6.12.09

Décadence (par excellence)

Que tive acesso a esse sentimento (compaixão) de maneiras distintas às postas em prática em nome dos fracos. Não, nada similar a lástima, dó ou piedade. Piedade é uma prática religiosa, puro risco. Não era devota - nunca fui, nunca hei de ser. Sei que estive na guerra. E ainda continuo. Era como entender no íntimo sua dor e dela partilhar - tatuagem de plexo/emblema. Como se eu entendesse, ou mesmo, como se a dor fosse minha. Eu quem? E foi então que senti os tiros e o gosto de sangue - frio. Ultimatum "atire, atire".

"Vocês sabem a sensação que dá quando cospem na sua cara e jogam lixo por sua goela abaixo? Vocês sabe a sensação que dá cavar sua própria sepultura? Vocês sabem a sensação que dá ter sua garganta cortada de orelha a orelha? Vocês sabem a sensação que dá ser queimado vivo? Vocês sabem a sensação que dá ser humilhado e ser pregado em uma cruz para sangrar até a morte para sua diversão?"
trecho do manifesto-multimídia (vídeo/BBC) executado por Cho Seung-Hui, responsável pelos ataques que mataram 32 pessoas na Virginia Tech University - Maio de 2007.

Como se eu fosse um outro qualquer. Como se tivesse lutado na guerra para que não tivesse avelhentado tão rápido quanto os que pereciam a meu lado. Então, era avante. Não pelo que viria depois, não pelos motivos da batalha. Só aderi ao front porque desejava a incrível guerra (anti-cruz).

Vocês que são homens fortes, homens da luta, aos cavaleiros da ordem oculta, Homens da Fênix (merci Borges), me inclino. Este corpo diz pertenço também à tua batalha. Contudo ninguém acreditaria se acaso eu afirmasse, com convicção, que pertenço à guerra. Eles duvidaram da força de uma mulher, e mesmo depois de vê-la parir - mesmo depois de vê-la parir. Eles continuam matando (tentativas) os profetas, entre outros vícios.

PS: A palavra é a prova de balas.

Ver também: Bortolotto perdeu metade do sangue do corpo

2 comentários:

passado disse...

A cada palavra, gosto mais de seus escritos. Adelante.

Tamara Eleutério disse...

às vezes tu não sabe o quanto dói.
"como é bom estar só, cantando num toró".