Seleção de poemas e desenhos [Pontos de partida] para Floriano Martins, publicada neste mês na Revista InComunidade.
www.incomunidade.com
Mostrando postagens com marcador escritura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador escritura. Mostrar todas as postagens
26.6.15
18.6.15
MARIA SABINA
[...] eu sou a
mulher das letras, diz
eu sou um
livro mulher, diz
ninguém
consegue fechar meu livro, diz
ninguém pode
tirar de mim meu livro, diz
meu livro
encontrado debaixo d’água, diz
meu livro de
orações
Velada da madrugada - fragmentos - tradução de Reuben da Rocha. Via Gratuita Vol 2 - Atlas.
10.12.14
cavalo dado
por tamara e costa
Tô vendo esse homem na minha frente em vários homens
este homem é um colega ao lado que diz que choro involuntário é falso, oh mulher
este homem são todos os outros que não te respeitaram
sinceramente, este é o homem que não leu nada e já sabe tudo
este homem são todos que acham que mulher não pode pensar ou filosofar que tem dificuldades de raciocínio; que são incapazes de controlar o choro este homem poderia ser meu avô ou o seu poderia ser você?
este homem é o mesmo que confunde relato com história e história com benefício
direitos humanos com polícia
machismo com liberdade de expressão
religião com paranoia
amor e feminicídio
este homem poderia ser meu irmão ou o seu
naquele dia você pediu pra que ele lavasse a louça e ele disse que você, você, oh mulher, que o devia este homem é uma mulher que se autoinvalida
este homem te invalida
este homem está muito irritado com a sua independência financeira, com o fato de você sair de casa todos os dias
este homem se diz algo que não é
este homem é um molde crucifixo
este homem ri quando você diz que quer conversar e é sério
este homem desvelou seu mistério roubou sua alma, violou seu espaço
este homem matou a pura menina que gozava entre espaços privados e amigos, conhecidos e desconhecidos, parentes, padres, presidentes este homem tem horror à fantasia
este homem prefere geladeiras, opta pelo bolo ou só pela comida
este homem te trancou no porão e jogou a chave na jaula dos tigres famintos
este homem nasceu do teu ventre, oh mulher
este homem te deixa sozinha.
last memorie: Das cavalidades
Tô vendo esse homem na minha frente em vários homens
este homem é um colega ao lado que diz que choro involuntário é falso, oh mulher
este homem são todos os outros que não te respeitaram
sinceramente, este é o homem que não leu nada e já sabe tudo
este homem são todos que acham que mulher não pode pensar ou filosofar que tem dificuldades de raciocínio; que são incapazes de controlar o choro este homem poderia ser meu avô ou o seu poderia ser você?
este homem é o mesmo que confunde relato com história e história com benefício
direitos humanos com polícia
machismo com liberdade de expressão
religião com paranoia
amor e feminicídio
este homem poderia ser meu irmão ou o seu
naquele dia você pediu pra que ele lavasse a louça e ele disse que você, você, oh mulher, que o devia este homem é uma mulher que se autoinvalida
este homem te invalida
este homem está muito irritado com a sua independência financeira, com o fato de você sair de casa todos os dias
este homem se diz algo que não é
este homem é um molde crucifixo
este homem ri quando você diz que quer conversar e é sério
este homem desvelou seu mistério roubou sua alma, violou seu espaço
este homem matou a pura menina que gozava entre espaços privados e amigos, conhecidos e desconhecidos, parentes, padres, presidentes este homem tem horror à fantasia
este homem prefere geladeiras, opta pelo bolo ou só pela comida
este homem te trancou no porão e jogou a chave na jaula dos tigres famintos
este homem nasceu do teu ventre, oh mulher
este homem te deixa sozinha.
last memorie: Das cavalidades
1.3.12
Corpo sombrio: o sentido da escritura
Entreguei minha alma ao gavião espírito
depois de três meses ou séculos
já não me lembro mais:
me bicava o cérebro e
os desenhos e diálogos eram incessantes -
eram mais.
Cantei novamente um corpo sombrio. O sentido da escritura é a repetição:
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
trecho do poema No caminho com Maiakóvski,de Eduardo Alves da Costa.
Escrito na década de 60 e marcado por um claro sentimento de revolta, o poema "No caminho com Maiakóvski", do poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, se transformou em um hino contra a violência e intolerância da ditadura militar no Brasil.
