29.12.02

Do oh
quentinho

Oxalá meu pai santo daime da virge madre, vai e venha para este corpo o ato personificado! Como sunsê pudesse limpar as coisas do demo que se imprimem por dentro. Apagando vai, os gestos automáticos. Por que você nem sabe porque não quer e já não quer mais. Vá tirando isso do sarro, do saco grande, meu grande saco, que balança e aguenta, pra lá e pra cá e nunca encontra o vazio pra descançar. Sunsê me der o oh, eu faço mágica e rezo prum santo só e troco de nome outra vez. Tudo pelo seu todo oh. A moça lá dizia que pra fazer direito é preciso sair da multidão, aí fica difícil não pensar que tudo não vai ser uma nova trapaça lançada ao mundo, para o chão sujo - que todo mundo finge que não vê. Outro lá dizia que tem mês pra tudo, que os tempos de reclusão lhe valem melhores dias. Então vem uma nova lua e quem sabe o oh apareça inteirinho na minha frente, sorrindo. Ah, ia ser tão bonito. Acho estranho saber que a certeza que eu tenho é disso, mas nunca minto e não duvido que tem hora que a gente tem que calar o bico pra não ser chicoteado. Eu preciso é acreditar que um dia você vai desejar se abrir pra mim. Para libertar o todo, libere a parte - que entra no todo. Se não for agora tá bem, tudo bem, oquei, não vá achando que a merda vai acabar só por causa disso - vai achando que ela volta depois pra atormentar, saindo dos mais vastos cus do universo, tudo para seu cérebro, tudo castigo meu. Porque as maiores urucubacas que os homens pensam sofrer são as custas de frustrações, desejos contidos, ensaios, ensaios e nenhum espetáculo. Oxalá dos ohs, faça ela aceitar. Porque senão vai ser uma tragédia. Aí vem a enchente no fim de semana e os poucos que sobrevivem reconstruem sob os destroços as habitações dos ohs arrombados dos que estão em crise. Novas, é disso que precisamos minha flor. Vamos fazer! Posições novas. É isso que temos diante dos olhos. Velhas-posições-estagnadadas-e-sem-nenhum-espírito-de-ação. A justiça divina não tem nada a ver com o destino dos nossos ohs. E a senhora nunca aceitou que eu te metesse naquele oh, olha bem, não vou nem pronunciar com o palavreado que gostaria, tudo para que a senhorita veja que tenho boas intenções diante do seu oh, olha bem nos meus olhos - isso é apenas um desejo universal. Por isso eu procurei alcançar a coisa em si com experiências aleatórias, procurei aquilo que oh, não te traí o sentimento, foi tudo pelo oh - eu não quero mais falar dessa repreensão. Chega minha flor de inverno, eu te poupo a poupa. Isso me dá raiva e posso acabar te machucando se eu perder de vez o controle, sem que você queira. Porque eu faço até macumba. Porque o homem tem razão para se autodeterminar e só assim descobre as boas novas que vêm reconstruir seus estragos infecteis. Eu quero o oh! E continuo pedindo pra quem não conheço nem nunca vi - oxalá ave ave santo daime - enquanto você não bota fé nas minhas vontades.

24.12.02

Do sofrimento do mundo, de nada vale além do sexo, demasiado sexo; pois há o primeiro sexo e também as relações correlacionadas ao terceiro sexo e suas encurvações, à esquerda alguém sobe em cima do outro, enquanto o próximo não vem... O palco é feito para os pelados, mesmo (como diria reflexivaleatoriamente soniaabrão). no email; capa da playboy de dezembro, com Suzane Ritchthofen "Ela vai te matar" - pena que não dá pra postar aqui. Como diria Zarastustra, humanos não, eu amo os passarinhos, as bestas, os leões e os camelos.

Então por favor, não me fale em natal...
Huma Alma Amoral já na Garganta!
Esqueci de colocar o baseado em -Tudo sobre minha mãe. Que assisto toda vez que retorno ao todo, todo amor, com Almodóvar.

23.12.02

Ainda não terminei o livro mas isso tá bom demias. Esse cara, segundo meu amigo cujo livro me emprestou, é um autor de quadrinhos e desenhista (ele mesmo desenhou a capa do livro). E tem uma história bizarríssima (factual ou não)... Ele estava muito deprimido e os amigos fizeram uma festinha no dia do aniversário dele. Uma das amigas o chamou pra ir no carro buscar alguma coisa - e eles foram sequestrados. Colocaram ele amarrado e encapuzado no maleiro. Parece que o cara acreditava que se desejasse com muita força, muita mesmo, conseguiria morrer. E desejou muito... Então tudo não passava de uma brincadeira escrota dos amigos. Depois do acontecido ele piorou nos conformes da depressão. Com frases curtas e boas e com um cheiro desagradável - que vai além do...

