30.12.04

Ia ser só um trecho,
mas pra acabar com o julgamento do corte (deus-e-paraíso à prazo);
cortázar e o desenrolar do novelo.

Então eu fico com o silêncio da pergunta
e da resposta mais bonita;
é mentira, é mentira e é mentira.


:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::


Ritual
(Cazuza)

Pra que sonhar
A vida é tão desconhecida e mágica
Que dorme às vezes do teu lado
Calada
Calada

Pra que buscar o paraíso
Se até o poeta fecha o livro
Sente o perfume de uma flor no lixo
E fuxica
Fuxica

Tantas histórias de um grande amor perdido
Terras perdidas, precipícios
Faz sacrifícios, imola mil virgens
Uma por uma, milhares de dias

Ao mesmo Deus que ensina a prazo
Ao mais esperto e ao mais otário
Que o amor na prática é sempre ao contrário
Que o amor na prática é sempre ao contrário

Ah, pra que chorar
A vida é bela e cruel, despida
Tão desprevenida e exata
Que um dia acaba

8.12.04

CABEZA MARGINAL

Hiperguetos, do João Filho

o cara.





.........................................................


Eolália, mais um desses peixes que NADAm - ficam - fogem - ou enfiam os cabelos na cara - pensou em dizer uma coisa. e não disse.

senti um cheiro de sabão-em-pó no que ar sobrou.

palavra lavada

..........................................................



17.11.04

cronópios!

deu fome?
come.

projeto-larica:

parceria Doutor Chiuso (mestre em gastronomia publicitária, megalomaníaco, jornalista inventor de molhos, escritor de receitas...)


porque é preciso ter 'ESTIALO'

- já comeu aquela pizza califórnia?
- pizza californication, do radiohead?
- abacaxi, pessego, figo, cereja e mucha muzzarella
- meo deos! suruba de frutas?
- quando eu tiver minha pizzaria vai ser esse o nome do cardápio.. meu sonho shoppenhauriano..

15.11.04



pedaços



dos ossos do orifício.


(vai, leva tudo)




9.11.04

lá:
Os planos ó, me mostrava. Tudo contadinho, certo que não vai faltar nem sobrar... daí você tira que comigo as coisas funcionam sob o limite. Milímetros. Cálculos. E tudo que for possível rumando o absoluto. Crê em deus, medida. Outros parâmetros pelos quais fica difícil parametrar já que o espaço está tomado. Os territórios todos ocupados.

cá:

.o estômago. estava apertado. como se algo ali. ali algo dentro algo se arregaçasse. aqui. fora os espaços se alargando. abrindo. sobro ou grito?
.engasgo-espaço.
.proximidades de um cuspe.

Cuspe desses concisos, .
Daqueles que batem no chão Bate e pof.
pedra-fura.
na testa-dura.

!descarrega coisa-rabuja!
.chega de culpa.

Nina

1.11.04

(território ocupado)

o tempo:

por trás
de frente
e entre.



entre - Viviane Mosé

22.10.04



no rádio:
... a minha fome morde o teu retrato

6.10.04

para-pedro-pedro--

de início:

um poema-unha
entre os ísquios
(bem ali na ponta da bunda)

e um desenho ao som
do choro do sol

- não pára por aqui
minha triste melancia da manhã comida.

1.10.04

somos absolutamente delicados diante da miséria sob a qual nos posicionamos,
quase intactos,
segurando pra não sair pela boca um abutre
ou um lobo.

saímos com a pudle (lê-se pudu) para que a merda fique de fora -
que todos saibam,
fora de casa.

ah se não fosse aquela porra do pensamento puto invadindo as pernocas gosmentas da minha bocaencefálica estaria sob controle sob todos os aspectos e pelos cantos da parede não haveria tanta poeira (escondida).

preferimos dizer que o lugar de samba é em casa.

aí a gente grita
e abafa com o travesseiro.

27.9.04

Teologia do traste
de Manoel de Barros

As coisas jogadas fora por motivo de traste
são objetos da minha estima.
Prediletamente latas.
Latas são pessoas léxicas pobres porém concretas.
Se você jogar na terra por motivos de traste uma
lata: mendigos, cozinheiras e até poetas podem
pegar.
Por isso eu acho as latas mais suficientes, por
exemplo, do que as idéias.
Porque as idéias sendo objetos concebidos pelo
espírito, elas são abstratas.
Se você jogar um objeto abstrato na terra por
motivo de traste, ninguém pode pegar.
Por isso eu acho as latas mais suficientes.
A gente pega uma lata, enche de areia e sai
puxando pela rua moda um caminhão de areia.
E as idéias por serem um objeto abstrato concebido
pelo espírito, não dá para encher de areia.
Por isso eu acho a lata mais suficiente.
Idéias são a luz do espírito ? a gente sabe.
Há idéias luminosas ? a gente sabe.
Mas elas inventaram a Bomba Atômica, a Bomba
Atômica, a Bomba Atôm....................................
....................................................................Agora
Eu queria que os vermes iluminassem.
Eu queria que os trastes iluminassem.


