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24.2.10

Madame Felix Culpa

Aqui vos apresento: Madame Felix Culpa, ordinária asceta.

Um oferecimento de incorporações Juliet Jones e Srta T. LTDA.

26.11.09

Dos fogos

Tati Carabina e Lili Cabalero estão à espreita na porta da escola. Montim para defesa do espaço-educação. Escola Paroquial? Escola Classe, vestimenta - uniforme, entre outros decretos. Outras criaturas se unem ao grupo de táticas de guerrilha. Eles devem atacar na madrugada, pelo sótão abaixo do pátio. Estaremos lá - não esquecer de avisar Meriene e Josafá (a filha da puta e o ladrão de lapiseiras). Salto no vão e fico fronte ao elemento. The Gun Game. Atiradores de elite (Cabalero e Carabina) fazem seu trabalho. Bazuca explode crânio de elemento não-identificado. De volta ao pó. Festa nos corredores. Subimos pelas escadas com bonés-brinde. Josafá tenta me afagar na subida (me assopra o pescoço), me oferece uma preciosa lapiseira. - Calma, ainda estou explodida - visão anterior dos estilhaços - mamãe, era terrível.  Tudo que nos afastamos dos outros foi muito pouco. Os caminhos estão abertos. Festa no pátio. Preciso ir ao banheiro. Banheiro feminino engarrafado de homens mijando para fora e para dentro de todos os vasos possíveis. Banheiro transex também inundado. Banheiro masculino na mesma situação. Passo por entre uma corrente de mijo...

Ver também: universofantastico.wordpress.com

2.10.09

dos jogos

da recuperação do choro-primeiro,
de salva logo então,
eu-mínima, polegar
alavancando os braços
tão engraçadinhos pequenos
cheios de não deixe tudo tão sério e nem que o sério leve tudo
[não deixe que te levem os bebês]
- a regra do jogo consiste basicamente em
não olhar para trás.

então deitamo-nos,
todos no chão
- incumbidos da tarefa de esquecer
[acesso remoto: risadas são códigos, insisto]

instruções:
esquecer a voz da amada
lembranças são marcas
cicatrizes
conte até vinte
faça um pedido
depois mantrifique.

do outro lado:
a voz do comando no comando
dá boas vindas
à festa da caça.

[e quem olhasse
rente ou através
logo estaria fora]
os curiosos pagarão com os olhos
os resistentes com a entrega -
anexar em regras.

e depois
de desligadas luzes
cinema de graça
[continuar olhando para frente]
- tá, pode piscar
[piscar pode ser entrega
ou
engolir a saliva]

as luzes se acenderão
e ouviremos música
sem resistir
ou perguntar
[aquele cílio colado no polegar]

mantenedor de fascínios
em serena expectativa
vemos as chaves se dissiparem
como palavras escritas a mão
no ar.


"Agora que estou sem Deus posso me coçar com mais tranqüilidade”.

Hilda Hilst, in Qadós

13.7.09

Eles invadiram a festa. As crianças, mandaram pro quarto do segundo andar. Os homens, não sei. Foram levados. As mulheres, deixaram rodopiando pela varanda. Um deles era mulher. Dizia ter um grande plano enquanto balançava as receitas azuis. Deve ser isso, o lance de ter um plano - um sequestro, um roubo, uma tradução, uma casa ou outra cidade. Mesmo sabendo que depois tudo voltaria a seu lugar. Os lençóis marrons, as fotografias, os livros empilhados, a tv e os sinais. Até mesmo os cartões e os penteados. Partiram, deixando tudo como estava.

* Eles invadem. E você nem vê. Quando vê, já estão dentro.

17.7.05

o último tango,
a linha tênue.

o cordão elástico,
o espamo.

o espaço ocupado,
o delize.

os mortos transportados - à nado
pelo brando da morte seca.

amoras de papel então,
rasgo.



vertigem é escapável?

21.4.05

TEIA

para aranhas e pára-quedas


Quarto marrom. Não há janelas. A criança menina chora muito. Há um cubo de seis faces coloridas. As faces estão desmontadas. Um palhaço duble face gargalha. A menina chora. Relações matemáticas - raciocínio - palhaçada - pureza - cinismo - resolução - brincadeira. Até hoje.

