31.1.02

MONÓLOGO

Minha doce obsessão, estou me livrando de ti! Havia muito tempo perdido em você e isso significa que, na verdade, já tenho vontade de te esquecer. Tudo que eu dizia em voz alta poderia ter dito para mim mesma.
Aquilo era um mundo só meu, não nosso.
Já gastei todo o meu dicionário pseudoamoroso e finaram-se as palavras referidas a você.
O desgaste excessivo mata os sentidos.

:::posted by Tamara Costa
Relações relativas

Aconteceu enquanto ela espremia um cravo no nariz. Em todos tipos relacionamentos existem algumas banalidades que tendem promover separação entre as pessoas, outras que tendem a aproximá-las (de si mesmas). Mas tudo é relativo...

" O que aconteceria se ele/ ela morresse? "

Parou imediatamente! Não queria que seu rosto ficasse marcado novamente por mais uma de suas efêmeras unhas. Tinha o costume de passar o tempo remoendo e roendo as unhas das coisas ditas enquanto se espremia. Rosto, sovaco, virilha, tornozelo, barriga, seios - passeio por todos os orifícios. Seus melhores pensamentos vinham enquanto ela apertava sua pele e cautelosamente sentia o ácaro saindo de seus poros. Assim como quando comia chocolate, apertava devagarinho, para não perder nenhuma brecha da prazerosa descarga de endorfina - o hormônio que alivia as dores, naturalmente. Infelizmente, as endorfinas não trabalham por muito tempo. Ela já havia perdido muito tempo e a morte viria - solução?

Livrar-se dos cravos de forma despretensiosa seria a saída mais eficiente encontrada para seu estado de inquietação perante a rotina maldita . Ausência de motivos. O encarar-se com o espelho, em certos casos, é um exercício vicioso de dor e angústia.

Fantasia de morte.

O espelho refletia seus defeitos, detalhadamente. Sua imagem sedentária envelhecia aos poucos. Percebia. O espelho; o olhar para si mesma. O espelho; o cravo. O espelho; a rotina. O espelho; as unhas pretas. Um branco de pensamentos amarrados, amarelo envelhecidos. Na maioria, essas fantasias são compensadas por uma dolorosa trepada com seus devaneios. A questão é que era realmente necessário conhecer algo diferente antes que...

" O que aconteceria se eu a/o matasse?"

Sujas e inúteis amarras. Passaria alguns anos encarcerada - por um momento isso não lhe pareceu tão ruim assim. Como resultado premeditado, pensou no aumento de alguns prováveis cigarros que fumaria na vida. O corpo entre quatro paredes aprisionadas, acompanhada tão somente de pensamentos atolados num mar de poeira cinza; infinita. Obviamente, pensou na sensação de sentir-se só em meio a muita gente que se sente só - a solidão coletiva é das piores. Até aqui valeria a pena matar. Seria diferente e até provável que o fizesse, se não tivesse tanta pena de gente. Tinha pena de tanta coisa (dos bichinhos do zoológico, da fome, da viuvez de sua mãe, da velhice surda de seu avô) menos de si mesma. Nada de piedades. Nunca foi dessas que se queixam às dores das penas vida. Gostava das dores, que além de doerem, lhe traziam deliciosas e inquietantes perguntas sem respostas. Sentia tudo e se sentia mais viva.

É importante que as pessoas estejam dispostas a discutir questões idiotas a tempo, antes que elas se transformem em Gigantes-Monstros-do-Pensamento.

Uma simples sentença pôde mudar a direção do seu pensamento, ou, de sua vida. Quem foi que disse isso? Nunca importa por quem foi dito, mas sim, o que foi absorvido pelos sentidos - sentido. As palavras voavam perdidas em seu pensamento horas e dias depois das conversas que tinha com as mais diferentes espécies de gente parecida. Seguia levando a sério muitas sentenças que ouvia. A palavra sentia dor, se fazendo ferir.

"(...) Nos caminhos, em noites de inverno, sem pouso, sem roupa, sem comida, uma voz me estreitava o coração gelado: 'Fraqueza ou força: aí estás, é força. Não sabes aonde vais nem por que vais, mas entra em toda parte, aberto a tudo. Não te matarão mais do que já fosses cadáver.' Pela manhã meu olhar era tão vago e minha aparência tão morta, que as pessoas que encontrei talvez nem me tenham visto." Arthur Rimbaud - Uma estadia no inferno.

