28.11.07

De todos os fogos

Lascadão no artifício Curadoria do Poeta, para o Portal Literal, me faz uma cócega de privilégio e eu acendo, em brasa, do teu bucho luminoso.

redondamente encantada,
T.

13.11.07

Recuerdos de um periodista

- Drink, sr?
- Por favor, espumoso...

Estamos no lançamento de uma clínica pástico-cirúrgica. Eu, de otária que sobra no final do dia pra ficar até o fim ouvindo o que eles tem a dizer - eles, os pagam que pagam pelo anúncio. Um senhor de preto, mui delicado e solitário, assim como eu, talvez nem tão astuciosa, mas também entediada, mal paga e meio fora do contexto. Quem sabe um dia... Me aproximo em moldes-brinde.

- Prazer! O que o sr faz por aqui?
- Soy Diacono...
- Eu? Jornalista.

Todos vendidos,
embriagados para suportar,
aspirando algo além -
amém. amém.

9.11.07

COMUNICADO

Informamos que sim, há saídas. Mas antes, é preciso arredar qualquer manifestação de falso arrebatamento, falsas instruções, demarcações adulteradas ou inúteis pontos de fuga. É preciso alucinar as transmissões. Bardo. Atenção: música, ritmo e humor. Sem fôlego não haverá rumo. São muitos, todos, cegos em tiroteio. Eles erguem o pescoço; os vampiros estão famintos - e continuam mui seductores.

Mas esta mulher (e todas as anteriores) continuará cantando sobre os escombros enfumaçados, recolherá os ossos e correrá - com os cães e os porcos. Ouçam: Hilda Hilst.


Antes que o mundo acabe, Túlio,
Deita-te e prova
Esse milagre do gosto
Que se fez na minha boca
Enquanto o mundo grita
Belicoso. E ao meu lado
Te fazes árabe, me faço israelita
E nos cobrimos de beijos
E de flores
Antes que o mundo se acabe
Antes que acabe em nós
Nosso desejo.


(Júbilo Memória Noviciado da Paixão(1974)/ Árias Pequenas. Para Bandolim)

5.11.07

Fim de semana finado
recuerdos (a todo instante)
que ao invés de transubstanciar,
preferimos, como sempre,
entoar
durante três dias seguidos
a ode-açougue à nossos entes
numa tentativa
de relembrar a forma decadente,
e reafirmá-la a qualquer custo.

Instruções:
Amar o defunto
e demais corpos decrépitos.
Compactuar com as fragilidades;
perfumá-las de flores,
se apegar e depender de qualquer coisa-elo que assim nos ligue.

Compreende quem pode/ Compreende quem morre.