo, e cada vez que, por algum motivo, a ação parar, temos a sensação de que algo acima poderá cair, pássaros ou pedras, por exemplo. voltar a subir ? tarefa pesada. voltar à superfície-primeira, digo. é possível que eu-desça antes que a terra me caia por cima. antes que me compreenda. antes que dê com a cara da terra ? ou merda. eu,
Pássaro Negroóleoso voando gozoso pelas superfícies internas.
O céu ao contrário: cascalho, húmus, raízes, restos, ossos, óleo,
fino-fundo.
www.paralelos.org/out03/000688.html
6.5.05
Nota
As mãos sujas de poeira, onde vento e água só mesmo em palavras
permitem aos deter-gente a contenção de certas vaidades
ou o lançamentos de suas verdades
como bombas ou suas unhas pretas encravadas,
devidamente jogadas à margem.
Delicatessen é manter o cu perfumado.
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto Adriana Calcanhoto, Senhas
As mãos sujas de poeira, onde vento e água só mesmo em palavras
permitem aos deter-gente a contenção de certas vaidades
ou o lançamentos de suas verdades
como bombas ou suas unhas pretas encravadas,
devidamente jogadas à margem.
Delicatessen é manter o cu perfumado.
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos modos
Não gosto Adriana Calcanhoto, Senhas
23.4.05
Amavisse, de Hilda Hilst
Porco-poeta que me sei, na cegueira, no charco
À espera da Tua Fome, permita-me a pergunta Senhor de porcos e de homens:
Ouviste acaso, ou te foi familiar
Um verbo que nos baixos daqui muito se ouve
O verbo amar?
Porque na cegueira, no charco
Na trama dos vocábulos
Na decantada lâmina enterrada
Na minha axila de pelos e carne
Na esteira de palha que me envolve a alma
Do verbo apenas entrevi o contorno breve:
É coisa de morrer de matar mas tem som de sorriso,
Sangra, estilhaça, devora, e por isso
De entender-lhe o cerne não me foi dada a hora.
É verbo?
Ou sobrenome de um deus prenhe de humor
Na péripla aventura da conquista?
À espera da Tua Fome, permita-me a pergunta Senhor de porcos e de homens:
Ouviste acaso, ou te foi familiar
Um verbo que nos baixos daqui muito se ouve
O verbo amar?
Porque na cegueira, no charco
Na trama dos vocábulos
Na decantada lâmina enterrada
Na minha axila de pelos e carne
Na esteira de palha que me envolve a alma
Do verbo apenas entrevi o contorno breve:
É coisa de morrer de matar mas tem som de sorriso,
Sangra, estilhaça, devora, e por isso
De entender-lhe o cerne não me foi dada a hora.
É verbo?
Ou sobrenome de um deus prenhe de humor
Na péripla aventura da conquista?
21.4.05
TEIA
para aranhas e pára-quedas
Quarto marrom. Não há janelas. A criança menina chora muito. Há um cubo de seis faces coloridas. As faces estão desmontadas. Um palhaço duble face gargalha. A menina chora. Relações matemáticas - raciocínio - palhaçada - pureza - cinismo - resolução - brincadeira. Até hoje.
*********
Mar não é piscina. Enlatados tiram a ferrugem das laterais. Traição à vista meu bem, macacos à nado vão invadir suas casas, sua cidade, seu sossego, seu canto, seu gosto, vai acabar a festa. A brincadeira se confunde. As crianças não estão acuadas. Pulam corda, correm, cirandas por toda parte. Meninas de saia sobem nas árvores, articulam seus membros sobrevivos. Macacos me mordam, te mordam, você que não sabe mais correr, seus carros estão sem combustível, nada move, tu cai duro no chão sem afundar. Alguns dos enlatados são sugados outros integram sabe-se lá, macacos não tem filosofia.
****
Hipopótamos puxam cordões elásticos. Puxa nós que vamos ao parque brincar. Tocaia! as cordas se rompem. Hipopótamos em vôo devastam a platéia. Todos vão correr. E nossos laços vão nos levar à mesma direção minha dulce. Cabelos de mudas viram árvores arbustas fazendo fios, não sei como. Reproduzem-se e morrem.
*
No supermercado. Tiro dois sucos de limão da prateleira e também biscoitos de sal. Ele. É alto e esguio. Cabelos longos. Pele clara. Me pergunta algo. Respondo, mas estou prestando atenção neste suco. Por quê melão? Minha mochila está no carrinho de pegar e dá pra enfiar uns chocolates nela ou latas de refrigerante. O cobrador tem cara de queijo. Enfio mais biscoitos. Estes são para ela, que está com fome mas não tem dinheiro. Tenho uma mochila, digo. Ela balança a cabeça, franze a testa e diz que prefere ficar com fome. Eu, não.