Indiferença e influência. Deu um tiro em sua mão direita. Seria sempre necessário que uma deficiência, indiferença ou influência lhe mostrasse que podes ir além do previsto? Nenhuma dor é insuportável, então, suportou a dor de sobreviver. Sem respostas, duas mãos; duas mãos ela tinha e só usava uma, uma mão agora. E a pergunta? Aos poucos e todo dia, ela percebia que outras questões apareciam em forma de palavras soltas. Fraqueza, força, dores, toda parte, conteúdo, tudo. É inútil usar o pensamento quando aparecem perguntas que transcendem a distinção entre opostos.

A imaginação goza.

Sentia um vazio diferente que devia ser dor ou decepção ou indiferença ou solidão ou cansaço ou mutação ou nada ou palavra ou visão ou pensamento ou tudo ou espelho ou absurdo ou cravo ou morte ou prisão ou crise ou separação ou sonho ou susto ou idiotice ou impossível ou limitação ou hormônio ou unha ou dúvida ou culpa ou frio ou impulso ou verme ou suor ou respiração ou Rimbaud ou silêncio ou furo ou pessimismo ou bizarrice ou cleptomania ou pêlo ou nojo ou percepção ou crença ou velhice ou espaço ou tesão ou felicidade ou drama ou viagem ou confusão ou razão ou outra dimensão ou acaso ou infortúnio ou egoísmo ou remorso ou idiotice ou palavra ou coisa ou acaso ou óbvio ou buraco ou mão...

Tamara Costa


:::posted by Tamara Costa

23.1.02

Águas azuis

Declaro agora todo meu choro contido. Lágrimas azuis de blues. Gritos e súplicas roucas - amo e isso é bom e ruim e começa e acaba e vive e morre e tudo é blues sem hora marcada, sem dia previsto. Doendo, sonhando, rindo. Encontro com o café marcado. Minhas palavras escorrem pelo teclado como descobertas infantis - eu chorei quando li. É tudo, é o mundo explodindo, as cartas indo, o telefone tocando, eu gritando, imaginando, você chegando, eu ouvindo somente e só um pequeno blues da manhã, à noite. Ouço vozes negras. Efeito de alguma embriaguez tão sóbria quanto minha mão trêmula, não bebi agora. Não sei cantar isso que eu chamo "or, oh" e estou aprendendo, ouvindo, sentindo, a música saindo lentamente dos meus lábios azuis. Estou aprendendo a dizer que amo - eu tinha defesas contra isso de dizer premeditando alguma resposta recíproca.

As águas inertes sem rumo, mas indo, como ondas em perfeita harmonia; disritmicamente ritmadas - blues. Inesperado como o mar eu sinto uma onda vindo, a água azul salgada escorrendo pela gola da minha camisola amarela - cor de foto antiga, cor de palavra não dita. Estava num recital de poesia com hora marcada, minha cabeça pesada, pensando em onde estaria tua palavra. O teatro sendo demolido, os protestos, eu no meio sem saber por que eu gritava, mas ainda com forças eu gritava por algum motivo - não queria que alguma coisa idiota acabasse impedindo o espetáculo da poesia rouca.

O que a vida nos aprontava? O que o teatro significava? Máscaras , eu sei que preciso de alguma que disfarce o que sinto, porque não quero explicar nem dizer a ninguém o que estou...

Decidi enfrentar minha cara no espelho. Atendi o telefone olhando pro espelho. Vi meu rosto decomposto, criando uma imagem azul, cheirando a blues velho - amarelo. Desligou, as luzes se apagaram. Ouvimos o silêncio:

" A fúria da força no chão oco, silêncio..." silêncio - poesia.

O ator se manifestando contra o manifesto por pressão. Aquilo era simplesmente pela simbólica demolição da história de uma vida que ali havia acontecido? Devemos estar sempre atentos, alertas, antes que sejamos sucumbidos por uma imagem otária de poesia barata, vendida. O palco estava arruinado, o ator cansado, as pessoas pisando nos cacos de parede; pisando com vontade na velha história mentirosa e construindo uma nova - sem fashes fotografando, pisavam no esquecido passado maldito. Quero foder com a história de verdades vagas e vazias! Quero trepar com a poesia esquecida...

Enquanto isso a vida tratava de marcar nossos desencontros, e isso bastava para que eu não conseguisse mais escrever na terceira pessoa do singular. Nós estou sozinha com tua palavra na sala de estar - sozinha ouvindo blues. Na ponta da língua o gosto de cigarro. As papilas contraídas, as pupilas dilatadas, a televisão desligada, a imagem desgastada, o espelho da mesmice, a sala cretina e a voz que não falava - ouvia.

