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19.6.18

deixa no


Não deixe pessoas de seu
Sustentáculo,
Meninas não,
Senhoras não,
Meninos não,
Senhores não,
Nada no intermédio
Nenhum desses,
Não deixe pessoas de seu
Sustentáculo.

Ao invés,
Sustente acima da areia,
sobre aterros,
Erga-se em piscinas,
Acima de cemitérios,
até sobre a água,
Mas não coloque nada sobre pessoas.

Elas são uma aposta ruim,
a pior que você pode fazer.

Alce também algo
em qualquer outro lugar,
qualquer lugar,
mas em cima de pessoas,
sem cabeça, sem coração
multidões de gentes que
esfuracam os
séculos,
os dias,
as noites,
as vilas, as cidades, as
nações
a Terra,
a estratosfera,
esfoladas todas as chances
aqui,
totalmente destroçadas
até
então
agora
e amanhã.

Qualquer coisa,
exceto pessoas,
é um motivo que vale a pena
ir em busca de.


Qualquer coisa.

*poem Let Not, de Charles Bukowski, aqui livremente traduzido/revisitado por tamara e costa.

13.2.14

notificação (Charles Bukowski)


cidadãos do mundo
eu renuncio a vocês.

eu renunciei
há muito tempo.
mas isto é uma notificação
formal
eu contra
vocês
uma ordem de
restrição.

fodam-se
ressequem
desapareçam.

não venham até
minha porta
com pizza
bucetas
ou ofertas de
paz.

é tarde demais.

a música
congelou no
ar
castrada pela
ausência de sua
presença.


via Bukowski Poemas

1.2.12

The laughing heart



O coração alegre
(Charles Bukowski)

seu corpo é seu corpo
não o deixe ser consumido pela obediência maldita

esteja atento
existem saídas
existe luz em qualquer lugar
pode não ser muita luz
mas ela é capaz de vencer a escuridão

esteja atento
os deuses chegam com novas perspectivas
saiba reconhecê-las
e percorrê-las
você pode não vencer a morte
mas às vezes pode superá-la em vida
e quanto mais aprender a fazer isso
mais luz há de surgir

seu corpo é seu corpo
reconheça equanto você o tem
você é maravilhoso
os deuses esperam pelo que há de suave e demorado
em você.

*poema despretenciosamente traduzido e levemente adaptado por Srta T.

ver também: Cabaret Stravaganza, d'Os Satyros

10.10.11

o jeito que isso é

o inferno está lotado ainda

você sempre pensa que você está
sozinho.

e você nunca pode dizer
a ninguém que
você está no inferno
ou eles vão pensar
que você está
louco.

mas ser louco é
estar no inferno
e ser sensato
também.

aqueles que escapam do inferno
nunca falam sobre
isso
e nada mais
incomoda eles
depois
disso.
Quero dizer, coisas como
falta de uma refeição,
ir para a cadeia,
bater seu carro
ou
mesmo
morrer.

quando você perguntar-lhes,
"como as coisas estão
indo? "
eles vão responder: "bem,
muito bem ... "

uma vez que você foi para o inferno
e voltou
é o bastante, é a
mais silenciosa celebração
conhecida.

uma vez que você foi para o inferno
e voltou,
você não olha para trás
quando o chão
range.
o sol está no alto a
meia-noite

e coisas como
os olhos de ratos
ou um velho pneu
em um terreno baldio
pode torná-lo
feliz.

uma vez que você foi para o inferno
e voltou.


via Bukowski Poemas

10.8.09

pense sobre isso

pense sobre isso, como os parceiros
Kierkegaard e Sartre
que encontraram a existência
absurda,
como quem lutou contra
a ansiedade e a angústia
a insignificância,
a náusea,
e a morte que os rondava
- como a espada de Damocles -
ao passo que existem os homens de
agora
vazios de preocupações
onde o primeiro pensamento do
dia é
o que teremos para ao almoço?

garantido isso, pode ser que seja mais
confortável
para viver, dizer, como uma mosca morta, uma
formiga, ou um homem de poder,
e como um ser humano,
apenas pensar,
como um ser humano
que vive
condicionalmente,
como fazem milhões
sempre por aí.
claro que o inferno são os outros
e suas podridões, seus lixos,
sempre serão afastados
como isso,
ou aquilo.

a garagem automática
avança em sua direção
com olhos
de um morto qualquer.


* Retirado do livro Betting on the muse (poems & stories), de Charles Bukowski - Black Sparrow Press, 1997. Original em inglês traduzido (livremente) por Tamara Costa.