Nota: Poema lançado no livro Poemas rupestres (em Setembro pela Record) que já deve estar circulando por aí..

"a quinze metros do arco-íris o sol é cheiroso
Descobri que servia era pra aquilo: Ter orgasmo com as palavras."


.
.
.
.




É Manoel,
se não tiver vida não tem graça - vira lança(mento) - de troços por aí aos montes.
pra mim é como ligar o ventilador na cara dentro duma kitnet que não tem banheiro nem portas;
pro alívio dos que insistem em lançar vaselina no caos.

12.9.04

as costelas,
também comi.

5.9.04

pra deslizar no ritmo (convulsivo);

Meu Deus-Tornado,
por João Filho

4.9.04

Onde ha umacaco velho de cigarro-em-cigarro um chato pede pelo amor de apaga deus antes que a casa de ponta do carro
antes que cases ve o que fedes
antes vodka que mucosa
brasilia faz um tempo arrombado que esta na brasa - porta da casa do cigarro.

foda.
(ela usa penduricalhos no calor um ventinho amavel diz que sim, vai chover acentos bem pontuados, na franca estivesse tremendo seria - o casaco.)

30.8.04

pluma por pluma
ainda vejo penas
(disfarce glam)

que remetem
resquícios
míticos
que não metem medo.

sugeira? é titica.

tem um bilhete na geladeira pra v.
'o bolo é todo seu, coma com a mão mesmo..'

25.8.04

Clemente Padin

tem a ver o nome com o que vejo.

23.8.04

"Tentei e a coisa andou com facilidade. Mas eu não estava pensando, não havia cogitação. A coisa simplesmente se movia sozinha, esguichava como sangue. era isto. Finalmente eu conseguira. Lá vou eu, deixem eu me soltar, oh, como adoro isto, ó, Deus, eu o amo tanto, você e Camilla e você e você. Aqui vou eu e é tão bom, tão doce, quente e macio, delicioso e delirante. Subindo o rio e sobre o mar, isto é você e isto sou eu, grandes palavras gordas, pequenas palavras gordas, grandes palavras magras, uii uii uii.

Uma coisa ofegante, frenética, interminável, vai ser algo bem grande. Continuando e continuando, martelei durante horas até que gradualmente me pegou na carne, tomou conta de mim, assombrou meus ossos, escorreu de mim, enfraqueceu-me, cegou-me. Camilla! Eu tinha de possuir aquela Camilla! Levantei-me e saí do hotel e desci Bunker Hill até o Columbia Buffet."
Jonh Fante, Pergunte ao pó.


querer mais e forte. fante-oshe, cheque-sem-fundo ou qualquer coisa que boie ainda com vida. por vários motivos nem-tão-óbvios sou esta (perto), porque é simples, fácil e ágil, mas de repente pode se transformar em força moral-maior. coisa leve ou insustentável, pó-de-o-sim um dia ser intragável.

pó-de-ser - essa ou aquela.
agora lá. longe; do alcançe e do calcanhar.

futuro é quando você encontrar a chave do carro e uma carona já pó-de-ter me levado.

um pedaço,
Desire.

21.8.04

great effect..








Broken Social Scene


13.8.04

Os sabores das comidas e as fichas caídas.
voando pelo chão. eles correm, pegam, comem.
das sobras, do aperto.
e sempre termina em violência, audidência:
e o ex-presidiário matriculado num curso-rápido-de-conclusão-de-ensino-médio ainda tem fome.
faz um máscara na calcinha da menina.
também será perdoado, só que dessa vez pelo estado.
perdão, como fodes sutilmente.

e desta vez foi levado outra vez porque carrega a culpa nas mãos
ou porque anda de máscara por aí.


12.8.04


La Ave Maria


Os estilhaços mínimos
- galináceos -
que pausam as pulsões elétricas e os impulsos orgânicos
por um segundo que seja
Eu corto - arranco fora - e jogo na panela.