Diga que tudo está bem e vou chorar durante dois dias. Vou doer enquanto você vem chegando aos poucos.
Cada parte vindo inteira, com tudo em cada detalhe.
O mundo se matando com competições violentas.
Tudo espelho, tudo se refletindo.
Nada mais me preocupava, minha imagem se desmaterializada no espelho côncavo.
A madrugada adentrando nosso mundo de feridas sem motivos conexos.
Dor de alívio.

Antes que eu insista em dizer mais uma palavra tola, coloque teu dedo indicador dentro da minha boca e retire isso que eu nem queria dizer. Quero esquecer o ponto, perder a hora, ir embora e continuar coincidindo em cada estrofe o que sinto. O telefone não toca mais. Tudo está tão calmo agora. O blues está ficando baixinho, e está dando pra ouvir a última súplica se esvaindo.

Tamara Costa


:::posted by Tamara Costa

22.1.02

UNIÃO SEXUAL

"... frequentemente esses sonhos representam a tendência de alguma parte de nós que deseja unir-se com a nossa personalidade consciente..." John A. Sanford




:::posted by Tamara Costa

17.1.02

Como agora estou encarando meus sonhos com outra cara, estou pasma com isso...

Eu estava numa casa de um amigo do meu pai (diga-se de passagem, ele já faleceu). Uma espécie de festa de duas famílias, tinha muita comida... muita...muita...muita mesmo... Várias galinhas (assada, cozida, ao molho, com farrinha) foram colocadas na escada da casa. A gente ia descendo e olhando as cabidelas expostas. Eu me perguntava - quem vai comer isso tudo? Afinal, somos apenas duas famílias, que no total somam oito pessoas.
bom... desconexão, outro sonho entrou no meio (bicão insconsciente)
Um disco voador ficou sobrevoando a casa do meu tio (eu estava lá em outra bendita festa de família). Estou sonhando muito com festas parentais, e isso deve ser um flash back ou um trauma do natal. Peguei meu sobrinho no colo (é meu fi, tá pensando o quê? sou madrinha, e já tenho sobrinho pra criar). Ficamos olhando a exibição do disco voador e era psicodelíssimo. Muitas luzes coloridas nos hipnotizando. Até que o disco desceu... e dele saiu um cara que eu vi a dois dias atrás no ônibus, quando eu voltava do cine brasília (Os incompreendidos- do Truffaut) O cara era bem estranho e grande, no ônibus tive medo dele ser um tarado e descer na mesma parada que eu. No sonho foi parecido, fiquei com tanto medo que sai correndo com meu sobrinho debaixo do sovaco.

Bom, voltando...

Agora eu estava no meu quarto, e quem estava ali? Ah não, como é difícil isso pra mim. Meu pai - lindo, voluptuoso, emanando ares sexuais.
Trepei com meu pai! - tudo pode acontecer...
O mais interesante nessa história, é que ele tinha um pau que parecia (e era mesmo) uma cobra. Ia ficando fino na ponta e era assustadoramente grande. Até então eu estava certa de que, aquele ser que se prostrava sobre meu ventre era meu Pai. Mas não! Quando olhei no rosto dele vi que era outro.... pai desculpe, mas eu preferi que fosse assim...
Paulinho Moska!!!!! Ahahahahahhaha
Ana vai morrer de ciúmes quando eu contar. Eu trepei com Paulinho Moska! consegui! eu disse que isso ia acabar acontecendo.

Não sei que espécie de bizarrice tem na minha cabeça, mas ando com esses sonhos "pop star" desde o ano passado.
Tudo começou com Zé Ramalho, ah! foi estranho. Eu apenas dormi com ele na mesma cama, e não rolou nada demais.Era um carinho fraternal que eu recebia do Zé.
Acabo de me lembrar um sonho de infância: trepei com o frajola no banheiro (esse, de fato, foi o primeiro sonho bizarro que eu lembro) Ele tinha o pau de pelúcia!
Bom, depois sonhei com a Cássia Eller , e isso não é puxa saquismo porque ela morreu. Sonhei mesmo, e tinha um caso de paixão com ela. Estávamos viajando juntas e íamos conhecer o mundo... de ônibus e carona. Assim foi...
Sonho cabeludo: Tony Ramos. Arhgh! eu trepava com Tony Ramos - eu acho ele ridículo (a grobo exagera nas potencialidades). Trepava e me surpreendia, porque ele sabia muito bem onde colocar as mãos. Quantas mãos ele tinha? Foi muito bom (a trepada) mas ainda assim, em sonho ou em vida, preferiria que fosse com outro cara.
Sonhei com o Didi tb... Acreditem! O Didi dos trapalhões. No sonho ele me beijava. O ponto clímax (se é que tem clímax isso) é que a língua dele era fina e cheia de brotoejas. Ou espinhas? Não sei o que era aquilo. Eu passava os dentes e estourava aquelas pelotas. FOI MUITO NOJENTO!!! Acordei quase vomitando... com náuseas... ânsias e tudo de ruim...