O cheiro do ralo, de Lourenço Mutarelli.

uma figa:

"O cheiro que aspiro vem do inferno.
O vulto é o cheiro também.
Porra eu estou assustado.
Noto minhas mãos tremer.
Que merda que é isso agora. Pego o whisky. Tomo no gargalo.
É preciso acalmar. Vão se foder. Eu sou mais eu. Eu lembro do que Strindberg falou no inferno. Eu sei que Freud falou sobre o medo. Sei o que falou dos fantasmas. Os fantasmas são a culpa. Mas eu desconheço esse sentimento. Eu não gosto de ninguém, nunca gostei...."
pg 29.

22.12.02

I'VE COME TO TALK WITH YOU AGAIN
Sol em áries, lua e ascendente em sagitário, vênus em peixes e plutão em escorpião.
AND THE VISION THAT WAS PLANTED IN MY BRAIN,
Transtorno obsessivo-compulsivo, ansiedade e florais de bach.
STILL REMAINS...
WITHIN THE SOUND OF SILENCE...

(Simon e Garfunkel e interferências disléxicas)


19.12.02

Nós também somos do mato como o pato e o leão, viva gil! ou não...
Li uma denúncia à soberania gil na Bahia, coisa que todo tamarindo tem, mas enquanto o tempo não trouxer teu abacate...
Gerador de letras tribalistas, do Mundo Perfeito. Originalzão!
cazuzeando com meus botões...

"A tua piscina tá cheia de ratos, tuas idéias não correspondem aos fatos..."

Tá, eu saí pra comprar chocolates com a mama e o rimão. Entrei numa livraria para comprá-los, claro, obviamente... Saí de lá com um menino que estudou comigo na oitava série, mais conhecido por seu sovaco extremamente fétido e por suas belas jogadas futebolísticas. Saímos pra passear, eu andando ao lado, tipo nas plantações verticais-inclinadas, porra eu tenho equilíbrio, pode ser isso. Mas o canteiro começou a ficar vertical e não deu mais então ele me jogou pra cima, pleonasmicamente. Caí dentro duma piscina burguesa e quatro velhinhos aposentados me olhavam da sacada da casa. Eu estava pelada e precisava sair dali, ou não, o mundo é azul, qual é a cor do amor? sei lá, sensação de que eu poderia aproveitar às custas dos outros a piscina, mesmo... Mas acabei entrando num cano subterrâneo que foi dar na barriga da empregada, eu, DIGERIDA entre as feses e as comidas acabei... acordando pra fumar. cabecinha, cabecinha...

" ...nadando contra corrente, só pra exercitar, mas ficou tudo fora do lugar, teus pêlos, teu gosto, não pode ver que no meu mundo um troço qualquer morreu, pra se distrair, vida breve, parece que fugiu de casa, enquanto acaba, viver é bom, com os braços sempre abertos, nunca existiu, nunca, mas a gente inventa, quero que você me leve, pra me transformar no que te agrada, gurus da índia, todos querem se dar bem, que o meu novo nome é um estranho, quero tudo, vida louca vida, procurando a onde ir, pra ver que não é nada sério, eu tive um sonho ruim e acordei chorando, eu já nem sei se eu tô delirando..."

continua... mas a piscina...

17.12.02

Contrações-abdominais-involuntárias-invadem-meu-emocínio.

16.12.02

Ária amaríssima de um instante
(Hilda Hilst)

Ária Amaríssima de um instante
SOBRE mim o sudário das coisas. Brandura extensa
Camada-transparência sobre as gentes. Vê só:
Eu não te olho com o teu olho que sabe
Que quase tudo em ti é transitório. Meu olho-liquidez
Descobre uma tarde esvaída, tarde-madrugada
Tempo alongado onde te fizeste em viuvez.
Não perdeste a mulher ou o homem que amavas. Amamos tanto
E a perda é cotidiana e infinita. Não é isso
AGORA
Quando te olho e sei de um Tempo-Tarde-Madrugada alongada.
Olhaste à tua frente, ou do lado ou acima de ti
Ou não olhaste, ou de repente alguém entrou na tua sala
E disse claramente: devo dizer que sim àqueles da Extens Union?
Que sim? A quem? E sou eu mesmo, este que está aqui?
Distância, sigilosa incongruência, eu mesmo?
A boca do outro continua: prazo perda dez por cento solução final...
Solução final final... Te dobras inteiro com muita sobriedade
O documento na última gaveta, bem à esquerda... Meu Pai,
Entre o papel e eu, entre esta mesa e eu
E essa boca inteira debulhada, entre eu mesmo e aquele
Que repete Union Union, que filamento? Âncora,
Tempo coagulado, um dia fui descanso e pastoreio. Um dia
Tudo era eu, bulbo que seduzia, goela clarividente
Uivo gordo viscoso, uivei entre as parreiras, uivei
Porque sabia deste AGORA,
Que a cadela do Tempo me roia, ia roer, rosnava me roendo
Cadela-tempo, tu e eu... que contorno de nada, que coisa ida
Nossa dúplice aventura, que... que sim, que sim... Olha:
Diga que sim a esses da Extens Union.