Não esqueceremos nunca tuas viceragens, mas estáis perdoado.

ass:






o buraco.

24.7.04

contração. entre as palavras usuais - uso abismo - para desmembrar o carcumente. sim, O carcumente. desde que o deus-da-guerra tem dado de guei para delicar e saber feliz (com sabor doce, do amargo trasnformado). daqueles molequinhos melequentos que chupam suas jujubas entre mucos, vermes e foda-se quem olha com nojo. peter pan bem verdinho. eu fumo. vê se enche logo...
encher o quê?
o copo - o ar - os vagos.
depois ele cospe, por causa do carcumente. nada que não for doce, lembre-se.


23.7.04

as cobranças vão morfar na caixa de entrada
no começo é de graça.

no começo...

 
FICFICFIC

Todas as cores do amor 
 



22.7.04

(tensão - ansiedade - psiquiatria -  skinner - mito da liberdade - passado - dependência)
tudo vibra.

em algum momento (por perto ou longe) algo foi desmistificado. a paca virgem - a vontade.
assim: você deseja tanto; enquanto assiste um filme, enquanto come, enquanto toma banho. depois de alguns anos percebe que isso lhe causou algumas sensações, talvez impróprias para o devido estado de socialização. onde a vontade se transforma em perversão, desejo de auto-mutilação abstracionados por dez ou mais camadas de tensão.

porque a liberdade estava mais pras pernas do que pra perto.   

  Antique Vibrator Museum


 






20.7.04

"Não me agrada o monoteísmo
  Não me agrada a monogamia
  Entre deuses diversos
  É possível encontrar um benevolente
  E entre vários amores
  É possível encontrar um verdadeiro."
 
                                         (Julio Cortázar)

 
entre as palavras ditas, entre as linhas, entre um cigarro e outro
pouco importa
entre é para dentro.

17.7.04


"Ai!... Ai!... (de quando em quando assim se sente)
Uma porra tamanha é dada aos burros,
Não é porra capaz de foder gente".

 
Glosador magestoso.
Andei relendo dos seus eróticos. sonetos, que quase nunca gosto. excessão. nem sempre a métrica concentra desculpas disfarçadas, esfarrapadas. por estar vivo e com tesão (séc, 17), lembrando. pai das artimanhas do ofício. pq convence e é convencido.  atemporal.
Bocage,
 
 
"...mas só se tem notícia de seu convívio com os poetas contemporâneos (entre os quais Bocage e José Agostinho) justamente porque estes costumavam interceder em seu favor quando era perseguido e punido pelo comportamento anti-social, ou seja, quando era preso por se exibir pelado em público ou por escrever poemas como o soneto XLVIII, que, segundo denúncia ao intendente da polícia, era "licencioso" e alusivo à "fornicação dos cães dentro das igrejas".
 
meu puto erudito.
 
essa eu dedico;
 
Arreitada donzela em fofo leito,
Deixando erguer a virginal camisa,
Sobre as roliças coxas se divisa
Entre sombras sutis pachacho estreito:

De louro pêlo um círculo imperfeito
Os papudos beicinhos lhe matiza;
E a branca crica, nacarada e lisa,
Em pingos verte alvo licor desfeito:

A voraz porra as guelras encrespando
Arruma a focinheira, e entre gemidos
A moça treme, os olhos requebrados:
Como é inda boçal, perde os sentidos:

 
Porém vai com tal ânsia trabalhando,
Que os homens é que vêm a ser fodidos.


  
 


15.7.04

A filha, ela deixou comigo. por uns dias porque ela precisava viajar. deixar algumas ligações pra trás, por pouco. tempo. que não temos. solidão sem eco. e esqueci a menina na porta de uma casa, porque os carros vinham atrás - atropelar. muitas curvas, dois dias. Depois de tanto procurar achei ela ainda no mato um pouco selvagem. mas ainda viva... com cheiro de mato e suja de terra.


"Savage things wash over me..."

12.7.04

A pinça aponta
o pêlo

enquanto decido se escrevo
um anti-romance
ou raspo de vez o conglomerado de fios espessos

pontas afiadas
agulhas hipodérmias
fios e navalhas

corte-orgânico
o arbítrio ou o ar

um cheiro forte
sobe...
vermelho.

7.7.04

RESÍDUO
Carlos Drummond de Andrade

De tudo ficou um pouco.
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco.

Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).

Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficam poucas
roupas, poucos véus rotos,
pouco, pouco, muito pouco.

Mas tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.

Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
de teu áspero silêncio
um pouco ficou um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.