Então, até ontem, foram essas as minhas proezas.

Hoje trepei com Paulinho Moska! Bem, estávamos quase... Ele estava lindo e falava coisas lindas, como sempre. Disse pra ele que eu sonhava com o dia de trepar com ele (pelo menos em sonho). Dizia que esperava estava esperando ele bater (ou arrombar) minhas portas. Ele ria e cantava alguma música no violão...

- solinho penetrante -
" Você não precisa dizer mais nada que ainda consigo escutar. O sonho vazio das suas palavras que seus olhos não param de gritar. Pra onde você vai você vai agora? Por onde irei te procurar? Se no futuro da minha memória você está comigo em todo lugar.
Todo o meu corpo em total histeria sussura esse grito no ar..."


Para rir e chorar! Estávamos na minha casa, no meu quarto, na minha cama (me chama de chão).

Acho que foi isso.
Não sou do tipo tiete, que vai em todos os shows, compra posteres e chora pelo ídolo. Na verdade, acho q não tenho nenhum ídolo. A cada dia gosto de uma coisa, e se essa coisa me faz pulsar, torna-se minha obssessão do momento. As letras do Paulinho estão me adentrando os ouvindos. Vênus (do cd Eu Falso Da Minha Vida O Que Eu Quiser) a música mais perfeita que já ouvi. As palavras mais tão bem conectadas, como nós.
Nada sério Paulinho, foi só um sonho...

"para sempre nunca mais..." Moska

Tamara Costa

:::posted by Tamara Costa

14.1.02

Eu mal poderia imaginar... ou poderia?
"Querida imaginação, o que mais amo em ti é que tu não perdoas." André Breton
Joelhos doloridos. Surreal demais...

- eu estava te procurando...
(supresa, suspense, olhos, foco centralizado, bocas)
() hum... quantas tatuagens... tantos braços... meduso cabeludo... seduzo... meduso... ouso... uso

Como eu consigo dançar essa música ridícula? Depois de algumas doses e tragos já me perco...
- perdida! estou perdida! não quero me achar, não quero falar...
() esse símbolo simboliza meus pensamentos, comunicação corporal.
Você me olha como se quisesse...
() teatro dos calados, dos cabelos...
Monólogos despretensiosos...
- bebida?
() beber você
- ah, claro bebida...

É complicado escrever sobre fatos recentes. Complicação dos sentidos! Ainda não sei o que penso sobre isso, não quero me aprofundar. Mas... fatalidade! fatal demais pra ser...

- tem hora pra chegar?
- qualquer hora em algum lugar, vamos...
- pára um pouco, estou cansada...
- estou com calor...
() pele marcada... pele... pele... pele...
- pegue este papel!
- não vou pegar...
() não quero seu telefone

De colchão em colchão
chego à conclusão
meu lar é no chão
(Paulo Leminski)

() será que vai ligar?
Esse durice ainda vai me levar...
- lindo...
- linda...
- o que é verdade? você não diz nada com nada...
- falo as verdades... sou a mentira
pensa, ri e diz:
- Janis, com esse cabelo todo na cara...
- Cry baby, I welcome back home (sentada de pernas abertas na cadeira fumando)...

A manhã assusta. Nem vi o dia chegar... Não me deixava ir, não falava, me prendia... eu sentia, nos sentíamos... Tudo fluia tão dentro e...
() fantasia perfeita...
Entrei em casa, você me olhava pedindo. Parei! O silêncio diz mais que isso...


dura



despedida


:::posted by Tamara Costa

9.1.02


Ainda existem coisas que nos fazem querer existir, sentir alguma coisa. Morte para uma vida - perda de um estado para encontrar outro. Conversas puras, sem poder ou pudor, sem limites ou trambiques. Frêmito de prazer e temor. Meu bem, cheguei ao fundo, e ele mostrou-me um lindo lado obscuro...


