A intimidade deles me dá um desejo de ficar perto espiando tudo, do meu lado triste, só olhando mesmo o lado epitelial até entrar pela porta - no espaço imóvel entre uma pessoa e outra. Me dá vontade de rasgar esse lençol que cobre sua bunda, bom, suas roupas íntimas, na verdade, não estamos pelados no quarto. Não, até que se prove que embaixo, ao contrário, disso aí tem uma máquina de pêlo intimando nossos sexos. Tanta coberta. Misericórdia! Perdão senhor, não tenho forças pra puxar essa coberta idiota que atrapalha meu movimento quase que natural de jogar minhas pernas em cima das tuas costas, enquanto durmo, bem, quase, em cima viro e caio de cara a cara até que nossas línguas se entrelacem num movimento juvenil. No café, quantas vezes a ilusão de um dormi bem nos fez felizes. Os acordos são profundos. Melhor dormir logo do que ficar desconfortável por entre as colchas encobertas. Que confortável a intimidade de conhecer apenas uma maneira de ser, uma forma de entregar-se, um jeito mais profundo de se passar uma noite ao lado de outro com a boca cheirando a cinzeiro. Para casa que é tarde, lá fora quem sabe duas mãos se apertem, dois bom dias se cruzem displicentes e façam alguma coisa diferente. Pra casa que nossas vidas tomam um rumo incerto, ainda tornam e tomam e levam quatro minutos em horas e depois de amanhã também, não há remédio, há cinema. Temos livros. Estamos um pouco mais unidos, graças a isso, mas a união passa depressa e precisamos voltar e levar a sério já que o dia que amanhece e isso nos parece um motivo suficiente. Você dorme de uma forma muito bonita.
(Um ligeiro refluxo de bocetas para estimular o movimento do púbis)
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