15.10.12

Saindo do headscape


uma sequência de montagem paranoico-crítica

por tamara e costa

Agora, eu pergunto a vocês até que ponto as correlações que vi até aqui são válidas.

A CONVERSA é a seguinte:

Quando eu era pequena, meu pai era colecionador de OBSTÁCULOS. O caminho que eu levava para ATRAVESSAR da cozinha até meu quarto era cheio de IMPLICAÇÕES físicas. Constantemente tropeçava nos APARATOS de meu pai, devidamente dispostos de forma “anarcometódica”, tal como ele dizia:

“Atenção: trecho em obra.”
“Preste atenção nos OBSTÁCULOS!”

“Cuidado para não TROPEÇAR na OBRA.”

Minha casa então, lugar de ACOLHIMENTO e perigo. Passei a traçar rotas, desenhos, caminhos entre a OBRA de meu pai, traços mentais de caminhos abertos para o meu quarto.

Ao atravessar com cautela os OBSTÁCULOS e me DESLOCAR calculista, percebi que as IMPLICAÇÕES dispostas de papai iam para além de um estabanar-se. A DISPOSIÇÃO daqueles entulhos repetitórios formavam um escorpião com olhos de girassóis, algo que ao mesmo tempo me provocava ANGÚSTIA E CALMA.

Vamos ao presente.

Hoje, ao entrar no pavilhão de exposições da trigésima Bienal de São Paulo, exatamente no corredor esquerdo do terceiro andar do prédio, após vencer o transporte, a publicidade e as disposições estacionadas no interior da projeção de Niemeyer, me deparei novamente com o escorpião com olhos de girassóis e dei um grito. 




* Minha contribuição performance polifônica (vários autores), in "Conversas Coletivas 1: Fala, texto e som", orientada pelo artista Ricardo Basbaum e sua obra na trigésima Bienal de SP, apresentada e gravada no dia 13 de outubro de 2012. O arquivo sonoro será incluído na obra do artista.





4 comentários:

colorindopaginas disse...

Eu tirei do livro Cascos & Carícias e outras crônicas mas tem uma nota falando que foi publicado também no livro Exercícios :)

Unknown disse...

Ei, te encontrei de novo por aqui. Gosto muito das tuas escritas. Também escrevi na Garganta da Serpente muito tempo atrás. Vou te colocar na lista do meu blog, ok?

Abraço.

Anônimo disse...

Aliás, esse é o meu blog, o Pirraça é uma experimentação com um amigo.

Tamara Eleutério disse...

Marlon! Lembro de você!!