Bruxa

Em porres selvagens
Vi seu rosto lascivo
Contando mentiras
Criando verdades

Vi seus gestos incontidos
Rasgando o véu da noite
Mostrando-me maldades

Arrastado em seu rastro
Fugi pra longe
Lágrimas rasgando
Morte à consciência

Tira-me de mim
Consome minha alma
Leva-a para ti
Para onde não posso ver

Em minha inocência
Procura o que não é
Procura o amanhã
Mas amanhã não lembrará

E no amanhã lembro de ontem
De seu rosto, suas palavras
Tenho medo de mim mesmo
Tenho medo de você

Fernando


:::posted by Tamara Costa

8.1.02

[1/8/2002 19:54 PM]
Sete cigarros

Sem dormir a quantos dias? Presença noturna, eu desejo. Quero noites inteiras, cheias, alucinadas... Toda noite entorpecida pela calmaria de uma suposta tranqüilidade. Silêncio maravilhoso. Vou gritar... Perfeito-Silêncio! Músicas, palavras, lágrimas, risos indecisos, lágrimas outra vez. Minha imaginação é barulhenta o suficiente pra repugnar as sonoridades da cidade - Vá buzinar no ouvido da mãe !- alívio do grito.

Tudo que eu preciso agora é não lembrar que preciso acordar amanhã. Por algum motivo tenho que viver durante o dia. Na astrologia, a lua está associada às emoções, ao mundo psíquico e as lembranças - malditas queridas. Você, meu bem, jamais saberia de minhas dores lunares, são secreções só minhas. Mas, quero mais é que você saiba, vem... vem sentir pra crer, vem pegar pra sentir porque já me cansei de ser apreciada por meus adjetivos. Que se danem as palavras que eu grito! Que você se dane a partir de agora - seus sonhos serão invadidos pela voz potente dos espíritos aflitos. Meu querido, proclamo a ti um desejo incendido de me ver. Não tem saída, nem santo que suporte. Prazer perverso.

Seus demônios sexuais logo apodrecerão suas mandingas baitolas de pedir socorro. Me declaro, a partir de agora Santa do Pau Oco - revestida de feridas do teu amor. Suas fugas serão fracassadas! Seu desejo não terá remédio, apenas solução... Lembrar que isso é um feitiço é uma merda. Você é um merda. Enquanto isso, dignos diálogos do futuro:

- Você está tão escrota ultimamente...
- Estou.
- O que houve?
- Nada.
- Nooosssa! Não vou te perguntar mais nada, viu?
- Tudo bem.

Será que poderias entender meu silêncio? Digo entender, pois não quero profundidades a seu lado. Superfície, epidermicamente falando, paladar, sal, suor e tal - passeio pretensioso pelos orifícios. Adorável repugnação! Tenho asco do silêncio, pavor da solidão, medo de conviver aos dedos comigo. Gosto de sentir esse cio louco, mesmo sabendo que na verdade quero apenas abalar sua integridade, depois sair sem avisar. Bye, bye, baby bye bye - deixo uma interrogação. Adoro estórias diferentes. Que tal reinventar um jeito de acabar sem filosofar os fins? Vai ser delicioso. "Pra quê rimar amor e dor?"

Incidência no momento errado, não mais que isso. Poderia ter passado despercebida, distraída como sou. Meus problemas são "do além". Sempre tem mais um...

- O que é a vida?
- (silêncio)
- Alguém me diga, pelo amor de deus o que é a vida? - gritou.
- (agonia, silêncio consentido)
- Se ninguém se manifestar vou...
- A vida é o manifesto contido da solidão do homem na multidão.
- Quero uma resposta curta e grossa!
- Sua pica... É isso a isso que quer resumir a vida! A vida é a pica que você carrega!

Mais que isso, mas simples como isso, não isso.

- Sua pica tem autonomia?
- Tem sim minha querida... Quer a vida? Posso fazer pulsar agora...- gargalhada sardônica.

Avistei seu vôo. Agora você flutuou pra bem longe. Parece que compreendi o significado de - porra nenhuma é suficiente pra me conter. É sempre mais, é sempre menos. Amuletos e orações. Seu lado mago foi levado pra clínica do Dr. Etevaldo. Tratamento de câncer de pulmão com metástases em pleura e adjacências - resultado das magias, excesso de fumaça. Foram retirados seus conhecimentos (desmemorização) através de um procedimento hoje conhecido como lavagem cerebral. "Deveras, sobre cada alma começou a cair temor, e muitos portentos e sinais começaram a ocorrer por intermédio dos apóstolos. Todos os que se tornavam crentes estavam unidos em terem todas as coisas sem comum" Atos, cap. 2 (a fonte da resposta está lá meu bem, vá ler a bíblia). Acredite, estão te salvando... Os sátiros se chamam uns aos outros.

