Porco-poeta que me sei, na cegueira, no charco
À espera da Tua Fome, permita-me a pergunta Senhor de porcos e de homens:
Ouviste acaso, ou te foi familiar
Um verbo que nos baixos daqui muito se ouve
O verbo amar?
Porque na cegueira, no charco
Na trama dos vocábulos
Na decantada lâmina enterrada
Na minha axila de pelos e carne
Na esteira de palha que me envolve a alma
Do verbo apenas entrevi o contorno breve:
É coisa de morrer de matar mas tem som de sorriso,
Sangra, estilhaça, devora, e por isso
De entender-lhe o cerne não me foi dada a hora.
É verbo?
Ou sobrenome de um deus prenhe de humor
Na péripla aventura da conquista?
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