26.7.02

can you feel it?
(UMA)

Venho por meio, aqui dizer que eu sei que você sentiu ontem. Sentiu aquilo. Eu sei. E eu senti também todinha. Tolice que arrepia enquanto um cantor de voz rouca, também, rouquinha e suados, ambos. Eu e a música ali flutuando entre os pés e o teto, entre a sandália e o chão. Não, não dei vexame porque me aparei num ponto da música. Aquele que sobre entrando perto do umbigo e sobe, sobe dando uma coisa que você não sabe o que é, mas que é boa mesmo assim. Coisa leve, coma pipoca em casa. Deve ser por isso que é boa mesmo; indefinível. A pipoca ou a coisa? Aceite o terceiro vértice de uma pirâmide, isso não tem solução. Voltando ao ponto, que é você e algumas partes que esqueceu comigo, digo agora que venha buscar. Digo baixinho no seu ouvido, e também grito no caminho do filme ou do cigarro - que vou comprando aos gritos. E não quero saber a hora porque não vou esperar nem vestir uma roupa só pra te esperar. Vou estar aqui, do jeito que sou, e não que eu não mude, mas de um jeito que sempre consigo ser sem definir. Fluir, assim com aquela capacidade de foder com coisinhas da vida, do tipo hedonista, ainda consigo abstrair um pouco do peso que você colocou em cima de alguma parte do meu corpo. e digo mais, quero que você sinta também o peso de um gozo blasée. Solitário. Idiota. Meu amorzinho de figa e fogo. Agora eu tenho uma carinha nova que você conheceu pela voz. Pela voz rouca, lânguida e consistente. Castre-se ainda mais e me consuma mais um pouco. Não me importo que isso não me faça feliz na maioria, mas quem disse que estou na ala da aceitação? Maioria é conformismo. Sei que tudo vai voltar a ficar sem graça mesmo quando você aparecer aqui, como da primeira vez todo cheio dessa cara de que não, nada aconteceu mesmo. nada. Você é sem graça. Eu estou vendo demais. Eu sei. Sempre foi assim. Vendo o que não tem o que ver, consigo enxergar coisas são sutis em você que talvez você nem saiba o quanto você é pequeno. Não foi nada e você lembra bem. Nada. Esqueça se puder. Nada. E continue assim, idiota como sempre que eu continuo te amando idiota como sempre. A gente se merece. Você merece mais, e eu também. E também vou abstrair essa historinha babaca de "nós, a gente, eu e você"... o negócio agora é cada um por si, cada um por cada um e você. Vai. Foda-se. Nem aí. Sentir. Pesando. Vai. O meu corpo ou um copo daqueles dos primeiros. Você está consumindo um pedaço que já está se esgotando. Fim de novelo. Último capítulo. O tempo está passando e isso é aparentemente normal. Porque as coisas vão ficar mais chatas daqui pra frente, eu tenho certeza e te garanto que estou sumindo pra sempre, mas continuarei te atormentando, sempre que eu puder. Eu garanto, e essa é uma das poucas certezas que tenho. Que tenho vontade grande e que ela não cessa. Não vou passar por cima de ninguém, não vou sair atropelando um pedaço de torrada, a que deixou cair no chão porque estava muito sem noção do espaço, eu ri e você foi ridículo. Desceu do salto. Você tão inatingível. Saiu da pose cool e ficou com carinha de... ah, seu merda! Pare com isso. Você é um babaca, e eu estou milhas a frente nessa classe. Você me desmonta e no outro dia estou fraquinha, mas vou me catando pela casa. Me rejuntando. Rejeitando. É preciso. Você é. Eu sou uma tola e deveria calar a boca. Não pensar mais. Me juntar de uma vez por todas e nunca mais aparecer. estou na varanda de calcinhas verdes. e esse é um dos últimos avisos. Sinta a fúria da mãe onça pintada e bordada, tratada, criada, borboleta que também é cobra e navalha. Uma versão mais nova de mim. Nasce velha. Nasce outra. Se reproduz. várias, vezes, venha. Sinta isso, tão leve como uma pipoca, tão muito, tão efêmero...
Da próxima vez seja mais cuidadoso, não deixe suas unhas em meu pescoço.

Nenhum comentário: