sado-masocristo
esse nunca-basta me cansa
porque parece que esse tipo de intervenção nunca vai densvincular cristo do cristianismo...
"Mas vísceras expostas não seriam um problema, se a câmera não focalizasse carrascos lambendo os beiços e esbaforidos de satisfação."
A PAIXÃO DE CRISTO, por Marcelo Hessel na Speculum.
31.3.04
o olho que não pisca cada vez mais de perto causa uma lágrima - de cansaço visual. do que sê-vê: lentes a frente.
um homem e uma mulher de cabelos curtos nunca dizem nada. não dá pra saber quem é quem. olham cada vez mais de perto - um do outro/olho - e cápsula.
defendem-se
mas ainda sangra e continua sangrando
mesmo quando termina
e morre como se continuasse
despersonificação - sim, está vivo
corte: a maçã.
.
.
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foto: sangra
um homem e uma mulher de cabelos curtos nunca dizem nada. não dá pra saber quem é quem. olham cada vez mais de perto - um do outro/olho - e cápsula.
defendem-se
mas ainda sangra e continua sangrando
mesmo quando termina
e morre como se continuasse
despersonificação - sim, está vivo
corte: a maçã.
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foto: sangra
28.3.04
27.3.04
Conferes à Valentina que ainda nos resta. pulsos. falo. pulso. rock. bocaberta. brit. oh. sim, é que ainda faltam ânus de luz para que você perceba que eu não estava ali. donde será que and'ela..
sinestam,
com asia e afasia mas sem reclames
sinestam,
com asia e afasia mas sem reclames
26.3.04
18.3.04
depois da obturação do eros
paulo scottiei
o estômago e as víceras já não causavam dores tão usuais.
paulo scottiei
o estômago e as víceras já não causavam dores tão usuais.
17.3.04
nasce joana (da boca do canhão)
gosmas e babas e secreções e
experimentos e expelimentos e
extratavagâncias e extremos e
sangue e agulha
só para respirar.
****
"Mas, o mais importante, sempre, é fugirmos das formas estáticas, cediças, inertes, estereotipadas, lugares-comuns, etc. Meus livros são feitos, ou querem ser pelo menos, à base de uma dinâmica ousada, que, se não for atendida, o resultado será pobre e ineficaz. Não procuro uma linguagem transparente. Ao contrário, o leitor tem de ser chocado, despertado de sua inércia mental, da preguiça e dos hábitos. Tem de tomar consciência viva do escrito, a todo momento. Tem quase de aprender novas maneiras de sentir e de pensar. Não o disciplinado — mas a força elementar, selvagem. Não a clareza — mas a poesia, a obscuridade do mistério, que é o mundo. E é nos detalhes, aparentemente sem importância, que estes efeitos se obtêm. A maneira-de-dizer tem de funcionar, a mais, por si. O ritmo, a rima, as aliterações ou assonâncias, a música 'subjacente' ao sentido — valem para maior expressividade. (...)"
Guimarães Rosa
(Carta a Harriet de Onís, de 4 de novembro de 1964)
***
gosmas e babas e secreções e
experimentos e expelimentos e
extratavagâncias e extremos e
sangue e agulha
só para respirar.
"Mas, o mais importante, sempre, é fugirmos das formas estáticas, cediças, inertes, estereotipadas, lugares-comuns, etc. Meus livros são feitos, ou querem ser pelo menos, à base de uma dinâmica ousada, que, se não for atendida, o resultado será pobre e ineficaz. Não procuro uma linguagem transparente. Ao contrário, o leitor tem de ser chocado, despertado de sua inércia mental, da preguiça e dos hábitos. Tem de tomar consciência viva do escrito, a todo momento. Tem quase de aprender novas maneiras de sentir e de pensar. Não o disciplinado — mas a força elementar, selvagem. Não a clareza — mas a poesia, a obscuridade do mistério, que é o mundo. E é nos detalhes, aparentemente sem importância, que estes efeitos se obtêm. A maneira-de-dizer tem de funcionar, a mais, por si. O ritmo, a rima, as aliterações ou assonâncias, a música 'subjacente' ao sentido — valem para maior expressividade. (...)"
Guimarães Rosa
(Carta a Harriet de Onís, de 4 de novembro de 1964)
14.3.04
RETRO-VISÃO
aproxime seu pé de chuvas
armo a guarda
chuva;
batalha de pingos
parece que as coisas se parecem
e se encontram
assim do telhado escorre uma cachoeira de chuva que faz um barulho bem parecido com aquela música que ouvimos em cada um dos pingos - respiro - armo a guarda mas a chuva molha mesmo assim
molha dentro molha fora mesmo que haja teto para o nosso deslize
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um dia meu pai disse que não era tampado
senti um buraco se abrindo
entre a elegância e as necessidades usuais veladas
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ela pensa melhor sobre esse dia e se pergunta se seria legal não levar o guarda-chuva. para o caso de o tempo fechar
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e não para de re(ver) até o dia morrer
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(lembranças à Lígia)
12.3.04
Espetáculo Casca de Noz
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cadeiras-pinico funcionais
Qfwfq - wc de cadeira
reconhecimento: à merda
também entrei na macarronada
macarrão como cabelos
por-entre-entro
e chego através do (r) (s)
pentelho
até as estrelas onde houve um ponto
ponto como sonho
onde se fixa o caos da minha suposta e momentânea e deleitosa e encadeirada
paz?
