18.10.11

a poesia e todas as formas de arte foram e sempre serão uma questão de individualidade. Se a poesia fosse qualquer coisa - como deixar cair uma bomba atômica - que alguém fez, qualquer um que quisesse poderia se tornar merecidamente um poeta apenas por executar algo, independente do que esse algo venha a acarretar, ou não. Poesia é 'estar sendo', não fazendo. Se você deseja seguir, ainda que à distância, o chamado do fogo (aqui, como sempre, falo do meu pessoal e tendencioso ponto de vista), você tem que escapar do universo ordinário e se abrigar na casa - sem paredes - do ser. Sei que, onde quer que haja rastro de civilidade, não há qualquer recompensa ou punição por 'não estar sendo'. Mas se a poesia é definitivamente seu caminho, você deve esquecer tudo sobre punições e também tudo sobre recompensas e também tudo sobre obrigações e deveres e responsabilidades etcetera ad infinitum e lembrar somente de uma coisa: é você - e ninguém mais - que determina e decide qual será o seu destino. Ninguém vai viver sua vida por você; nem você estará vivo no lugar de alguém. Toms pode ser Dicks e Dicks pode ser Harrys, mas nenhum deles será você. Esta é a responsabilidade do artista, a mais terrível responsabilidade deste universo. Se você pode assumi-la, assuma - e seja. Se não puder, levante-se e vá cuidar dos negócios de outras pessoas, e executar (ou não) qualquer coisa que lhe pedirem, até o fim de suas forças.


este é um trecho do livro I: six nonlectures, de E. E. Cummings. Livremente traduzido por Srta T.

Um comentário:

Bá disse...

"Se não puder, levante-se e vá cuidar dos negócios de outras pessoas, e executar (ou não) qualquer coisa que lhe pedirem, até o fim de suas forças."

lapada!