Texto extraído do releituras que extraiu do "Cadernos da literatura brasileira", editado em outubro de 1999.

15.12.02

LIVRO: Morangos mofados, por Caio Fernando Abreu.

Você passa a vida inteira escrevendo e tirando dos bagos a essência de alguma coisa não dita, experimentanto tudo com a própria coluna o sangue das experimentações não-experimentadas - maneiras diferentes de ver as coisas permitindo melhor a imaginação dos preguiçosos de plantão. Porque a maoria das pessoas não vive, apenas existe já dizia outro escrivinhante... Olha, as palavras não são objetos, não vamos domesticá-las usando tantas aspas - paradoxalmente sou a favor dos direitos autorais, melhor dos direitos dinheirais. Porque pra ter vida é preciso comer, e pra comer... tá, eu uso aspas mesmo. Depois que o sujeito morre os leitores tem a chance de mergulhar no universo... blablabla. Confiram a matéria simplesmente.

Cartas para Hilda Hilst e para Adriana Calcanhoto também, logo después.

12.12.02

REPOUSO BRAÇAL,
absolutamente impossível postar por alguns dias.
tb não posso fumar muito
muito menos ingerir acóolicos
nem levantar os braços nem dormir de bruços, ou seja,
eu sou um vegetal disfarçado de tamara,
mas só até o ALFACE acabar...

asta!

10.12.02

"Caviloso. Essa palavra saiu da moda mas deveria ser reconduzida, não existe melhor definição para a alma do felino. E certas pessoas que falam pouco e olham. Olham. Cavilosidade sugere esconderijo - cave - aquele recôncavo onde o vinho envelhece. Na cave o gato se esconde, ele sabe do perigo." por Lygia Fagundes Telles


"O único obstáculo entre a grandeza e eu sou eu mesmo." Woody Allen no divã

5.12.02

Volte para o seu lar

Chegar de chegar na minha casa e não dizer nada e ainda assim conseguir ser suficiente. chega de chegar na hora errada. já estou saindo, arrumando meu sutiã e não me grite mais daí de baixo porque então acho que é mais uma voice daquelas que eu já nem sei se sei... já nem sei se são eles ou se é você vindo de todas as partes, arrancando tudo, inclusive meu último resgate - a minha doce e esquecida memória.
Ia colocar um teste babaquinha aqui, mas também não vou mais.
chega de porcaria!

EU COMO ALFACE!

3.12.02

Goiânia Noise festival, com a perfeita cobertura dos meus queridos Patrícia e Rodrigo.
Confiram!
É notícia na revista dynamite.
EU NÃO CONSIGO ARRUMAR OS ARQUIVOS!
quarenta e nove vezes burra!
mas eu não desisto...
FALANGE CANIBAL





Umbigo, por Lenine.
"O texto fala por si, qualquer tentativa de explicar é chover no molhado. Todos que lidam com a exibição me entenderão. Talvez por causa da minha formação socialista, essa canção funciona como um auto-exorcismo, um mapa para não me permitir o distanciamento das coisas que são realmente importantes. Dois grandes amigos nos ajudaram a dar forma à canção: Eumir Deodato e Ani Difranco."

conversa com ele na somlivre.com


(puta som, os ouvidos agradecem)