Ficou um pouco de tudo
nos pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.

Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
em pouco de mim algures?
no consoante?
no poço

Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...

De tudo fica um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
do vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver...de aspirina.
De tudo ficou um pouco.

E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.

Mas tudo, terrível, fica um pouco.
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço do cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte de escarlate
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

13.6.04


só assim/assim só Posted by Hello

8.6.04

já esqueci que enquanto coçava sua cabeça um avião quase atropelou meu cérebro. quase derrubou tudo que era elegante e criativo. raspou rapidinho e caiu fora. quase uma pomba. quase uma cagada. quase na mosca - morta.

continuo,
sem estraçalhos às muriçocas

por enquanto.

6.6.04



everything or never again
dentro tua orelha fria; cazuzo-te


3.6.04

tremia: as pernas e a boca e enquanto falava engolia o ar e engasgava.

"vai repete!"

não interessava, pois pense: palavras n'água. já disse tantas e tantas e nada. só cortes de navalha. ou de unha.

Filmávamos e entre eles estava o palhaço-duble-face-gargalha. pela arte, por isso e pela arte tudo vale tudo se espalha e fica tão distante. cada parte tão longe que não dá pra saber de qual corpo estamos falando.

Tudo por causa daquela história de experimentação.

espontânea! ah, ha ha. o palhaço duble-face-gargalha desde as 5 horas da manhã - hora que acorda com seu despertador de gargalhadas. tudo ri. o epelho em forma de boca e uma boca desenhada quase em forma de U. um U gordo, diria.

bem, no fim das contas você me cheira.
é uma merda, uma droga, duas pessoas que se usam.

miséria é nosso tema, não a condição porque a gente não ri enquanto chora.

isso aí;

Rosa

2.6.04

uh! foda - vai salvar, vamos lá - a vaca não tosse, a vida e as vaca. o rebanho e as piranha. isso:



Pantomima
por Luís Antonio Cajazeira Ramos

Os melhores cordeiros da fazenda
seguirão para o abate na cidade.
Os carneiros mais fracos do rebanho
serão sumariamente degolados.

O bode velho vai pro sacrifício,
por mais que seu olhar peça clemência.
Nem mesmo as cabritinhas inocentes
terão misericórdia ou esperança.

As carnes assarão ao sol: fogueira.
As peles secarão ao sol: curtume.
As vísceras suarão ao sol: carniça.
Os ossos sumirão ao sol: poeira.

Somente a ovelha negra fica impune
... enquanto o bom pastor toca sua flauta.

28.5.04




envie minha calcinha!
mela session

oh que vou te tacar de cara aqui te pregar com palavra e foto e tudo e vem que te encosto na parede branca e te aperto do li até o tá - isso porque o ri é mexicano. aí você vai pisar o chapéu o óculos e o guarda-chuva e todas as tampas e coberturas. só vai sobrar um passarinho esguelando aquele lamento;

a teta e a lua.


também tua
tam

24.5.04

Adriana Lisboa
Angeli
Antonio Cicero
Arnaldo Antunes
Caetano Veloso
Chico Alvim
Chico Buarque
Colm Tóibin
Daniel Galera
Davi Arrigucci Jr.
Ferréz
Geneviève Brisac
Ian McEwan
Isabel Fonseca
Jeffrey Eugenides
João Ubaldo Ribeiro
Joca Reiners Terron
Jonathan Coe
José Eduardo Agualusa
José Miguel Wisnik
José de Souza Martins
Lídia Jorge
Lygia Fagundes Telles
Luis Fernando Verissimo
Luiz Vilela
Marcelino Freire
Margaret Atwood
Martin Amis
Miguel Sousa Tavares
Moacyr Scliar
Pablo De Santis
Paul Auster
Pierre Michon
Raimundo Carrero
Rosa Montero
Sérgio Sant'anna
Siri Hustvedt
Ziraldo



fLIPando-me quase que já.

23.5.04


provei

centros urbanificados
sentamos à mesa para degustar uma camiseta
alinhavados
os embrullhos temperados - desenvolvimento sustentável;
ou qualquer coisa que sirva.




16.5.04

concentrados e distraídos

Every time I rise I see you falling
can you find me space inside your bleeding heart...

