26.7.10

Ponta Negra (black sessions)

vejo a praia, vejo o mar, vejo as menininhas e os gringos. eu aqui perdida nessa tempestade de areia - nem me vejo mais. contemplo e venho a considerar esse exagero um chamado. vem, se aproxima. vou na onda. volto na onda. a onda me tira de lá. estou na presença dos deuses, ao passo que cheiro minha mão - protetor solar. você, sempre você meu cavalinho me animando a mente - como um livro de cortázar. eles vêm de onde? aposto que frança. usam tênis para tomar sol. elas vem de onde? daqui mesmo. elas querem dinheiro. deve ser muito difícil a vida por aqui fora de temporada. deve ser foda. imagina, o mar indo e vindo e você lá. cadê os restaurantes? as casas de câmbio? os vendedores de pulseiras e lamparinas? somente os monstrinhos do calor, onde você pisa. a menininha passa creminho no pé do gringo. ele ri e devolve um óculos de sol. arregala que tem regalo. devo pensar no movimento. essa coisa de avançar, que tal? avançar, da areia pra o concreto, do concreto para cima das casas. das casas, subo o morro e vou invadindo. meu nome é mar. mulas geradas no atarefar diário, essa coisa de repetir e repetir e achar que vale um prêmio (regalo, regalo) ainda vai nos enterrar vivos. talvez aqui seja mais fácil. essa coisa de Brasil chegando tem algo de black sessions. tem algo em mim que diz não Brasil, se foda. tem um cara passando com um carrinho de pranchas. vai chover e lá vem o tubo. fui.

3 comentários:

Unknown disse...

Ueba! Que surpresa ver que você ainda anda por aqui a gastar o seu latim.
Por onde anda, dona Tamara?
Vou dar um mergulho nos seus escritos e ver se eles ainda me jogam contra as pedras, como costumavam fazer.

Beijo,

rafa

Anônimo disse...

agora como um cavalo um tritão ela vai e vem. passou no rio e não me viu no tubo?
eu tava de bigode esse dia;
meu nome é mar e eu sou feminino.

alvo de fora disse...

salve, cortázar!