30.11.12

tan solo para mortos...


para Jubalina muse


Deus que me livre
De guardar tudo isso
só em mim
-       eu, quem?
Deus?
Eu?
Nós?


É preciso dizer,
na prática,
o som do que é traduzido
e se revela em novos círculos
- avistamentos gozosos, direi.


Se a poesia a mim fosse desnecessária
não haveriam tantas palavras
& descarregos like this,
desencadeio.


“Produzir” um poema seria uma tarefa inventada
a linguagem é anterior ao lamento
poesia é ritmo e descontrole.


O que mais me impressiona
são tuas impressionantes ondas:
maremoto.


Se tua dor se transforma num poema
-       menos pena, praxis.


O broto ritmado de minhas palavras soaria como um beija-flor em tua janela tatuada.


Os sentimentos mais puros são os mais indesejáveis;
alivie-se com um poema.


Instruções para morrer de amor: repetir um pagode romântico.


tamara e costa

30.10.12

Brasília é uma festa

Resultado do concurso de literatura Brasília é uma Festa, que foi patrocinado pelo FAC - DF , organizado pela FACTOTUM e apoiado pela Apoio.biz.  Foram, ao todo, 426 textos inscritos, sendo 317 aprovados para concorrer ao prêmio, contabilizando 89 contos, 86 crônicas e 142 poemas. Os concorrentes do DF somaram 34 contos, 36 crônicas e 58 poemas. (via brasiliaeumafesta.com.br)

Na categoria Contos, os classificados (nome e título do texto) são:
Primeiro Lugar – Gilberto Garcia da Silva / Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado
Segundo Lugar – Nicola Passos Maniglia / Brasília é uma festa
Terceiro Lugar – Cícero Fernando Pereira Leitão / A balada do neurótico
4o Lugar – Adriana Riva Gargiulo / Brasília é uma festa
5o lugar – Rui Werneck de Capistrano / Trabalho honesto, humildade e miséria
6o lugar – Tamara Eleutério Costa / Pilar também se levanta
7o lugar – Andrea Carvalho Dias dos Santos / A caixinha da menina punk
8o lugar – Rui Trancoso de Abreu / Um sonho possível
9o lugar – José Paulo Soriano de Souza / O bloco dos vampiros
10o lugar – Adão Paulo Martins de Oliveira / Zé Bom de Língua

Em Crônicas, são:
Primeiro Lugar – Eduardo Ferreira Moura / A Brasília dos meus recortes
Segundo Lugar – Geraldo Trombin / Em Brasília, 7 horas
Terceiro Lugar – Ana Isabel Mansur de Araújo Dias / Canção do domicílio
4o Lugar – Tiago Oliveira de Carvalho / Brasília é uma festa (de rock)!
5o lugar – Lethycia Santos Dias / A dúvida do brasiliense
6o lugar – Arnaldo Barbosa Brandão / Uma crônica marciana
7o lugar – João Carlos Saran / Brasília é uma festa (de debutantes)
8o lugar – Cristiana Silva de Oliveira / Nós sempre teremos Brasília
9o lugar – Nádia Maria Fernandes Lage Tebicherane / Forasteira
10o lugar – Monica Padilha dos Santos / Lápis Amarelo

Poemas:
Primeiro Lugar – José Carlos Barbosa de Aragão / Festa
Segundo Lugar – Regina Célia Rodrigues dos Santos / Brasília é uma festa
Terceiro Lugar – Pedro Oliveira Dutra Neto / Dama de pedra
4o Lugar – Roque Aloisio Weschenfelder / Avião em festa
5o lugar – Joceilton Bezerra Guimarães / Brasília, coração brasileiro
6o lugar – José Carlos Mendes Brandão / A festa móvel
7o lugar - Nádia Maria Fernandes Lage Tebicherane / Dança comigo?...
8o lugar – José Fernando Marques de Freitas Filho / Esta cidade ainda
9o lugar – Carla Renata Jorge Neves / Brasília é uma festa
10o lugar – Carlos Alberto Silva Innocencio / Brasília Inesquecível

15.10.12

Saindo do headscape


uma sequência de montagem paranoico-crítica

por tamara e costa

Agora, eu pergunto a vocês até que ponto as correlações que vi até aqui são válidas.

A CONVERSA é a seguinte:

Quando eu era pequena, meu pai era colecionador de OBSTÁCULOS. O caminho que eu levava para ATRAVESSAR da cozinha até meu quarto era cheio de IMPLICAÇÕES físicas. Constantemente tropeçava nos APARATOS de meu pai, devidamente dispostos de forma “anarcometódica”, tal como ele dizia:

“Atenção: trecho em obra.”
“Preste atenção nos OBSTÁCULOS!”

“Cuidado para não TROPEÇAR na OBRA.”

Minha casa então, lugar de ACOLHIMENTO e perigo. Passei a traçar rotas, desenhos, caminhos entre a OBRA de meu pai, traços mentais de caminhos abertos para o meu quarto.

Ao atravessar com cautela os OBSTÁCULOS e me DESLOCAR calculista, percebi que as IMPLICAÇÕES dispostas de papai iam para além de um estabanar-se. A DISPOSIÇÃO daqueles entulhos repetitórios formavam um escorpião com olhos de girassóis, algo que ao mesmo tempo me provocava ANGÚSTIA E CALMA.

Vamos ao presente.

Hoje, ao entrar no pavilhão de exposições da trigésima Bienal de São Paulo, exatamente no corredor esquerdo do terceiro andar do prédio, após vencer o transporte, a publicidade e as disposições estacionadas no interior da projeção de Niemeyer, me deparei novamente com o escorpião com olhos de girassóis e dei um grito. 




* Minha contribuição performance polifônica (vários autores), in "Conversas Coletivas 1: Fala, texto e som", orientada pelo artista Ricardo Basbaum e sua obra na trigésima Bienal de SP, apresentada e gravada no dia 13 de outubro de 2012. O arquivo sonoro será incluído na obra do artista.