Vou subir a escadaria da Penha de joelhos pra ver se eu acordo esse corpo
“Se ela não gosta de mim o que é que você tem com isso? Se ela não presa, é ruim. Gostar dela é o meu compromisso. Guarde o seu conselho professor...”
È assim que acontece. Vários anos de dedicação e fidelidade. Eu sou fiel. Isso mesmo, o gostar é fiel. Encontrar os outros por aí faz parte do meu contrato, não mostrar tudo de forma tão clara, desaparecer, aparecer com outro e voltar e ir e sonhar e achar que tudo vai ficar bem simplesmente porque eu cumpri o prometido. Pra mim, só eu sei – você não precisa, mas pode sentir isso. Eu gostaria de ser mais foda-se pra tudo muitas vezes, mas é que eu cumpro as promessas, estou presa no meu próprio elogio e por mais que eu não reze com preces rítmicas eu peço todo dia seu corpo em cima e outros detalhes e coincidências pra ver se você percebe que a gente vai acabar se fundindo, mesmo sem promessas ou contratos.
Eu faço música e esqueço. Eu me mato e acordo outra, em outros, braço, eu sinto você entrando e indo embora sem levar nada em troca, como o amor que tenho pelos animais, sem resposta, sem palavras, só gestos que declaram a única expressão que cola no cérebro – este é o contrato. Penha, penha, eu vou ralar esse joelho e sofrer o corpo como os religiosos, por um motivo ilusório, eu vou acreditar e vou me livrar do pecado... ah eu vou fazer até urucubaca se precisar. Vou procurar um xamã ou um psicólogo, vou tomar florais de bach ou anfetaminas, mas eu hei de ser melhor pra mim. Eu prometo, eu juro, não vou ser o único dos fiéis no fim, eu vou pecar contra o contrato também!
Eu quero o divórcio, definitivamente...
... sabe o que é chegar num lugar e não ver ninguém além dos sexos e das diferenças físicas, não olhar em volta porque você já está preenchido com o compromisso mais fiel de simplesmente gostar. Não, não encontro meu rosto no espelho porque eu não ouço o conselho do meu cérebro. Eu me estapeio pra voltar mas não dá, AINDA. Você é foda, mas eu sou pior.
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