Placebo, Passive Agressive

Apertado. havia uma gravata sufocada em seu pescoço. com calma desviei meu olhar já sufocado entre os nós que cada vez mais apertavam nossas gargantas. um moinho, como uma epiglote momentânea nasceu e a partir daquele instante já não restavam mais palavras, já não saía mais nada. Tudo estava preso e entalado e cheio de sangue. Cheio de mágoas. Navalhas. Capturas e estátuas. A ação: como alguém que tapeia uma cara que não é sua. ou como um desrespeito bem vestido que nasce não se sabe, entre a elegância e o desastre. talvez ódios outros entalados que você não quis dizer, aí mesmo se enforcaram sobre nossos corpos. sobre uma cama que não cheirava a nada. e você insistia em dizer que fedia. que algo estava com mal cheiro dentro daquele lugar. e fostes ao banho. meia hora de chuveiro e mais duas ou três camadas de perfume e creme. agora tudo estava cheirando. cheirava uma camada. Superficial. nada estava em ordem. Nunca. nem o cabelo penteado nem a calça lavada nem o sovaco desodorizado. tudo debaixo do tapete. Não havia tapete. tudo estava em perfeita ordem. Não havia ordem. a perfeição se fantasiou de acaso, para simular um encontro mágico. Não havia mágica. eu não te conhecia, tudo mentira.

9.5.04

desligo duas ou mais conexões; o contrário. sim, não era preciso antes me desvincular de qualquer tipo de excessos. mas agora, sim. o re-verso não é feito pra cansar nem pra repetir. re-faço-me em articulações ainda inflexíveis. um passo; entre o feixe que separa uma coisa da outra - a buraca.

3.5.04

de Régis Bonvicino

penetração pessoal-poética. Régis Bonvicino, poética penetra... mesmo. vendo aqui;



3


Alguns dos escritos no muro
podem ser designados como verdade


alguns como arte




4


O que é dito para representar um espelho
do dia-a-dia da vida em seu tempo




5


"Fabius Naso
fala pelo rabo


e caga pela boca"
por exemplo




6


"Foutes les Arabes"
por exemplo




7


Certas palavras e imagens
ou parte de imagens


se lascaram
Freqüentemente aparecem à venda


na calçada, tendas,
ante os muros


de outras cidades

1.5.04

acho que passou tempo suficiente antes que ele aparecesse assim entre outros ruídosconstantes, falando baixo em meus ouvidos cansados rosarosarosa, desenrolando meus dedos que ali estava enrolados dentro de um livro grosso que quase não dobrava. os joelhos flexibilizavam-se, sim mas ainda não era a hora de ajoelhar. quase..
à estrada;


Nick Drake-me.
fotografia
através dos olhos do mais polivisionado dos moços.

14.4.04

não há mais conflitos a serem resolvidos nem clímax. no lugar disso surge um bloco solto de relações (corre laços correm)

não tem sentido mesmo
ele mesmo diz
não é fácil penetrar em seu universo

seja sensível
ignore o bastante.

musical-me: yeah yeah yeahs
(que age automaticamente? pois há leões no palco)


7.4.04

a escolha está feita...

Guerra dentro da Gente:

Devagarzinho, ele foi entendendo a diferença entre os elefantes e os tigres. Até que um dia ele entendeu. A diferença é que os tigres tinham medo. Por isso é que eram assim: quem tinha medo, só podia dar medo. O mundo deles era um mundo com medo.
(Paulo Leminski)

31.3.04

sado-masocristo
esse nunca-basta me cansa
porque parece que esse tipo de intervenção nunca vai densvincular cristo do cristianismo...



"Mas vísceras expostas não seriam um problema, se a câmera não focalizasse carrascos lambendo os beiços e esbaforidos de satisfação."
A PAIXÃO DE CRISTO, por Marcelo Hessel na Speculum.
o olho que não pisca cada vez mais de perto causa uma lágrima - de cansaço visual. do que sê-vê: lentes a frente.

um homem e uma mulher de cabelos curtos nunca dizem nada. não dá pra saber quem é quem. olham cada vez mais de perto - um do outro/olho - e cápsula.

defendem-se
mas ainda sangra e continua sangrando
mesmo quando termina

e morre como se continuasse
despersonificação - sim, está vivo

corte: a maçã.





.
.
.






foto: sangra

28.3.04

"Não quero saber se a cultura é alta ou baixa. Quero saber se ela está viva."
Ademir assunção

27.3.04

Conferes à Valentina que ainda nos resta. pulsos. falo. pulso. rock. bocaberta. brit. oh. sim, é que ainda faltam ânus de luz para que você perceba que eu não estava ali. donde será que and'ela..

sinestam,
com asia e afasia mas sem reclames

26.3.04




logo de manhã

18.3.04

depois da obturação do eros
paulo scottiei

o estômago e as víceras já não causavam dores tão usuais.