2.12.02

Um buraco - pra sempre um furo

Não quero entrar neste jogo e ao mesmo tempo contraio minhas pernas na janela e amasso este panfleto de outra festa. De outro dia. Amasso com as mãos e você olha para elas e pensa em segurar esta bolinha que fiz com uma das mãos que toquei. Uma bola pequena, sem problemas, sem colapsos. Faço outra igual. Uma outra maior. Veja minhas mãos. Estou crescendo. Não, não é isso que você procura. Mas o que faz aqui? Não, não faço filosofia, mas faria. E tantas outras coisas que você nem sabe, nem precisa saber desse jeito, neste agora. Que me deu. Dor. Me dá e só consigo estar em mim e codificar meus destroços. Pra quem? Não importa, escreva tudo porque é preciso materializar essa coisa antes que ela te sucumba. Antes que vire merda. Faça uma bolinha, faça alguma coisa logo e Não morra agora. Faça ficção. Isto é uma boca, com dois brincos de cada lado, três adentro e estamos no ato com as línguas dando rapidinhas dentro de um buraco escuro. Você foge e eu grito bem alto que tem uma luz lá na frente que ainda não vi. Não, não procure o ponto. Ache, e além do mais você está achando e fugindo e eu sou volúvel agora porque tenho medo mas nunca digo e preciso me apegar as coisas, assim, sem compromisso e de um jeito que ainda não explico estas.
Digitais.
Não alcanço o alce da tua chance e me perco nos códigos. Me perco, eu digo perco o começo, se é que tivemos, até nunca mais, nunca mais pra sempre até. Melhor não acordar ao teu lado. Pra sempre adeus. Está dito.
Você não disse isso! Digo que digo sim e porque foi o que estava me permeando, pra sempre sempre e nunca. Nunca! Foi isso que segurou meu corpo ali preso. Pronto. Estou contra mim, contra partida e corrente amarrada; correntes nos braços e naquelas mãos só tuas - naquele dia. Não divido com ninguém. Atenta. Não há horas nem tempo contínuo. Amasso as bolinhas e volto para a bolha. A música tentando entrar no fluxo descontínuo de sinais que capto, capto às vezes e me entrego unicamente. Nesta hora entrei na tua bolha, foi lindo. Até eu entrar dentro da caixa de - malboro - vazia e ficar lá dentro pra sempre. Um buraco e um brinco, duas línguas e quatro brincos. Outro buraco onde a luzinha acendeu e voei longe e pra sempre é pronto, nunca mais.
DOCE DE PORRA

Doce doce de iguaria rara
Chute no saco soco na boca
Jato de porra na cara

Crime de merda, pudim de pus e suor
Gole de sangue doce no início amargo no fim
Todas as dores claras

Paulo Leminski


Manifesto Ruptura (1952)

1.12.02

lá na garganta, eu apresento Amantes do código
Ah, vindo de uma peça; o filme que assisti- Hedwig: Rock, Amor e Traição



Trata-se de resolver a própria identidade e assumir e aceitar o que você escolhe.
Aquilo está dentro, escondidinho, e vai saindo por todos os poros.
Você aceita e assume as rédeas do troço, mas se fugir vai encontrar com seu retrato frustrado por toda eternidade, se repetindo...
a vontade fixa sua cara no planeta e já é hora de ir atrás. Com muita música.
a realidade é muito mais dura, mas ela amolece, eu vi...
eu vi a pedra e não achei graça.
pra valer, fodam-se os outros e os estragos do estático.
fico com o fluxo, bye baby duro, você fode com meu espírito!
Música para os ouvidos, bem, a banda eu acabo de ser apresentada pelo Gui - que disse que eu ia gostar, com certeza.
more news...

óh, dubão questo cd!



27.11.02

REFORMULAÇÃO BLOGUIANA!!!

devagar eu consigo (que palavra escrota!), mas agora vou assistir um filme que ninguém é de ferro..
nas profundezas do auto-conhecimento rimbaudiano, vamos lá!





De acordo com Rimbaud, que vogal voce eh?


Richard Ashcroft (dos Verve)

"I am here in my mould but I'm a million different people ..."


25.11.02

Vou subir a escadaria da Penha de joelhos pra ver se eu acordo esse corpo

“Se ela não gosta de mim o que é que você tem com isso? Se ela não presa, é ruim. Gostar dela é o meu compromisso. Guarde o seu conselho professor...”

È assim que acontece. Vários anos de dedicação e fidelidade. Eu sou fiel. Isso mesmo, o gostar é fiel. Encontrar os outros por aí faz parte do meu contrato, não mostrar tudo de forma tão clara, desaparecer, aparecer com outro e voltar e ir e sonhar e achar que tudo vai ficar bem simplesmente porque eu cumpri o prometido. Pra mim, só eu sei – você não precisa, mas pode sentir isso. Eu gostaria de ser mais foda-se pra tudo muitas vezes, mas é que eu cumpro as promessas, estou presa no meu próprio elogio e por mais que eu não reze com preces rítmicas eu peço todo dia seu corpo em cima e outros detalhes e coincidências pra ver se você percebe que a gente vai acabar se fundindo, mesmo sem promessas ou contratos.

Eu faço música e esqueço. Eu me mato e acordo outra, em outros, braço, eu sinto você entrando e indo embora sem levar nada em troca, como o amor que tenho pelos animais, sem resposta, sem palavras, só gestos que declaram a única expressão que cola no cérebro – este é o contrato. Penha, penha, eu vou ralar esse joelho e sofrer o corpo como os religiosos, por um motivo ilusório, eu vou acreditar e vou me livrar do pecado... ah eu vou fazer até urucubaca se precisar. Vou procurar um xamã ou um psicólogo, vou tomar florais de bach ou anfetaminas, mas eu hei de ser melhor pra mim. Eu prometo, eu juro, não vou ser o único dos fiéis no fim, eu vou pecar contra o contrato também!