Corri para o lavabo. Ducha de água na cara. Os demônios se refugiam nesses lugares aquáticos - lagos, rios, banheiros. Os americanos e suas estatísticas... Odeio números, mas "Você vai transar 4100 na vida " Sex in America. "A média brasileira é bem parecida" diz o professor brasileiro de relações amorosa (USP), na entrevista Sexo em etapas. Peraí, histórica divisão de sexos. Somos cópias, parecidos ou vislumbramos parecer ? "A combinação ninfeta e homem mais velho é normalmente desastrosa na cama. A química perfeita rola entre a mulher mais velha, que já conhece os mistérios da sexualidade, e um rapaz mais novo, cheio de energia.." diz o velho castrado. Sua opinião é o resultado de uma questão sexual mal resolvida. Você brochou, psicólogo freudiano de merda! És um frustrado.

Os homens estão tão preocupados com a teorização das mulheres e suas vidas sexuais. Constróem mistificações idiotas que acabam adentrando e contribuindo pra eterna divisão de sexos. Isso que querem, e sempre quiseram, submeter nossos instintos arrasadores. Pergunta: O que um homem pode saber sobre uma mulher? Não, não permito sua resposta seu brocha! Certas espécies deveriam ser extintas...

Estou dividida - miopia da visão holística. A fatalidade do fim. Acaba-e-pronto ou É-mais-além? Não optei, ainda preciso queimar os últimos cigarros. Coluna do meio - entre a brasa e a cinza.

Tamara Costa



:::posted by Tamara Costa
[1/8/2002 11:05:51 AM | Tamara Tantam]
" O diabo é o instinto profundo, mas frio, recuperado na neurose... auto-erotismo, perversão"
Frio ao invés de calor - frio como água do rio nas manhãs de inverno.

Ouvindo... "Mora na filosofia. Pra quê rimar amor e dor?"
Casas do caralho, moro lá... quer dormir comigo? Só dormir...

:::posted by Tamara Costa
pezinhos no escuro... eh fogo! (ensaio fotográfico de Alex Moschkowich)

Em casa
" É em casa que o tédio me ataca num belo dia de sol. Só em casa eu coloco os pés de molho no ar. pra ver o tempo passar. Em casa fico só, sinto mais forte a solidão. Nessas horas, faz bem a companhia de um cão. Abro as janelas e vejo, lá fora, um mar de concreto que faz de mim mera peça de um jogo injusto. Pelas mesmas janelas, sou capaz de ver no céu quase azul, a beleza de um arco iris. Andando pelos cômodos da casa, procuro ângulos diferentes para fotografar. Só em casa, eu tiro meleca, sem me importar com o falso pudor que sou obrigado a viver do lado de fora. As chaves de casa, deixo aos amigos e e uso as mesmas chaves para me proteger dos inimigos. Em casa me olho no espelho, me vejo um deus grego ou o diabo do lado do avesso. No espelho, fico horas me olhando e não me conheço. É nessa casa que choro sem medo. Só minha casa é capaz de me abraçar, nos dias que chego com um bafo safado de teor etílico. São os aposentos de casa, que me guiam até um leito, pra cair e descansar. Na casa que acordo e durmo quase todos os dias, na casa que é pra mim, um lar. Na casa que ao deitar, antes de dormir, fico pensando nas besteiras que amanhã vou produzir, e depois, com muita cara de pau, publicar." lindo...

Noite adentro... Entorpecida de cigarros e cervejas. Ouvindo suite da música aquática em Ré, que volutariamente eu quero que seja Bolero de Ravel. Brega, blogs bregas? Acabo de me referir sem ter a menor garantia do que estou fazendo. Mais um diarinho de todos os dias. "Meu querido, contigo ficaria todas as noites da minha vida..." mentiras, e mais mentiras. Falos artificiais que terminam em orgias! Sempre foi assim, é um instinto profundo, as vezes frio e obscuro, ora se resume - submissão aos coitos do silêncio. Por vezes chego a me convencer que não existe intromissão, e sim pessoas intrometidas... Vamos lá, enfrento isso com meu inglês capenga, adentro ... PURA OSMOSE