17.3.04

nasce joana (da boca do canhão)

gosmas e babas e secreções e
experimentos e expelimentos e
extratavagâncias e extremos e
sangue e agulha

só para respirar.



****




"Mas, o mais importante, sempre, é fugirmos das formas estáticas, cediças, inertes, estereotipadas, lugares-comuns, etc. Meus livros são feitos, ou querem ser pelo menos, à base de uma dinâmica ousada, que, se não for atendida, o resultado será pobre e ineficaz. Não procuro uma linguagem transparente. Ao contrário, o leitor tem de ser chocado, despertado de sua inércia mental, da preguiça e dos hábitos. Tem de tomar consciência viva do escrito, a todo momento. Tem quase de aprender novas maneiras de sentir e de pensar. Não o disciplinado — mas a força elementar, selvagem. Não a clareza — mas a poesia, a obscuridade do mistério, que é o mundo. E é nos detalhes, aparentemente sem importância, que estes efeitos se obtêm. A maneira-de-dizer tem de funcionar, a mais, por si. O ritmo, a rima, as aliterações ou assonâncias, a música 'subjacente' ao sentido — valem para maior expressividade. (...)"

Guimarães Rosa
(Carta a Harriet de Onís, de 4 de novembro de 1964)



***

14.3.04



RETRO-VISÃO


aproxima-se um dia frio
aproxime seu pé de chuvas
armo a guarda

chuva;
batalha de pingos

parece que as coisas se parecem
e se encontram

assim do telhado escorre uma cachoeira de chuva que faz um barulho bem parecido com aquela música que ouvimos em cada um dos pingos - respiro - armo a guarda mas a chuva molha mesmo assim

molha dentro molha fora mesmo que haja teto para o nosso deslize



.

.

.

.


um dia meu pai disse que não era tampado
senti um buraco se abrindo
entre a elegância e as necessidades usuais veladas


.

.

.

.


ela pensa melhor sobre esse dia e se pergunta se seria legal não levar o guarda-chuva. para o caso de o tempo fechar


.

.


e não para de re(ver) até o dia morrer

.


o espaço entre os pontos encurta
(lembranças à Lígia)

12.3.04



Espetáculo Casca de Noz

.

.

.

cadeiras-pinico funcionais
Qfwfq - wc de cadeira
reconhecimento: à merda

também entrei na macarronada
macarrão como cabelos
por-entre-entro
e chego através do (r) (s)

pentelho
até as estrelas onde houve um ponto

ponto como sonho
onde se fixa o caos da minha suposta e momentânea e deleitosa e encadeirada
paz?

10.3.04

todas as pelugens - ingratas, depilos-te
(ainda sob efeito de Bataille)

um contorno de bigode acena para as orelhas
as bochechas escondidas incham de tanto fumar
e sobe e desce e sobe e desce a mão
até a boca
passando pelo bigode
faz curva na ponta
que encosta no cóxix - mas isso já CUlmina em outra questão

associação invocada à ingratidão
do seu devotismo castrado
cultivo de pêlos passam diante de meus olhos

e isso já é uma pista curva
que já não soa mais natural

temos lenços e paninhos
para sua pretensa-pretensão
doutor estetic'abaço



5.3.04

pulsa-me;

Era como se eu quisesse escapar do abraço de um monstro, e esse monstro era a violência de meus movimentos. História do Olho, Georges Bataille

4.3.04



ligada
"Queria que o poema fosse uma trepada."
Ademir Assunção
in-digestão

rock'n roll
ou porre

1.3.04

Vasta família dos gestos proibidos



A intimidade deles me dá um desejo de ficar perto espiando tudo, do meu lado triste, só olhando mesmo o lado epitelial até entrar pela porta - no espaço imóvel entre uma pessoa e outra. Me dá vontade de rasgar esse lençol que cobre sua bunda, bom, suas roupas íntimas, na verdade, não estamos pelados no quarto. Não, até que se prove que embaixo, ao contrário, disso aí tem uma máquina de pêlo intimando nossos sexos. Tanta coberta. Misericórdia! Perdão senhor, não tenho forças pra puxar essa coberta idiota que atrapalha meu movimento quase que natural de jogar minhas pernas em cima das tuas costas, enquanto durmo, bem, quase, em cima viro e caio de cara a cara até que nossas línguas se entrelacem num movimento juvenil. No café, quantas vezes a ilusão de um dormi bem nos fez felizes. Os acordos são profundos. Melhor dormir logo do que ficar desconfortável por entre as colchas encobertas. Que confortável a intimidade de conhecer apenas uma maneira de ser, uma forma de entregar-se, um jeito mais profundo de se passar uma noite ao lado de outro com a boca cheirando a cinzeiro. Para casa que é tarde, lá fora quem sabe duas mãos se apertem, dois bom dias se cruzem displicentes e façam alguma coisa diferente. Pra casa que nossas vidas tomam um rumo incerto, ainda tornam e tomam e levam quatro minutos em horas e depois de amanhã também, não há remédio, há cinema. Temos livros. Estamos um pouco mais unidos, graças a isso, mas a união passa depressa e precisamos voltar e levar a sério já que o dia que amanhece e isso nos parece um motivo suficiente. Você dorme de uma forma muito bonita.