*********

Mar não é piscina. Enlatados tiram a ferrugem das laterais. Traição à vista meu bem, macacos à nado vão invadir suas casas, sua cidade, seu sossego, seu canto, seu gosto, vai acabar a festa. A brincadeira se confunde. As crianças não estão acuadas. Pulam corda, correm, cirandas por toda parte. Meninas de saia sobem nas árvores, articulam seus membros sobrevivos. Macacos me mordam, te mordam, você que não sabe mais correr, seus carros estão sem combustível, nada move, tu cai duro no chão sem afundar. Alguns dos enlatados são sugados outros integram sabe-se lá, macacos não tem filosofia.

****

Hipopótamos puxam cordões elásticos. Puxa nós que vamos ao parque brincar. Tocaia! as cordas se rompem. Hipopótamos em vôo devastam a platéia. Todos vão correr. E nossos laços vão nos levar à mesma direção minha dulce. Cabelos de mudas viram árvores arbustas fazendo fios, não sei como. Reproduzem-se e morrem.

*

No supermercado. Tiro dois sucos de limão da prateleira e também biscoitos de sal. Ele. É alto e esguio. Cabelos longos. Pele clara. Me pergunta algo. Respondo, mas estou prestando atenção neste suco. Por quê melão? Minha mochila está no carrinho de pegar e dá pra enfiar uns chocolates nela ou latas de refrigerante. O cobrador tem cara de queijo. Enfio mais biscoitos. Estes são para ela, que está com fome mas não tem dinheiro. Tenho uma mochila, digo. Ela balança a cabeça, franze a testa e diz que prefere ficar com fome. Eu, não.

****

música do jerffeson airplane. Estou bêbada e não consigo subir a ladeira. Paramos, eu e ela, numa pequena vila de casas coloridas. Sai um cara de lá. Ele está descabelado e sozinho e canta uma música que conheço mas não consigo lembrar. Não era a do jefferson, logo sei. Ele parece estar muito sozinho, não só pelo fato de não ter ninguém ao lado, está sozinho de fato. Falo alto que quero passar a noite andando pela cidade. Sinto que ele também quer. Na frente tem uma escada. Não quero descer por ela. Alço um vôo, que percorre três árvores seguidas. Eles riem. E ele vem comigo.

*******

Estou sentada debaixo da árvore lendo um caderno. Bandas fazem música lá embaixo. Estou na metade do morro, em declive. O ar está respirável, e até bastante. A esperança, essa paca gorda, ainda me comove. Aproximam-se ao longe, vindas da ópera de arame, duas senhoras. Uma delas me chama para ler uma revista na casa da Alanis Morissette. A cada dela é no alto de morro, entre o palco e o céu e logo de cara me comovo com a escada interiorana que dá na sacada ou dentro da casa. Quero dentro. Entro. A casa está revirada. Muitos papéis no chão. Passo os olhos devagar. As duas senhoras param na varanda, perto da escada. Fixo os olhos na revista que está em cima da mesa, em destaque. Ela está na capa. Está muito bonita. Olho para ela ao lado da revista. Seu rosto está franzido e suas roupas estão folgadas. O rosto da revista tem uma boca estirada simulando o infinito horizontal; a boca é rosa e brilha. Sua boca parece estar a muito fechada, tende mais à vertical por causa do bico. Uma senhora cansada se aproxima. Sua mãe, penso, mas também duvido. O que me interessa é essa fronteira. O ar pesa.

12.11.02

Raspando os dentes na escada e colocando mais peso na balança
Foi o medo que fez a coisa mais terrível que poderia acontecer hoje. Comecei a ralar com os dentes na escada, chorando desesperada, inexcrupulosa e ainda por cima desdentada. Não há passagem para o homem formado, não há abertura pra nada. Afinal parece tão fácil chegar ao ponto, mas se perder o vôo já era. Eu perdi e esta mulher chegou com muito medo porque sua mãe disse alguma coisa que significou - ninguém se importa com você. Sensação de inexistência. Que horrível, que fim. Então construi uma solidão dentro de uma caixa impenetrável, e é assim que todos os filhos desfazem-se dos umbigos - a ponta pés. Me senti estupidamente sozinha e sem ninguém após as palavras forras de minha mãe. Porque eu saí de casa por causa de alguém, ou por causa de mim? Várias tentativas e muito medo, afinal quando senti a solidão comecei a raspar os dentes na escada e fiquei banguela, e não morri - apenas chorei.




terrvívi. não quero.