7.8.09

dos nãos

não, não temos mais vagas. não temos mais espaço. você não cabe aqui. você, que deve ter crescido para cima ou para baixo de tudo isso. talvez esteja ficando pequeno demais pra você. talvez seja preciso ordenar, a partir de agora, tarefas como sair para dentro e descer para cima. ah, mas não desanima. mesmo sabendo que não precisamos de você. não desanime. temos máquinas cafeteiras, pó-compacto e perucas - 100% cabelos. olha que fácil, tio. computadores e cálculos, precisos, claro. temos livros. não, não. temos mais arquivos compactados que livros. sim os livros esgotados de impressões digitais, em páginas de sua memória, ainda assim, não perdem sua transcendência. temos pouco espaço. estantes lotadas ao talo de frigideiras de teflon. mas já não comemos o ovo, clarice, nem aquela galinha. temos o compasso, o esquadro, o prumo, a régua e o nível. não precisamos de suas mãos. nem do sangue que corre junto as tuas velhas veias. muito menos de corações inábeis. vá pro lado de lá com seus pulsos cortados. coisas do tipo não temos, temos de sobra. e você ainda nos agradece, sucessivas vezes, com a mesma cara de sim. não, obrigado não.



Avenida Karl Marx, Berlin

Um comentário:

kkkkk disse...

...a hungry man is a angry man...