3.11.06

putrefadas

homenagem aos defuntos lembrados neste feriado e pelo odor deixado por pessoas que passam

As vezes me perco em lembranças do passado, como se fosse alguma coisa com a qual eu tivesse contato. Bem, tive. E passo tempo demais passando a roupa-suja. Bem, passo. Algumas pessoas convertem-se em cheiros, outras em objetos. O melhor a fazer, neste caso, é me livrar das roupas e dos objetos dignos de associação. Converter a alegoria em simples vestimenta, adereço. Apagar os arquivos existentes. Pensar o passado como uma roupa que me serviu muito bem por um período, passado. Mas o cheiro fica. E por mais que difícil que seja, por mais mole e viva que eu seja, endureço pra não me esquecer - que por melhor e mais caro que seja o shampoo, o odor é sempre o mesmo. não dá pra evitar verdades tão tácteis.

Você usa cosméticos,
no rabo.
Salvem todas as pombas-rolas que voam devidamente, ocas, por entre minhas pacíficas pernas. Salvem-nas, dos males do mundo, das pequenesas, nojentisses... Do enfadonho. Enfim, salvem-nas de si mesmas.