10.3.04
todas as pelugens - ingratas, depilos-te
(ainda sob efeito de Bataille)
um contorno de bigode acena para as orelhas
as bochechas escondidas incham de tanto fumar
e sobe e desce e sobe e desce a mão
até a boca
passando pelo bigode
faz curva na ponta
que encosta no cóxix - mas isso já CUlmina em outra questão
associação invocada à ingratidão
do seu devotismo castrado
cultivo de pêlos passam diante de meus olhos
e isso já é uma pista curva
que já não soa mais natural
temos lenços e paninhos
para sua pretensa-pretensão
doutor estetic'abaço
(ainda sob efeito de Bataille)
um contorno de bigode acena para as orelhas
as bochechas escondidas incham de tanto fumar
e sobe e desce e sobe e desce a mão
até a boca
passando pelo bigode
faz curva na ponta
que encosta no cóxix - mas isso já CUlmina em outra questão
associação invocada à ingratidão
do seu devotismo castrado
cultivo de pêlos passam diante de meus olhos
e isso já é uma pista curva
que já não soa mais natural
temos lenços e paninhos
para sua pretensa-pretensão
doutor estetic'abaço
5.3.04
pulsa-me;
Era como se eu quisesse escapar do abraço de um monstro, e esse monstro era a violência de meus movimentos. História do Olho, Georges Bataille
Era como se eu quisesse escapar do abraço de um monstro, e esse monstro era a violência de meus movimentos. História do Olho, Georges Bataille
4.3.04
1.3.04
Vasta família dos gestos proibidos
A intimidade deles me dá um desejo de ficar perto espiando tudo, do meu lado triste, só olhando mesmo o lado epitelial até entrar pela porta - no espaço imóvel entre uma pessoa e outra. Me dá vontade de rasgar esse lençol que cobre sua bunda, bom, suas roupas íntimas, na verdade, não estamos pelados no quarto. Não, até que se prove que embaixo, ao contrário, disso aí tem uma máquina de pêlo intimando nossos sexos. Tanta coberta. Misericórdia! Perdão senhor, não tenho forças pra puxar essa coberta idiota que atrapalha meu movimento quase que natural de jogar minhas pernas em cima das tuas costas, enquanto durmo, bem, quase, em cima viro e caio de cara a cara até que nossas línguas se entrelacem num movimento juvenil. No café, quantas vezes a ilusão de um dormi bem nos fez felizes. Os acordos são profundos. Melhor dormir logo do que ficar desconfortável por entre as colchas encobertas. Que confortável a intimidade de conhecer apenas uma maneira de ser, uma forma de entregar-se, um jeito mais profundo de se passar uma noite ao lado de outro com a boca cheirando a cinzeiro. Para casa que é tarde, lá fora quem sabe duas mãos se apertem, dois bom dias se cruzem displicentes e façam alguma coisa diferente. Pra casa que nossas vidas tomam um rumo incerto, ainda tornam e tomam e levam quatro minutos em horas e depois de amanhã também, não há remédio, há cinema. Temos livros. Estamos um pouco mais unidos, graças a isso, mas a união passa depressa e precisamos voltar e levar a sério já que o dia que amanhece e isso nos parece um motivo suficiente. Você dorme de uma forma muito bonita.
imagem-ação
(Um ligeiro refluxo de bocetas para estimular o movimento do púbis)
A intimidade deles me dá um desejo de ficar perto espiando tudo, do meu lado triste, só olhando mesmo o lado epitelial até entrar pela porta - no espaço imóvel entre uma pessoa e outra. Me dá vontade de rasgar esse lençol que cobre sua bunda, bom, suas roupas íntimas, na verdade, não estamos pelados no quarto. Não, até que se prove que embaixo, ao contrário, disso aí tem uma máquina de pêlo intimando nossos sexos. Tanta coberta. Misericórdia! Perdão senhor, não tenho forças pra puxar essa coberta idiota que atrapalha meu movimento quase que natural de jogar minhas pernas em cima das tuas costas, enquanto durmo, bem, quase, em cima viro e caio de cara a cara até que nossas línguas se entrelacem num movimento juvenil. No café, quantas vezes a ilusão de um dormi bem nos fez felizes. Os acordos são profundos. Melhor dormir logo do que ficar desconfortável por entre as colchas encobertas. Que confortável a intimidade de conhecer apenas uma maneira de ser, uma forma de entregar-se, um jeito mais profundo de se passar uma noite ao lado de outro com a boca cheirando a cinzeiro. Para casa que é tarde, lá fora quem sabe duas mãos se apertem, dois bom dias se cruzem displicentes e façam alguma coisa diferente. Pra casa que nossas vidas tomam um rumo incerto, ainda tornam e tomam e levam quatro minutos em horas e depois de amanhã também, não há remédio, há cinema. Temos livros. Estamos um pouco mais unidos, graças a isso, mas a união passa depressa e precisamos voltar e levar a sério já que o dia que amanhece e isso nos parece um motivo suficiente. Você dorme de uma forma muito bonita.
(Um ligeiro refluxo de bocetas para estimular o movimento do púbis)
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