22.1.12

recordando a Lorca (1)

O cadáver cachorro sou eu,
bebendo o vinho esquisito, cego & falido
em AndaLUA,
eu, um cão
que oito anos depois você veria
bicicletas por NY
(homem de incríveis orelhas ao vento)
já sem aqueles ojos
cortando a pista
ela me esperava com o terno na cama preparada
cheguei com as formigas
as formigas
até quando você entenderia
que não houve cão em Andalucia
burros-mortos montados em meus pianos
era preciso removê-los
rebocar toda a morte
cantei mudo
você não queria ver
Não!
Eu também não queria:
nenhuma canção de tuas intrigas.



"... A vaca do velho mundo
passava sua triste língua
sobre um focinho de sangues
derramados na areia,
e os touros de Guisando,
quase morte e quase pedra,
mugiram como dois séculos
fartos de pisar a terra.
Não.
Não quero vê-lo!
", fragmento de La sangre derramada, F. G. LORCA

"Será necessário que você saiba que Deus é uma grande montanha VIVA. Tem uma pele de moscas e acima uma pele de vespas e acima uma pele de lagarto e acima uma pele de vermes e acima uma pele de homens e acima de tudo uma pele de leopardos. Você consegue ver isso? E por cima de tudo isso uma pele de galinhas. E era isso que não sabia nossa amiga.." fragmento de La gallina (cuento para niños tontos) - 1934, F. G. LORCA (livre-tradução/ Srta. T.)


antes: Lorca & Salvador Dalí


antes: Federico Garcia Lorca, Auto-retrato em NY


DEPOIS
ver também (audio): entrevista com Reto Melchior, autor do livro Viaje a La Luna: uma biografia em Projeção, análise de um roteiro de Federico García Lorca (via Radio USP).

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