16.7.09
15.7.09
humano
O sujeito era um médico. Desses viciados em metilfenidato. Um dia o cara foi num antiquário e comprou um saco. Passou a trancar umas cousinhas dentro dele. Um dia o saco, já de saco cheio, foi visto do outro lado da cidade. Ele se arrastou pelas calçadas. Os curiosos se reuniam nas sacadas pra ver o saco passar. "Onde está responsável por isso?", questionou o delegado. Quem viu comentou e a história foi tomando a cidade. Enquanto ele ia se arrastando, pegajoso, o povo ia atrás repudiando. Mas ninguém teve o culhão de pegá-lo a força. Nem de abrí-lo. O saco, já no ápice da raiva, explodiu e seus pedaços saíram se movimentando, em forma de macaco, para fora de todos os asfaltos, em busca de bananas e fêmeas.
"Mas o macaco difere essencialmente do homem por não saber da morte. A conduta do macaco junto do congênere morto exprime a indiferença, enquanto o Homem ainda imperfeito, de Neanderthal, ao enterrar o cadáver dos seus fá- lo com supersticioso cuidado que trai ao mesmo tempo respeito e medo", Georges Bataille, in As lágrimas de Eros
"Mas o macaco difere essencialmente do homem por não saber da morte. A conduta do macaco junto do congênere morto exprime a indiferença, enquanto o Homem ainda imperfeito, de Neanderthal, ao enterrar o cadáver dos seus fá- lo com supersticioso cuidado que trai ao mesmo tempo respeito e medo", Georges Bataille, in As lágrimas de Eros
13.7.09
Eles invadiram a festa. As crianças, mandaram pro quarto do segundo andar. Os homens, não sei. Foram levados. As mulheres, deixaram rodopiando pela varanda. Um deles era mulher. Dizia ter um grande plano enquanto balançava as receitas azuis. Deve ser isso, o lance de ter um plano - um sequestro, um roubo, uma tradução, uma casa ou outra cidade. Mesmo sabendo que depois tudo voltaria a seu lugar. Os lençóis marrons, as fotografias, os livros empilhados, a tv e os sinais. Até mesmo os cartões e os penteados. Partiram, deixando tudo como estava.
* Eles invadem. E você nem vê. Quando vê, já estão dentro.
* Eles invadem. E você nem vê. Quando vê, já estão dentro.
9.7.09
2.7.09
Manhã de terça-feira. Gal acorda agoniada. Entrevista de emprego. Todos têm emprego. Quem não têm, tá fora. Fora do círculo. Dos que estão girando. A capital e suas palas associadas. Tomou café, o que a mantém acordada. Vestiu a roupa adequada para a entrevista. Eles não devem ver as tatuagens, esparro demais. Aquelas máscaras úteis. Uma vez perdeu um emprego no CCBB porque tinha piercing na língua. "Esse aí do nariz até que vai, mas esse da língua não é compatível com nossa imagem". Imagem de cu é rola. Dessa vez vai sabotar. V de vingança. Culpa feliz. Na entrevista é mandada para cobertura de uma pauta de Meio Ambiente. Dados sobre os biomas brasileiros. Ver bioma. Ministro da Agricultura. Ministro do Meio Ambiente. Enclaves entre os biomas. Bioma Amazônico. Bancada de ruralistas e ambientalistas. "Como é que vocês alardeiam por aí que a água do mundo vai acabar se a molécula da água é eterna?". É que nem Deus. Deus é molécula. Sempre existiu e vai continuar existindo. Deus é eterno. Eterno nessa Brasília. Medo.
A entrevista que virou trabalho já passa das cinco horas. Os mais importantes se levantam e vão embora. Sobra a bancada da rural. Jornalista só se fode. Os mais importantes se levantam e vão embora. Gal fica até o final. Liga para a chefe. "Vai, pode ir embora, escreve amanhã". Certeza, chefia. Meus cavaleiros me chamam. Eu vou.
Talvez alguma coisa no beque, talvez algo na bebida ou nas pastas árabes ou no pão ou na cerveja, ou a conversa indigesta de homem que bate em mulher, de força do macho, obrigação, da mulher lá sempre-rejeição e o tal do "obriga-me, obriga-me" mantrificando vai ver de qual é ficar sozinho pra saber onde é que dói meu chapa, a companhia dos outros, os outros, suas falas intermináveis, seus peitos cheios de plexo e complexo e tudo mais que tem ali na cidade e atrás dos prédios e no banheiro talvez um aviso pra que ela não fizesse isso ou aquilo outro - o banheiro, a igreja, e todos os bêbados.
Os mais fracos serão esmagados pela multidão, sem a menor arte. Milhares de bytes por segundo.
E:
"Deus me livre de ter medo agora depois que eu já me joguei no mundo..."
Sim, meu nome é Gal.
Blog reativado.
A entrevista que virou trabalho já passa das cinco horas. Os mais importantes se levantam e vão embora. Sobra a bancada da rural. Jornalista só se fode. Os mais importantes se levantam e vão embora. Gal fica até o final. Liga para a chefe. "Vai, pode ir embora, escreve amanhã". Certeza, chefia. Meus cavaleiros me chamam. Eu vou.
Talvez alguma coisa no beque, talvez algo na bebida ou nas pastas árabes ou no pão ou na cerveja, ou a conversa indigesta de homem que bate em mulher, de força do macho, obrigação, da mulher lá sempre-rejeição e o tal do "obriga-me, obriga-me" mantrificando vai ver de qual é ficar sozinho pra saber onde é que dói meu chapa, a companhia dos outros, os outros, suas falas intermináveis, seus peitos cheios de plexo e complexo e tudo mais que tem ali na cidade e atrás dos prédios e no banheiro talvez um aviso pra que ela não fizesse isso ou aquilo outro - o banheiro, a igreja, e todos os bêbados.
Os mais fracos serão esmagados pela multidão, sem a menor arte. Milhares de bytes por segundo.
E:
"Deus me livre de ter medo agora depois que eu já me joguei no mundo..."
Sim, meu nome é Gal.
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