14.2.12

Sexo na biblioteca

- Já leu tudo, mon ami?
- Tudinho, até vi o demônio nos olhos dele, é como o que há nos teus.
- Henry Miller é o verdadeiro beat surreal.
- Sonhadores atípicos pensando surrealismo como método. Roberto Piva né?
- Sim, também Willer ou Kerouac maltrapilho, com a mãe lá pelejando e o pai falindo.
- A realidade contém restos de sonhos interferentes. Mas bocetas são mais fascinantes. O proletariado delira.
- Acho que o cara escapou por causa de uma foto de bolso na imigração inglesa.
- Não acreditaram que ele era escritor?
- Imagina, um maltrapilho colado num criolo delirante... Mas tava lá estampa de fato com o Henry. Talvez nem se com a bunda para o céu se falando de pessoas que se peidam na cara.
- Incrível, dialéticas nem tão óbvias, os caras são cuzentos, se liga, não nasceram para entender.
- Aqui, concentra "um brinde aos nossos defeitos".
- Hoje vi também a paixão de Joana d'Arc com o monge louco representado por Artaud.
- Pista para outras questões?
- Daí o cara não tem mais vontade de falar e no fim da vida só abre a boca para falar "por favor senhor, me passa a mostarda".
- Penso em você como Joana em toda sua juventude e pureza.

E se uma flor amarela cai no meio de suas pernas
e dos vasos, um coágulo comunicante de todo aquele nojinho
pare também um corvo-livro
que irá te bicar o cérebro cretino
antes de engolir um pedaço da orelha esquerda.


* Este improvável diálogo contém intertextos de oficinas de erotismo e surrealismo em SP, com o mestre Claudio Willer.

ver também:

"A verdadeira natureza do obsceno é a vontade de converter."
Hilda Hilst em entrevista a TV Cultura (1990)

2 comentários:

Juliet Jones disse...

Adoro sua pornografia minha linda!
Me lambe! Me lambe!
Me exponho!

Tamara Eleutério disse...

penso você como joana sim