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24.10.18

agora todos os dedos desta (querida) árvore

agora todos os dedos desta
(querida) árvore tem mãos, e todas as mãos alcançam pessoas, e cada pessoa em particular é (meu amor) mais vivo do que qualquer mundo possa conceber
e agora você sou o eu que sou agora
e nós somos
um mistério que nunca se repetirá,
um milagre que nunca antes
brilhará assim -
nascendo nosso agora que virá 
quando os dedos estão sem as mãos;
e eu não tenho você:
e todas as árvores são (não mais
cada folha que cai)
o silêncio que neva para sempre
e gracioso, meu florescer)
neste nosso então
é luminosa garra de divino desejo 
(pequena e brilhante imortalidade intenciono
para que estes meus desacreditados olhos 
se aventurem no lugar do nunca antes)
confirmações duvidosas: purezaintegridade imediata: mais precisamente emprestada 
do mais elevado sonho do silêncio 
que atravessa
o mistério carne

- lua nova! E assim (pelo milagre do declínio 
de sua doce inocência) dissipar
covardias do mundo
do mais elevado sonho do silêncio 
que atravessa
o mistério carne
e amanhecer abundantemente segredo

nosso então devir escuridão
- mas nunca tenha medo (meu único
é divina garra de desejo luminoso
matar também a guerra que me habita

*poem Now all the fingers of this tree (darling), de e. e. cummings, livremente revisitado por tamara e costa.

18.10.11

a poesia e todas as formas de arte foram e sempre serão uma questão de individualidade. Se a poesia fosse qualquer coisa - como deixar cair uma bomba atômica - que alguém fez, qualquer um que quisesse poderia se tornar merecidamente um poeta apenas por executar algo, independente do que esse algo venha a acarretar, ou não. Poesia é 'estar sendo', não fazendo. Se você deseja seguir, ainda que à distância, o chamado do fogo (aqui, como sempre, falo do meu pessoal e tendencioso ponto de vista), você tem que escapar do universo ordinário e se abrigar na casa - sem paredes - do ser. Sei que, onde quer que haja rastro de civilidade, não há qualquer recompensa ou punição por 'não estar sendo'. Mas se a poesia é definitivamente seu caminho, você deve esquecer tudo sobre punições e também tudo sobre recompensas e também tudo sobre obrigações e deveres e responsabilidades etcetera ad infinitum e lembrar somente de uma coisa: é você - e ninguém mais - que determina e decide qual será o seu destino. Ninguém vai viver sua vida por você; nem você estará vivo no lugar de alguém. Toms pode ser Dicks e Dicks pode ser Harrys, mas nenhum deles será você. Esta é a responsabilidade do artista, a mais terrível responsabilidade deste universo. Se você pode assumi-la, assuma - e seja. Se não puder, levante-se e vá cuidar dos negócios de outras pessoas, e executar (ou não) qualquer coisa que lhe pedirem, até o fim de suas forças.


este é um trecho do livro I: six nonlectures, de E. E. Cummings. Livremente traduzido por Srta T.