****
música do jerffeson airplane. Estou bêbada e não consigo subir a ladeira. Paramos, eu e ela, numa pequena vila de casas coloridas. Sai um cara de lá. Ele está descabelado e sozinho e canta uma música que conheço mas não consigo lembrar. Não era a do jefferson, logo sei. Ele parece estar muito sozinho, não só pelo fato de não ter ninguém ao lado, está sozinho de fato. Falo alto que quero passar a noite andando pela cidade. Sinto que ele também quer. Na frente tem uma escada. Não quero descer por ela. Alço um vôo, que percorre três árvores seguidas. Eles riem. E ele vem comigo.
*******
Estou sentada debaixo da árvore lendo um caderno. Bandas fazem música lá embaixo. Estou na metade do morro, em declive. O ar está respirável, e até bastante. A esperança, essa paca gorda, ainda me comove. Aproximam-se ao longe, vindas da ópera de arame, duas senhoras. Uma delas me chama para ler uma revista na casa da Alanis Morissette. A cada dela é no alto de morro, entre o palco e o céu e logo de cara me comovo com a escada interiorana que dá na sacada ou dentro da casa. Quero dentro. Entro. A casa está revirada. Muitos papéis no chão. Passo os olhos devagar. As duas senhoras param na varanda, perto da escada. Fixo os olhos na revista que está em cima da mesa, em destaque. Ela está na capa. Está muito bonita. Olho para ela ao lado da revista. Seu rosto está franzido e suas roupas estão folgadas. O rosto da revista tem uma boca estirada simulando o infinito horizontal; a boca é rosa e brilha. Sua boca parece estar a muito fechada, tende mais à vertical por causa do bico. Uma senhora cansada se aproxima. Sua mãe, penso, mas também duvido. O que me interessa é essa fronteira. O ar pesa.
Quarto marrom. Não há janelas. A criança menina chora muito. Há um cubo de seis faces coloridas. As faces estão desmontadas. Um palhaço duble face gargalha. A menina chora. Relações matemáticas - raciocínio - palhaçada - pureza - cinismo - resolução - brincadeira. Até hoje.
*********
Mar não é piscina. Enlatados tiram a ferrugem das laterais. Traição à vista meu bem, macacos à nado vão invadir suas casas, sua cidade, seu sossego, seu canto, seu gosto, vai acabar a festa. A brincadeira se confunde. As crianças não estão acuadas. Pulam corda, correm, cirandas por toda parte. Meninas de saia sobem nas árvores, articulam seus membros sobrevivos. Macacos me mordam, te mordam, você que não sabe mais correr, seus carros estão sem combustível, nada move, tu cai duro no chão sem afundar. Alguns dos enlatados são sugados outros integram sabe-se lá, macacos não tem filosofia.
****
Hipopótamos puxam cordões elásticos. Puxa nós que vamos ao parque brincar. Tocaia! as cordas se rompem. Hipopótamos em vôo devastam a platéia. Todos vão correr. E nossos laços vão nos levar à mesma direção minha dulce. Cabelos de mudas viram árvores arbustas fazendo fios, não sei como. Reproduzem-se e morrem.
*
No supermercado. Tiro dois sucos de limão da prateleira e também biscoitos de sal. Ele. É alto e esguio. Cabelos longos. Pele clara. Me pergunta algo. Respondo, mas estou prestando atenção neste suco. Por quê melão? Minha mochila está no carrinho de pegar e dá pra enfiar uns chocolates nela ou latas de refrigerante. O cobrador tem cara de queijo. Enfio mais biscoitos. Estes são para ela, que está com fome mas não tem dinheiro. Tenho uma mochila, digo. Ela balança a cabeça, franze a testa e diz que prefere ficar com fome. Eu, não.
****
música do jerffeson airplane. Estou bêbada e não consigo subir a ladeira. Paramos, eu e ela, numa pequena vila de casas coloridas. Sai um cara de lá. Ele está descabelado e sozinho e canta uma música que conheço mas não consigo lembrar. Não era a do jefferson, logo sei. Ele parece estar muito sozinho, não só pelo fato de não ter ninguém ao lado, está sozinho de fato. Falo alto que quero passar a noite andando pela cidade. Sinto que ele também quer. Na frente tem uma escada. Não quero descer por ela. Alço um vôo, que percorre três árvores seguidas. Eles riem. E ele vem comigo.
*******
Estou sentada debaixo da árvore lendo um caderno. Bandas fazem música lá embaixo. Estou na metade do morro, em declive. O ar está respirável, e até bastante. A esperança, essa paca gorda, ainda me comove. Aproximam-se ao longe, vindas da ópera de arame, duas senhoras. Uma delas me chama para ler uma revista na casa da Alanis Morissette. A cada dela é no alto de morro, entre o palco e o céu e logo de cara me comovo com a escada interiorana que dá na sacada ou dentro da casa. Quero dentro. Entro. A casa está revirada. Muitos papéis no chão. Passo os olhos devagar. As duas senhoras param na varanda, perto da escada. Fixo os olhos na revista que está em cima da mesa, em destaque. Ela está na capa. Está muito bonita. Olho para ela ao lado da revista. Seu rosto está franzido e suas roupas estão folgadas. O rosto da revista tem uma boca estirada simulando o infinito horizontal; a boca é rosa e brilha. Sua boca parece estar a muito fechada, tende mais à vertical por causa do bico. Uma senhora cansada se aproxima. Sua mãe, penso, mas também duvido. O que me interessa é essa fronteira. O ar pesa.
9.4.05
horas assim que sei que não é hora, pois é melhor calar-se do que mandar o que nos resta do fim, essa parte que fica do grosso no fundo, fina. não bóia nem se mistura. é hora de não ser a hora. isso me faz tremer um pouco, principalmente no outro dia porque tudo no corpo é substância-mistura. não cabe aos pés fundos depositários, daí seria agora dedão inchado, um peito asfixiado ou nó de calcanhares.
29.3.05
broche
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espalho tudo e embaralho e espalho e deixo quieto. depois volto, repasso. de trás pra frente. de jeito. depois largado. deve ter um começo. um trago. volte aqui as mãos. deve mesmo se for o caso. ocaso. babas para que não grudem. lama para o seu deslize.
abro.
arquivo comprometido e agonia lastimável formam um belo par de botas de judas para a páscoa. eles terão um filhote siamês sem cabeça ou começo. ninguém sobrará pra contar a história, esse abocanhado farto de lâminas e parafusos. nenhuma embocadura. nenhum encaixe. tudo costura espiralada, barra de saia de minha vó ou seios de tua madrasta.
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espalho tudo e embaralho e espalho e deixo quieto. depois volto, repasso. de trás pra frente. de jeito. depois largado. deve ter um começo. um trago. volte aqui as mãos. deve mesmo se for o caso. ocaso. babas para que não grudem. lama para o seu deslize.
abro.
arquivo comprometido e agonia lastimável formam um belo par de botas de judas para a páscoa. eles terão um filhote siamês sem cabeça ou começo. ninguém sobrará pra contar a história, esse abocanhado farto de lâminas e parafusos. nenhuma embocadura. nenhum encaixe. tudo costura espiralada, barra de saia de minha vó ou seios de tua madrasta.
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25.3.05
15.3.05
24.2.05
"só queria falar um pouco de pássaros" e desligou o rádio. achava tudo aquilo muito conciso e cheio de ritmo. penso canto, logo motivo pra iniciar o passo. abro a porta, abro a porta da sapateira e pego sapato vermelho. deito na tapete. é duro mas bem localizado. do chão me vi espaço e coluna reta encaixada. a cabeça dói um pouco, talvez porque seja cabeçuda ou os cabelos já não funciomam mais. é da crueldade da laranja que quero olhar para ventilador de teto. só pra ver até quando. aumento a intensidade. até onde vai. talvez porque fosse tarde demais. e já era mais de meia noite porque relógio não tem talvez.
os note papes voavam pelo teto, a casa estava já pelos ares. eu chão ali laranja ainda coluna acostumada com o encaixe reto. peguei um papel no ar, me fiz apresentador de televisão e sorri para as meninas enérgicas que jovagam as cartas para cima. fiz uns origames decididos. não pairou. resolvi usar o saco de plástico que segurava a capa do cigarro. não pairou. talvez fosse melhor usar luvas. fino trato.
é que antes minha cama ficava no teto, mas por causa de umas fatalidades que usavam máscaras balinesas, inverti a ordem dos móveis, fechei o corpo e engoli a chave.
o simulador de pássados está ligado e ele parou estático, com a mesma concisão com que desejara outra vez não captar. agora gaiola. desta vez, com o bico, estraçalhei o controle remoto.
os note papes voavam pelo teto, a casa estava já pelos ares. eu chão ali laranja ainda coluna acostumada com o encaixe reto. peguei um papel no ar, me fiz apresentador de televisão e sorri para as meninas enérgicas que jovagam as cartas para cima. fiz uns origames decididos. não pairou. resolvi usar o saco de plástico que segurava a capa do cigarro. não pairou. talvez fosse melhor usar luvas. fino trato.
