16.7.13

seush cretinosh, não sejam tão hipócritash

"Todos nós conversamos e temos compreensões similares, e dizemos tudo que queremos, e falamos sobre nossos cus e nossos paus, e sobre quem nós comemos ontem a noite, ou quem vamos comer amanhã, ou que tipo de caso de amor nós temos, ou sobre quando ficamos bêbados, ou sobre quando enfiamos uma vassoura no cu no Hotel Ambassador em Praga - qualquer um fala com amigos sobre isso. E aí, o que acontece se você distingue o que fala com seus amigos do que fala com sua Musa? A questão é acabar com essa distinção: se aproximar da Musa para falar tão abertamente quanto falaria consigo mesmo ou com seus amigos. Daí, conversando com Burroughs, Kerouac e Gregory Corso, em conversas com pessoas que eu conhecia bem, cujas almas eu respeitava, comecei a perceber que o que estávamos realmente dizendo uns aos outros era totalmente diferente do que já existia em literatura. Essa foi a grande descoberta de Kerouac em On The Road. As coisas que ele e Neal Cassady falavam, ele finalmente descobriu, era a matéria-prima para o que ele queria escrever. Isso significava, naquele instante, uma completa modificação do que a literatura deveria ser na cabeça dele, e também nas cabeças das primeiras pessoas a ler o livro. Certamente, nas cabeças dos críticos, que num primeiro momento atacaram ele por não ser corretamente estruturado, ou algo assim. Trocando em miúdos, um bando de amigos andando por aí num carro. O que é obviamente como um excelente procedimento da literatura picaresca, e um dos clássicos. E não foi reconhecido na época como assunto literário pertinente." 

Allen Ginsberg, em A Arte da Poesia (entrevista). Geração Beat/ Org. Sergio Cohn, 2010.

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