9.10.02
Os faróis dos carros entrando diretamente na carcaça da parada de ônibus. E ele passou a dez minutos...
Acabou de passar um...
Mas o meu já passou?
Não, mas passou o dela...
E quem se importa? Quem se importa com quem? E porque me importo tanto comigo e com minhas palavras? Fodam-se todas juntas. Foda-se eu e tudo que está entalado. Vou escrever e tenho a ligeira certeza do fruto, mesmo que estragado que isso pode florificar. Entramos no quarto a procura de alguma chave. Entramos no quarto uma, depois a outra com os passos ralos para que ninguém ouvisse ou acordasse. Antes passamos no mercado pra comprar pães de doce caramelados, mas não tinha.
Não tem.
Que pena, pegamos um chocolate e a tensão entrou no quarto também. Então ela se deitou e achou um pedaço de chicletes grudados no chão. Alguém havia pisado. Pisado em ambas porque choravam por qualquer coisa. Morriam a qualquer momento e na verdade ninguém se importa com ela - a morte. Nos importávamos com a vida, mesmo sem ela - que pode ser a morte também mas não é, nunca é, admitimos.
Choveu, choveu, a água nasceu no azul e desceu...
Enquanto você voava pelo quarto me perguntava se um dia te encontraria. Gritava também mas ninguém ouvia, a menos que abrisse a boca dois dedos a mais. Na boca um buraco maior que conta tudo sem se preocupar com o retorno. Quer dizer e não é ouvida. Quer cantar e não tem voz. Quer, quer muito e as amarras se apertam cada vez que pisamos no chiclete sujo. Ninguém tem a audácia de jogar fora porque o fora está em todo lugar e o centro é o raio (menos).
As coisas perdem a fúria depois de um dia inútil.
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