primeiro trouxe um livro grosso de letras miúdas para afinar-lhe a elegância. depois, apontou o dedo no piano:- enfie aqui.
no início lhe doíam as juntas, unhas, depois ardia um pouco demais as palmas. bem mais nos casos de disritimia. no fim, também os punhos - todos os limites devidamente violados.
ela, a dona das notas, vivia com quatro ou cinco gatos - pois isso dependia mais deles. tinha uma espécie de mãe. uma mulher velha, descabelada e gorda, que saía de uma caixinha de música e rodopiava em um dos pés. os gatos, dormiam embalados.
pensou, no tempo de dois erros - "quero ser solista!" - antes de enfiar-lhe o dedo em brasa.
ela: cega
ele: auto-ditada.
Um comentário:
o importante é errar no tempo certo.
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