é que antes minha cama ficava no teto, mas por causa de umas fatalidades que usavam máscaras balinesas, inverti a ordem dos móveis, fechei o corpo e engoli a chave.
o simulador de pássados está ligado e ele parou estático, com a mesma concisão com que desejara outra vez não captar. agora gaiola. desta vez, com o bico, estraçalhei o controle remoto.
20.2.05
dos cantos
lady bird assobia baixo.
tico-tico-rei e joão-de-barro arregalam seus olhinhos de pássaro. canto quase não ouvia. ficaram cansados.
nos ninhos mais altos das árvores mais distantes aproximadamente 2 horas de pássado depois canários-da-terra armam seus topetes. arregalam seus olhinhos de pássado e acordam pra comer - agora, no tempo das minhocas.
lady bird assobia baixo.
tico-tico-rei e joão-de-barro arregalam seus olhinhos de pássaro. canto quase não ouvia. ficaram cansados.
nos ninhos mais altos das árvores mais distantes aproximadamente 2 horas de pássado depois canários-da-terra armam seus topetes. arregalam seus olhinhos de pássado e acordam pra comer - agora, no tempo das minhocas.
13.2.05
29.1.05
E enquanto viver
Também depois, na luz
Ou num vazio fundo
Perguntarei: até quando?
Até que se desfaçam
As cordas do sentir.
Nunca até quando.
Hilda Hilst (Alxerold, da proporção - Tu não te moves de ti)
um coçar de pêlos ali, onde se formavam as concisões. que depois que atirar a fora, é dito. forma-pilares e construções posteriores. que por ela já me fiz curvado os domingos todos. dedicação. em lugares que jamais (palavra como cone para ambulância) uma senhora num carro que passasse ao lado, ali olhando futuro exposto talvez, um cigarro na mão e ventos fumantes. ali depois talvez depois caída no banheiro sozinha depois a ambulância cretina me levando sem ar e cigarros. por um instante de sinal vermelho ou cruz, por todos os domingos perdidos. de nada nem nunca se desfizeram.
tinha mais três filhos espalhados em lugares úmidos e de chuva. continuava no pico do sem-vento e raspava o cabelo de sete em sete dias - sacrifício.
Também depois, na luz
Ou num vazio fundo
Perguntarei: até quando?
Até que se desfaçam
As cordas do sentir.
Nunca até quando.
Hilda Hilst (Alxerold, da proporção - Tu não te moves de ti)
um coçar de pêlos ali, onde se formavam as concisões. que depois que atirar a fora, é dito. forma-pilares e construções posteriores. que por ela já me fiz curvado os domingos todos. dedicação. em lugares que jamais (palavra como cone para ambulância) uma senhora num carro que passasse ao lado, ali olhando futuro exposto talvez, um cigarro na mão e ventos fumantes. ali depois talvez depois caída no banheiro sozinha depois a ambulância cretina me levando sem ar e cigarros. por um instante de sinal vermelho ou cruz, por todos os domingos perdidos. de nada nem nunca se desfizeram.
tinha mais três filhos espalhados em lugares úmidos e de chuva. continuava no pico do sem-vento e raspava o cabelo de sete em sete dias - sacrifício.
20.1.05
dos Duros
Antes passasse as férias num apartamento de retalhos. que deitasse em minha cama sem olhar para ? a colcha. Emendas enquanto parte ocupante cama chão. decoração afiada. uma cortina de alfinetes. Desmonoramento de agulhas. os agrupamentos de aspereza e um tapete de nós ? tu pisas. Sapatos agulha, olhos demarcados pupila abaixo, cílios acima. um desenho desobediente me faz olhar duas vezes antes de olhar outra vez e partir para perto das afiadas, assim ascendo as mãos e ergo um brinde aos Ultrapassa-Couro.
Antes passasse as férias num apartamento de retalhos. que deitasse em minha cama sem olhar para ? a colcha. Emendas enquanto parte ocupante cama chão. decoração afiada. uma cortina de alfinetes. Desmonoramento de agulhas. os agrupamentos de aspereza e um tapete de nós ? tu pisas. Sapatos agulha, olhos demarcados pupila abaixo, cílios acima. um desenho desobediente me faz olhar duas vezes antes de olhar outra vez e partir para perto das afiadas, assim ascendo as mãos e ergo um brinde aos Ultrapassa-Couro.
9.1.05
guarde o nome ou não, iste é um escritor. e está mais perto que imaginas, srta Babosa.