Eu quero o divórcio, definitivamente...

... sabe o que é chegar num lugar e não ver ninguém além dos sexos e das diferenças físicas, não olhar em volta porque você já está preenchido com o compromisso mais fiel de simplesmente gostar. Não, não encontro meu rosto no espelho porque eu não ouço o conselho do meu cérebro. Eu me estapeio pra voltar mas não dá, AINDA. Você é foda, mas eu sou pior.

20.11.02

ah, vou entrando assim sem mais nem menos mas é porque estou na faculdade de psicologia que eu tranquei semestre passado, estou tentando tentando tentando - desde uma hora da tarde - pegar MEUS créditos, afinal eu cursei quatro matérias aqui e pode ser que algo possa ser aproveitado...

eles tratam as pessoas muito mal.
a mulher da secretaria tem cara de quem está se engasgando o tempo todo...
estou puta.
muito puta.
quase perdi a pose
e vou embora dessa porra sem nada nas mãos...

merde!
AI QUE VONTADE DE MATAR A MULHER ESTÚPIDA E PORCA, NOJENTA E ESCROTA QUE TEM O OLHAR MAIS IDIOTA DA FACE DE FLORIANÓPOLIS. FALTA DE SEXO, SÓ PODE...

12.11.02

Raspando os dentes na escada e colocando mais peso na balança
Foi o medo que fez a coisa mais terrível que poderia acontecer hoje. Comecei a ralar com os dentes na escada, chorando desesperada, inexcrupulosa e ainda por cima desdentada. Não há passagem para o homem formado, não há abertura pra nada. Afinal parece tão fácil chegar ao ponto, mas se perder o vôo já era. Eu perdi e esta mulher chegou com muito medo porque sua mãe disse alguma coisa que significou - ninguém se importa com você. Sensação de inexistência. Que horrível, que fim. Então construi uma solidão dentro de uma caixa impenetrável, e é assim que todos os filhos desfazem-se dos umbigos - a ponta pés. Me senti estupidamente sozinha e sem ninguém após as palavras forras de minha mãe. Porque eu saí de casa por causa de alguém, ou por causa de mim? Várias tentativas e muito medo, afinal quando senti a solidão comecei a raspar os dentes na escada e fiquei banguela, e não morri - apenas chorei.




terrvívi. não quero.
Dormi te amando. Várias vezes, eu disse antes como numa tentativa de mandar até você o que eu sentia. Então eu dormi, e sonhei. E no sonho haviam bruxas em vassouras, eu disse que acreditava, e mesmo vendo não me surpreendi tanto. Bruxas no céu, dia das bruxas, algo do tipo. Mas um dilúvio destruiu toda a cidade, que estava mesmo estranha e acinzentada e normal. Até que o mar começou a se agitar e uma onda gigantesca se aproximou sem que houvesse tempo pra correr. Estranhamente eu subi numa porta e me pendurei, como um morcego, de cabeça pra baixo. As ondas vinham, destruindo tudo, inclusive as pessoas. Mas meus joelhos eram fortes, e eu não caía. Sentia a dor muito mais forte, e a onda aumentava e caía sobre a cidade. Eu aguentava e mais outra onda vinha, era terrível, pensei que não ia aguentar, meus joelhos estavam imóveis e duros, eu sentia, e vi alguém ao lado, enxarcado. Pedi ajuda pra descer. A maré baixou. Ele me ajudou e passeamos sobre os destroços. Depois eu acordei te amando outra vez, lembrando daquele beijo, que ficou marcado na minha memória, até mesmo depois daquele dia. Depois que acordei.
HÁ TRÊS DIAS TENHO OS MELHORES SONHOS QUE DEPOIS VIRAM OS PIORES PESADELOS. HORRÍVEL.

7.11.02

estou quase indo pra casa mas não consigo, estou com a mochila de curitiba aqui ao lado e está pesada e o ônibus como sempre lotado e suado e na minha casa não tem água nem internet, merde. Mas já estou indo porque estou intrometida numa aula de moda, nos computadores bem quietinha e acho que o prof já está me olhando, eita eita...
SEM INTERNET É FODA.
FALE COM ELA, pelo Almodóvar de deus, pedro amor, é tudo, é o trailer aqui também pra quem não viu, não percam tempo!