imagem-ação
(Um ligeiro refluxo de bocetas para estimular o movimento do púbis)




28.2.04

poeminha barato
(não custa nada..)

cheques alçam vôo
carteiras ecoam

e a cada 3 malboros
um ligeiro desconforto



ouçoisso; been smoking too long - Placebo

26.2.04



pauleminski-me

20.2.04

assuntos mal-resolvidos, revólveres e e-t-e-c-é t-e-r-a nos ouvidos

volta de surpresa
de aproximadamente 2.500 km
abro o portão e como não
entre

mães, tios e coisas do tipo na sala
quarto-nos
som ligado
duble bed
mas é claro que não funciona
o que foi foi resolvido é revogado.

puf. acabou. próximo...

durmo no canto da cama
virada na parede
entro;

há um desfile de sapatos coloridos - rosa chock, verde limão e cores gays do verão. um desfile hip-pop sonoridades. da moda. as mulheres estão roucas. lou ri e é muito engraçado. todos riem. deja vú. na hora da dança o som muda - vira frevo. impossível dançar. fim. fim de festa. um dos meia-dúzia que fingem entender os filmes de Linch, se aproxima com alto falantes "esta casa é muito barulhenta, atrapalha a mega-editorial-cinematográfico-acadêmica-produções aqui ao lado... blilbalbo" agora somos todos os mesmos diante dum bacú. mulheres prosseguem e logo a frente uma arma no chão. quase piso. e finjo que não vi pra não morrer com um tiro pela culatra (do de trás a quem pertence o ferro). então escapo de uma bala - que me entra pelo ouvido. sooooom. e hoje mesmo já estou na capa da "esotéricos do infinito"...


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música-paranóico-martelante

seilá a tanta coisa que a gente não diz como um despertador que a vida tomou no trabalho e no amor por isso eu quero mais não dá pra ser depois não sai da minha cabeça e agora que já é vai saindo e vai não volta mais depois vai pra bem longe vai...

quem escreve seus males descreve
no tom e no rítmo do inimigo
(ataque silencioso)

18.2.04

senta, relaxa e olha bem
cadeiras do cine (edição: romantic classics):

deitas no meu colo porque quer uma mão no rosto
passeio-te
num nível abaixo do que está sendo dito
na legenda, lemos os olhos
e já um encontro de superiores lábios
inferiores de nós
vontade mesmo de passear por tudo
sem partes
ou enfoques usuais
(ensaio)

enquanto isso...

vejo mesmo dissimulações
e um bando de cachorros canibais
a passear pela carniça
o que sobrou é podre;
fede e está car(cormido) antes mesmo dos carnavais

o que me resta é bloquear os arquivos 'do dito'
tudo simula -
uma cena que nunca esteve em cartaz.

13.2.04

traços de frieza

sugere rubem na seca
- fica no mato que é carnaval, ossudo

(limites da vida urbana; alegoria do fonseca)
explodentes
uma sondagem à estirpe de Hilda Hilst (ainda)

dedicando-me ao emburrecimento das causas usuais;
dois dias de leitura não compreendem o lamento

mas os cães cumprem a obrigação
e não me obrigam, nem violam - eis outra morte para o que pulsa (va) atual
é ter sido pior que aquela morte, a do estar sendo

ação: lambe as botas e as sandálias e volta pra casa-trancada sem reclamar
foi assim com elas também
desvairadas sob pseudônimo

mas eis que surge um macho visível
é brilhante
mas tenho horror a aniquilação do que aquele dizia sobre a morte das coisas
aquele ainda vivo

e assim seja
minha parte está sendo escrita

uma dose de atualidade - histórias independentes que se cruzam - de acordo com o próprio (David Linch) seus filmes não são para serem compreendidos - meia dúzia de intelectuais - uma banana raquítica e destroncada - outra história magricela

estou cagando para as aplicações.