DANÇA
por Danilo Frabetti
dhangover@hotmail.com
Imemorável seqüência de ocasiões propícias desembocando nesta letra que deságua seus rumores ante os olhos decifradores ruminando mais uma vez a gosma significativa que se apresenta cordialmente através do ? chega! Agora é a dança quem dita o movimento. Deito em seus braços (quebrados) esperando o passo em que ela, envolvendo braços em minha cintura, me deita para trás dobrando-me ao meio, fazendo-me relembrar que minha coluna estrutura ainda é flexível. Quase encosto minha cabeça ao solo. Os cabelos o tateiam lembrando antenas capazes de sentir o chão gelado. Ela me puxa outra vez para ir de encontro ao seu. A música acaba. O momento paralisa. Seus olhos borrados afastam-se, pouco a pouco, eu parado, no centro, com os braços estendidos, um esticado, o outro encolhido, sem entender porque pararam a dança assim como quem não dança há mais de anos e ainda consegue dobrar sua coluna por um único momento, talvez o último. Dona dança dote-dom dela. Uma donzela dogmática. Enigmática também. Diz que era assim, agente dança curto, passo fino, pra não enjoar. Fiquei pensando. Dança bem, mas dança curto e eu aqui, com o braço esticado A seqüência das ocasiões começam de novo seu ciclo. Logo chega o momento, momento da cintura. Toda noite espero este, mas aquele lembra que o outro é mais perto do que o curto. Momento apropriado. O salão ornamentado, vai ter música pois sem ela não tem dança. E muita gente também, todos atrás da dança, mas com eles nunca vi cintura assim. Sempre o de sempre, dois pra lá, dois pra cá, sabe como é. Pensei que, justamente por quase tocar o chão com minha cabeça, eu dançava bem. Mas o que importa, pra senhora dança, um bom dançarino? Mais que isso, ela diz, mais que isso! Quero música, som, rumor. Quero o barulho que você pode me fazer soltar. Mão na cintura, outra com cotovelo na barriga segurando com a mão o cigarro na boca. Vira as costas e, como quem não liga pra cintura, aceita o convite para uma dança me fitando os olhos, os dela borrados de novo, sorrisinho no canto do lábio. Cintura assim não tem, penso comigo. Mais tarde agente dança. Dirige-se ao bar, segura uma cerveja, senta no banco, olha pro salão, e ele está vazio.
DANÇA
por Danilo Frabetti
dhangover@hotmail.com
Imemorável seqüência de ocasiões propícias desembocando nesta letra que deságua seus rumores ante os olhos decifradores ruminando mais uma vez a gosma significativa que se apresenta cordialmente através do ? chega! Agora é a dança quem dita o movimento. Deito em seus braços (quebrados) esperando o passo em que ela, envolvendo braços em minha cintura, me deita para trás dobrando-me ao meio, fazendo-me relembrar que minha coluna estrutura ainda é flexível. Quase encosto minha cabeça ao solo. Os cabelos o tateiam lembrando antenas capazes de sentir o chão gelado. Ela me puxa outra vez para ir de encontro ao seu. A música acaba. O momento paralisa. Seus olhos borrados afastam-se, pouco a pouco, eu parado, no centro, com os braços estendidos, um esticado, o outro encolhido, sem entender porque pararam a dança assim como quem não dança há mais de anos e ainda consegue dobrar sua coluna por um único momento, talvez o último. Dona dança dote-dom dela. Uma donzela dogmática. Enigmática também. Diz que era assim, agente dança curto, passo fino, pra não enjoar. Fiquei pensando. Dança bem, mas dança curto e eu aqui, com o braço esticado A seqüência das ocasiões começam de novo seu ciclo. Logo chega o momento, momento da cintura. Toda noite espero este, mas aquele lembra que o outro é mais perto do que o curto. Momento apropriado. O salão ornamentado, vai ter música pois sem ela não tem dança. E muita gente também, todos atrás da dança, mas com eles nunca vi cintura assim. Sempre o de sempre, dois pra lá, dois pra cá, sabe como é. Pensei que, justamente por quase tocar o chão com minha cabeça, eu dançava bem. Mas o que importa, pra senhora dança, um bom dançarino? Mais que isso, ela diz, mais que isso! Quero música, som, rumor. Quero o barulho que você pode me fazer soltar. Mão na cintura, outra com cotovelo na barriga segurando com a mão o cigarro na boca. Vira as costas e, como quem não liga pra cintura, aceita o convite para uma dança me fitando os olhos, os dela borrados de novo, sorrisinho no canto do lábio. Cintura assim não tem, penso comigo. Mais tarde agente dança. Dirige-se ao bar, segura uma cerveja, senta no banco, olha pro salão, e ele está vazio.
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