6.11.02

Então todos os planos começam a mudar, e derrepente parece tão claro que foi barato e por pouco, por nada que se vão, que a estrada me leva e encontro um ponto que nem pensavamos, Meteur seu grande tolo, você salvou meu rabo e nem imagina o tanto que eu sonho porque tenho vontade e vida e disposição. Esqueço aquela parte do sonho que acordei chorando, e lembro chorando que as partes tristes estão perto e não fazem mal se você olha no olho e anda com o corpo. simples, né.
tem gente que consegue estragar tudo
voltando todos os dias
várias vezes
então
você precisa dizer que não há espaço pra destruição
dentro do espaço destruído

precisa dizer que não
nada é impossível
nem irrecuperável

RECOMEÇANDO
SIEMPRE seu otário

5.11.02

CURITIBACURITIBACURITIBABACURITIBA! minha cabecinha agora volta de, entra em outra, outra história e já me basta procurar por agora;
CURITIBA-ME!
- Vc precisa parar com isso! - disse a voz dela. Então comecei a chorar desesperadamente, soluçando e estava na sala de aula de volante (na transparência um painel) teórica. chorando e dormindo segunda na aula e ela me dizendo várias vezes...VC PRECISA PARAR COM ISSO!!!! e eu acordei chorando, as pessoas olhando porque eu tinha acordado pra anotar outra frase, que não era essa.

29.10.02

DISSOLVO

Vocês não sabem mas eu o conheci e isso mudou tudo, mudou o rumo e assim eu perdi várias palavras em um segundo, perdi tudo e ganhei um mundo lindo, mundo initeligível assim sem palavras serventes, sem retórica ou semente, porque nada brotou mais do nada, nada brotou em mim, tudo partiu disso, vocês todos, escutem porque é isso que me segura e se tem alguém que se importa foi sem querer, foi, então apareceu naqueles dias frios em que um cobertor não adianta nada, um monte de pêlos empalhados, nada, você nada no vento e só quer um corpo em cima do que vem em cima, porque naquele dia começou a fazer um sol estranho e diferente, cheio de purpurina e clichês, um dia cor de rosa e frases sóbrias de imporquês, não, nunca vai ter porquê e sabemos bem disso, que o que se explica não vai ter nunca um sentido único, você me disse de várias maneiras e eu perdi tudo naquela hora, e estou até agora pegando no ar o que foi daquela hora, foi um passado que volta todo dia arrombando as portas com uma flor murcha nas mãos dizendo, volte, volte aqui que tenho algo melhor atrás, então eu olho, oh essa parte é horrenda, eu reviro os olhos e perco a lente e não te vejo mais, miopia, não te vejo até que você volte exatamente no mesmo dia em que chegou e nunca mais, nunca mais foi embora, nem depois que despachei inutilmente o que nem havia pra despachar ou dizer, não não tenho nada a dizer, e continuo dizendo pra vocês o que nem era bem mesmo assim pra ser dito, desse jeito não, desculpe porque tenho medo desse dia incessante, dia que volta e vem sem pedir licença, sem tato ou pele vou flutuando até a porta da minha casa, minha casa, outra que mudei, mudei de casa e de cidade e de tantas outras fases mudei e você nem sabia, nunca soube, ela continua acertando a chave, ela tem a cópia da minha identidade móvel, tem uma parte biológica que está perdida por aí, por ela, dentro dela naquele dia em que o exato momento mostrou a certeza de que haviam coisas perfeitas em alguns instantes, haviam, que maravilha, borboletas insistindo numa dança rítmica de criação e colapso, que até destruiu um pedaço do quarto, insistindo no mesmo movimento de quebrar a cama, ralar os joelhos, doer tudo no dia seguinte com marcas na pele de dois dias sem dormir, com a cabeça de cheia disso tudo. Dissolvo meu último tranqüilizante com a ajuda da caixa d'água da descarga no banheiro do dia seguinte, acordo vomitando
Quero os detalhes.
Coisas simples, é só o que quero. Carpe diem. Dia. De dia, noites não.
Cansei de sair de casa pra ver a rua, cansei de piche e das pessoas. Acho que é isso, as pessoas pessoam demais e não estou aguentando muita gente pessoando ao mesmo tempo. As palavrinhas começam a se sublinhar porque estou no word escrevendo palavrinhas, veja, que não estão dicionarizadas. Ah, esta palavra saiu da boca de uma professora altamente intelectual, um livro sobre tatuagens bem interessante até - as fotos. Eh, dicionarizar é uma palavra bonita.
- Como as palavras se dicionarizam?
- (risada oriunda) quer dizer então que você inventou uma palavra?
- Não, só quero saber mesmo.

Fiquei assim, sem nenhuma palavra pra dizer ou descordar. Não consigo expressar o que sinto e não pensei nada, só queria saber como inventar alguma coisa válida. Só isso.

Como publicar um livro dentro de um dicionário?