Tamara Costa, Tamz


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"Senhoras que cospem na prostituição, mas vivem sofrendo escondidas num véu de sujeira e festinhas hipócritas e mançandes onde organizam o hino de cornetas ligados para todos os gozos, num coro estério, mas barulhento." Patrícia Rehder Galvão, Pagú

4.2.04

aperta e solta. fumaça e hálito. um vem e vai aqui dentro. se REmexendo no estômago, onde estão instaladas tuas víceras - em mim. de volta ao pó. do êxtase, sem movimentos comedidos, arlindo vive... do teu leite também, a estetica'baço entre outras, deleites - se partem, se juntam depois aos pós - tudo.. de novo


nota, uol
04/02/2004 - 11h00
Morre escritora Hilda Hilst; enterro será às 16h em Campinas

25.1.04

outra coisa

ele vem por cima com psico-patas e olhos lacrimejam. olhos que tem aquele branco perto da pupila. dá pra ver alguma lágrima ali por perto nadando. como se fosse o motivo mais confiável para uma entrega. mas já disseram antes e um pouco de violência é necessária. às vezes é impossível conseguir algo sem violência.

de todos os espaços o aperto
telefones já não funcionam como antes
causam dois dias procurando fósforos, apenas testa queimada
suor e chuva

duas noites
densidade: a festa vai acabar vai tudo voando pelos ares mesmo pela estrada ou por cima desse corpo.

dois comprimidos

fluoxetina-me antes de entrar no abismo
entre - uma parte torta outra corta.

duas vozes no portão
narinas em fluxo, cheira-me um sal, um perto, um surto

um momento só
meu só um momento
só no canto do só neste canto perto dentro
uma solidão flexível e confortável
perto, bem perto do meu próprio ridículo.

bem perto dos pós. areia nas malas e nos olhos e ...

7.1.04

post remetente-remelento: no true (false) oh no your eyes


Filme iraniano
coca-cola sem gás com limão
limpeza de pele
sem burcas e com palavrão
mulheres, minhas mulheres são
sóis

.

postuo-te de volta da volta mesmo estando em outros lares cultivando outros ansejos, another eixos, anos de volta. eu vou. só pra saber cometutetá.!.?.

5.1.04

Matéria de Poesia
Manoel de Barros


Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe à distância servem para poesia.

O homem que possui um pente e uma árvore serve para a poesia. Terreno de 10 por 20, sujo de mato, e os detritos que nele gorjeiam, como, por exemplo, latas, servem para poesia.

As coisas que levam a nada têm grande importância. Cada coisa ordinária é um elemento de estima; cada coisa sem préstimo tem seu lugar na poesia.

As coisas que não pretendem, como, por exemplo, pedras que cheiram água, homens que atravessam períodos de árvore, se prestam para poesia. Tudo aquilo que nos leva a coisa nenhuma e que você não pode vender no mercado, como, por exemplo, o coração verde dos pássaros, serve para poesia.

Os loucos de água e estandarte servem demais para a poesia.

O traste é ótimo, o pobre-diabo é colosso. As pessoas desimportantes dão para a poesia.

Qualquer pessoa ou escada, o que é bom para o lixo é bom para a poesia. As coisas jogadas fora têm grande importância. Um homem jogado fora também é objeto de poesia. Aliás, saber qual o período médio que um homem jogado fora pode permanecer na terra sem nascerem em sua boca as raízes da escória também dá poesia!

Tudo aquilo que a nossa civilização rejeita, pisa e mija em cima, serve para poesia.

Sobre o(a) autor(a):
Manoel de Barros nasceu em 1916 em Cuiabá (MT).
Advogado, fazendeiro e poeta pantaneiro.
Chamado de "Guimarães Rosa da poesia".




ouça-audio/fonte: do programa Provocações - por Antônio Abujamra

4.1.04

e meta

olhar pro infinito do espaço em branco. escrever. entortar. as farças, nacas e palavras enquanto fumo um cigarro demasiado solitário. No fim era eu. Eu e um cigarro também solitário. E a porta se fecha.

Apenas uma brecha de cordões entre nossos nós
(nada).
sem rumo os hipopótamos prosseguiam em sua cavalgada
caminhada bomba
(nada).

Sim.
Projetos de sim.
Sem recuar à primeira
"O que é que eu vou fazer?"
sim
disse
(nada).

A virada está virando
E aqui em cima ouço o grito
"só"