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9.5.19

Arquivo morto 1 - quem soy jo?

"Tenho problemas com o rosto humano. Acho muito difícil olhar para ele. Encontro a soma total da vida de cada pessoa escrita nele e é uma visão terrível. Quando se vêem milhares de rostos em um só dia, é cansativo dos pés a cabeça. E por todas as entranhas. É por isso que eu admiro os bilheteiros do hipódromo. A maioria é bem legal. Acho que anos que passaram lidando com a humanidade lhes deram uma certa visão. Por exemplo, sabem que a maior parte da raça humana é uma grande merda. Eu poderia ficar em casa. Poderia trancar a porta e brincar com tintas ou qualquer coisa assim. Mas, de toda forma, tenho que sair, e ter a certeza que toda humanidade é uma grande merda. Como se fosse mudar..." (Charles Bukowski)












18.11.05

"O que isso quer dizer?
Quer dizer que o Mundo está no seu fim, que todas as formas de Vida estão mortas e que a única saída é a abolição das formas que tímnhamos sonhado encontrar o Repouso. Isso quer dizer que nosso Espírito está diante de uma exigência absoluta, que ele deve cumprir de forma absoluta essa exigência, para que enfim o Repouso possa começar. Quer dizer que o Fogo vai matar, porque ele saiu agora do Invisível e o fogo invisível só saiu do Visível, para matar as formas em que a Vida se perdeu.

Nós nos enganamos absolutamente, enganamo-nos sobre tudo. Nada vi que não tenha se alterado e por isso renunciei a tudo para reencontrar minha luz natal e para que minha Vida possa ressucitar."


Carta de Antonin Artaud a André Breton - de julho de 1937.

11.6.05





...
mas há uma coisa
que é algo,
uma coisa
que é algo
e que sinto
por ela querer
SAIR:
a presença
da minha dor
do corpo,
a presença
ameaçadora
infatigável
do meu corpo;
e ainda que me pressionem com perguntas
e por mais que eu me esquive a elas
há um ponto
em que me vejo forçado
a dizer não,
NÃO
à negação;
e chego a esse ponto
quando me pressionam,
e me apertam
e me manipulam
até sair de mim
o alimento
e seu leite,
e então o que fica?
Fico eu sufocado;

e não sei que ação é essa
mas ao me pressionarem com perguntas
até a ausência
e a anulação
da pergunta
eles me pressionam
até sufocarem em mim
a idéia de um corpo
e de ser um corpo,
e foi então que senti o obsceno
e que
soltei um peido
de saturação
e de excesso
e de revolta
pela minha sufocação.
É que me pressionavam
ao meu corpo
e contra meu corpo
e foi então
que eu fiz tudo explodir
porque no meu corpo
não se toca nunca.

(Escritos de Antonin Artaud, trad. Cláudio Willer)