Escrever é uma descrição. Inútil? Alguém vai querer saber o que significa? Sim, muitas vão pesquisar a fundo o significado (único?) do que foi dito. Outras vão absorver alguns fragmentos, e essa é a parte que me interessa. Marcar um trecho de um diálogo idiota, não não foi idiota e é lindo e me disse coisas que você nem sabe, me deu o que nem... Vamos lá velho Buk, começa sem letra maiúscula mesmo word, estou de saco cheio dessas ondulações vermelhas abaixo das palavras, mas tudo bem, Buk agora:

" vi homens levarem bala por demorarem mais que cinco minutos no cagador, mas antes de você matar qualquer coisa certifique-se se tem alguma coisa melhor para por no lugar: alguma coisa melhor do que o oportunismo político e críticas rancorosas no parque público..."

é isso.

[24 de outubro, nove e quarenta da noite]

Um dois e três, capotei na cama e não acordei pra porra da aula de direção. Direção nada, aula teórica, estou meio desconexa porque acabei de ler coisas sobre esquizofrenia e transtornos associados, e hoje um moço cujo nome não me lembro agora (sintoma) veio me falar sobre o mesmo assunto e por isso, hoje é o dia. Hoje, que dia é hoje? MAIS UM SINTOMA. E se não fosse pelo extrato que tirei no banco, perto do dia vinte e alguma coisa, hoje é. Tinha alguns reais a mais. Isso foi bom. Melhorou o humor um pouco. E quem foi que disse que dinheiro não traz felicidade? Bom, depende agora da felicidade que estamos desejando. Pouco, quero pouco pra ser feliz, mas não esmolas. Quero do bom, claro, nada de kitsch e falsificados, podres e mascarados - ele é mesmo podre e o que foi mesmo que disse? Ah, isso é chato. Chato é tu. Besta é tu. Gosto de você porque você parece um velho caduco e se assume, ou melhor, diz as chatisses porque tudo te incomoda mesmo, outro ponto, e você diz o que pensa sem medo do que vai ouvir em troca. Eu não - outro sintoma. Não digo e parece que estão lendo meus pensamentos porque parece também que estou nua tirando a roupa e abrindo as pernas toda vez que falo alguma coisa. Perseguição, porra. Merda. Não quero morrer idiota. Não quero ficar besta. Vou escrever, ah sim. Isso vai ser o que vai me manter, anote isso aí deus e São Paulo leminski, buk, cortázar, ademir e todos vocês que nunca me deixam, nunca me deixem, e também as letras. Nunca nunca nunca! Porque é tudo que tenho, porque ainda é o que sobra e já escrevi isso também. Porra, eu ia falar, antes de começar sobre o tal cara hoje. Muito do nada veio ao meu lado, ah, eu estava com um livro - Imagens do Inconsciente - estudo sobre a pintura dos esquizofrênicos, agora veio outra vez, mas é assim mesmo, as coisas vão aparecendo e eu procuro. E acho. E procuro outra coisa. O cara veio me falar que assistiu num programa um médico, sei lá ou psicólogo, falando sobre transtornos psicóticos, mais ou menos entre a taquicardia e o tesão, assim, eu sei, ele dizendo que as pessoas mudam de humor e sentimentalizam as situações, e não sei mais se foi eu quem disse essa parte porque me encontrei em tudo, tudinho que ele disse e então fluiu em mim o que ele dizia. Pois bem, tudo está nadando, inclusive os peixinhos da barra, ah esse lugar é lindo que só a porra e quando voltei pra casa pensei trinta e oito vezes se deveria voltar mesmo. se não estava me precipitando. Oh não será que vou fazer merda? Oh céus, oh vida... Não, tentei logo me convencer que tudo está fluindo e o que tiver que acontecer eu vou, será... vai logo de um jeito ou de outro! Porque um pedacinho vai ficar aqui, eu sei, vai ficar inteirinho aqui e não sei se vou querer buscar. Voltar, será? Não saber, isso é o fim. O fim do grupo. Não quero chegar em casa ou me ver obrigada ª... responsabilidades mocinha, crescer dói, tá eu sei mas não precisa entrar com tanta força assim. Muita responsa pra minha cabeça. Casa nova. Curso novo. Lugar novo. Pessoas diferentes. Amigos diferentes. Discussões diferentes. Arte ao invés de ciência. Isso é muito pra quem queria que tudo que a psicologia deveria fazer era aceitar mais artisticamente os pensamentos e a vida, e tudo que a arte deveria era admitir menos... como assim? É que o campo está muito aberto e aí então é tudo...e tudo é nada. Infinitas possibilidades. E eu deveria calar a boca quando digo isso. Mas não. É assim mesmo, com tanta coisa no menu, ninguém sabe o que comer. Eh assim, outra coisa...


21.10.02

Fique em paz. Durma em paz esta noite e nunca se esqueça que não estou mais aqui te esperando. Não desse jeito. Não dá. Cansei. Atolei na merda e não voltei. Ninguém. Eu sou ninguém e você que seja feliz.