Por tanto repetido, os créditos ainda são confundidos. O trecho [em negrito] não raro é atribuído ao poeta russo Vladmir Maiakóvski. Para outros, o verdadeiro autor era do alemão Bertold Brecht. "O trecho costumava, durante os anos de chumbo, acompanhar cartazes de rua, ilustrações de revistas, faixas de passeatas, quase sempre associado ao poeta russo ou ao dramaturgo alemão", segundo elucidação do professor Adílson Citelli (ECA/USP).
da face significada
"O conceito de escritura excede e compreende de linguagem para uma definição que inclui a de linguagem e da escritura. Já há algum tempo diz-se linguagem por ação, movimento, pensamento, reflexão, consciência, inconsciente, experiência, afetividade etc. Há, agora, a tendência a designar por escritura tudo isso e mais alguma coisa: não apenas os gestos da inscrição literal, pictográfica ou ideográfica, mas também a totalidade do que a possibilita; e a seguir, além da face significante, até mesmo a face significada", Jacques Derrida (adaptado), Gramatologia, 1973.
do poema agora
Cântico autônomo e atemporal.
O que foi escrito às custas do sangue das últimas encarnações não deve ser esquecido - jamais.
Escrever então não seria senão;e repetir re-incorporar sem perder a significação.
O diálogo poético é surpreendente, imortal, excêntrica e valiosa ferramenta para o retorno do maravilhoso.
Que poeta visite espontaneamente visite seus mortos e através de sua leitura e mãos exercite intertextualidade sobre todo o corpus poético antes visitado.
ver também:
Sermão em tempos nazistas de Martin Niemöller, pastor luterano alemão (1933)
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar." Trecho traduzido retirado do artigo [Sobre o poema "No Caminho com Maiakóvski", Jornal de Poesia]
Animação Rodrigo Jolee:
depois de três meses ou séculos
já não me lembro mais:
me bicava o cérebro e
os desenhos e diálogos eram incessantes -
eram mais.
Cantei novamente um corpo sombrio. O sentido da escritura é a repetição:
Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
trecho do poema No caminho com Maiakóvski,de Eduardo Alves da Costa.
Escrito na década de 60 e marcado por um claro sentimento de revolta, o poema "No caminho com Maiakóvski", do poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, se transformou em um hino contra a violência e intolerância da ditadura militar no Brasil.
Por tanto repetido, os créditos ainda são confundidos. O trecho [em negrito] não raro é atribuído ao poeta russo Vladmir Maiakóvski. Para outros, o verdadeiro autor era do alemão Bertold Brecht. "O trecho costumava, durante os anos de chumbo, acompanhar cartazes de rua, ilustrações de revistas, faixas de passeatas, quase sempre associado ao poeta russo ou ao dramaturgo alemão", segundo elucidação do professor Adílson Citelli (ECA/USP).
da face significada
"O conceito de escritura excede e compreende de linguagem para uma definição que inclui a de linguagem e da escritura. Já há algum tempo diz-se linguagem por ação, movimento, pensamento, reflexão, consciência, inconsciente, experiência, afetividade etc. Há, agora, a tendência a designar por escritura tudo isso e mais alguma coisa: não apenas os gestos da inscrição literal, pictográfica ou ideográfica, mas também a totalidade do que a possibilita; e a seguir, além da face significante, até mesmo a face significada", Jacques Derrida (adaptado), Gramatologia, 1973.
do poema agora
Cântico autônomo e atemporal.
O que foi escrito às custas do sangue das últimas encarnações não deve ser esquecido - jamais.
Escrever então não seria senão;e repetir re-incorporar sem perder a significação.
O diálogo poético é surpreendente, imortal, excêntrica e valiosa ferramenta para o retorno do maravilhoso.
Que poeta visite espontaneamente visite seus mortos e através de sua leitura e mãos exercite intertextualidade sobre todo o corpus poético antes visitado.
ver também:
Sermão em tempos nazistas de Martin Niemöller, pastor luterano alemão (1933)
"Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar." Trecho traduzido retirado do artigo [Sobre o poema "No Caminho com Maiakóvski", Jornal de Poesia]
Animação Rodrigo Jolee:
Assinar:
Postagens (Atom)