dos lençóis
o sol se espreguiça
quis ver, não
cidades tão caretas para corpos de verdade
músculo e gargalhada
ouvi, nadis
janelas nunca verão nossas lágrimas
que a rua se vá
volto daqui a pouco com o café
você veio
com um daqueles raios agarrado à coxa esquerda
quase vi
era quase sem bom dia?
me dispus em mil-e-uma-noites
piteira na mão e uma verve inesquecível para formigas
que rondam a cama
prancha solta no ar de outono
toda base de nosso papel
trabalho nosso livre de fracasso
me despi no inverno
plexo aberto
um caviloso arco me apontava um raio pelo cigarro
incêndio por dentro de tuas coxas
acendo
você se volta toda
fumaça turva
sob a luz do sol coberto
ela enorme
quase foi, não agora
espera o cano esfriar entre os pelos
que a rua se vá
no estrado
o terceiro dedo do pé
no parapeito
o estrago de cada borda que nos obriga
no espasmo
bela maneira de se distrair
com a tarde que massageia os cílios
e faz de nus novos nós
quase vi
era quase foda boa?
me esfacelaria na madrugada das mil pétalas
copo entalado na garganta carrega memorável cano de mirar intrigas
elas se instalaram no teto
papéis cobriram o fogo que lambia teu umbigo
me obrigo
raiz de teus cabelos
uma violeta violenta me aproximava da raiz
um esponjoso catarro passe para novo estalo
mira de tuas coxas
apago
você me dá força
que a rua se vá
para longe
bem longe
de nossos passos
(Tamara Costa/ Paulo Sposati Ortiz)
2 comentários:
Senhora território, quero me abrigar.
Não se vá. Quem se perde nas suas ruas, nao te conhece. Eu nasci e cresci em você. Minha cidade. Minha pátria amada.
puta pátria felix culpa
madame minha é tua
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