Ultimo dia negro.
Quero paz e não quero pensar em nada que me doa. Parei de escrever a porra do livro, meu deusss, tá ficando bonitinho, e às vezes acho que é tudo que realmente quero. Ás vezes acho que é puro egoísmo, uma monte de asneiras de pura satisfação pessoal. Desabafos e só.

Mas é assim mesmo, preciso dizer alguma coisa logo e de alguma maneira e ainda não tenho certeza. Alguém vai aproveitar alguma coisa. E as certezas, ora toras, é o que menos importa!

Vontade de voltar. Voltar pra lá, de lá de onde saí. E deveria ter saído mesmo? Não sei, não sei e não estou aqui - alguma coisa eu sei (escrever). Mas será?

Ninguém responde.
Kiwis embolorados na porta da geladeira...

Meu bem, diga que é assim mesmo, que estou no caminho certo e que é assim, sempre, torto todo indo, vou dizer obrigado cara, você capta meus pedidos de um jeito maravilhoso e único. Vou amar seu guarda-chuva. Vou te cobrir de palavras lindas e não vou te sufocar de jeito nenhum, livre como pássaro em vôo, é assim que tem que ser nosso amor. Vou dar comida pros seus bichos e pro seu filho, seu filho da puta. Por você eu faria tudo e muito mais, coisas que nem eu mesma imagino.

Porque o que importa mesmo é viver sem programar. Ir, deixar rolar, e tantas coisas lindas acontecem de surpresa - parte boa da coisa - perceber que na estrada não estamos sós, e que cada encontro traz uma informação nova que só poderia Ter sido encontrada nesse caminho, nessa estrada. Deixar viver o fluxo entre nós, humanos esquecidos.

Será que devo regressar?

Agora vou viver agora e no fim do ano eu vejo. Volto e se tiver que ficar, ficarei mesmo. se tiver que parar tudo que estou fazendo, paro mesmo. Correr é preciso, mas parar é fundamental. Tomar um ar, fumar um cigarrinho sossegada e voltar pra estrada. É assim mesmo, minha mãe é a melhor de todas. Obrigado garota.

9.10.02

Definitivamente. É impossível se academizar!


Os faróis dos carros entrando diretamente na carcaça da parada de ônibus. E ele passou a dez minutos...

Acabou de passar um...
Mas o meu já passou?
Não, mas passou o dela...

E quem se importa? Quem se importa com quem? E porque me importo tanto comigo e com minhas palavras? Fodam-se todas juntas. Foda-se eu e tudo que está entalado. Vou escrever e tenho a ligeira certeza do fruto, mesmo que estragado que isso pode florificar. Entramos no quarto a procura de alguma chave. Entramos no quarto uma, depois a outra com os passos ralos para que ninguém ouvisse ou acordasse. Antes passamos no mercado pra comprar pães de doce caramelados, mas não tinha.

Não tem.

Que pena, pegamos um chocolate e a tensão entrou no quarto também. Então ela se deitou e achou um pedaço de chicletes grudados no chão. Alguém havia pisado. Pisado em ambas porque choravam por qualquer coisa. Morriam a qualquer momento e na verdade ninguém se importa com ela - a morte. Nos importávamos com a vida, mesmo sem ela - que pode ser a morte também mas não é, nunca é, admitimos.

Choveu, choveu, a água nasceu no azul e desceu...

Enquanto você voava pelo quarto me perguntava se um dia te encontraria. Gritava também mas ninguém ouvia, a menos que abrisse a boca dois dedos a mais. Na boca um buraco maior que conta tudo sem se preocupar com o retorno. Quer dizer e não é ouvida. Quer cantar e não tem voz. Quer, quer muito e as amarras se apertam cada vez que pisamos no chiclete sujo. Ninguém tem a audácia de jogar fora porque o fora está em todo lugar e o centro é o raio (menos).

As coisas perdem a fúria depois de um dia inútil.



8.10.02

Ou topos

Algum lugar entre nós. No espaço mínimo entre dois corpos no espaço que construo adentro, um espaço que penetra mais uma vez no tumulto de tantos outros.

Entro na biblioteca, não.
Entro na sala, não.
Entro em nada, estou fora deste corpo e ela agora encontra outra que ainda não entrou porque achou inútil estar em algum lugar sem estar.

Mesmo assim continuo entrando em vários espaços e vou com meu cérebro tarado andando com o rosto estranho, estampado na janela do ônibus lotado. Muita gente junto e nenhum espaço pro outro. Salto dentro do espelho e me afogo em mim. Jejum - biscoitos com sabor de picanha.
Não como carne. Como biscoitos aromatizados falsamente.

Egoegoegoegoegoegoegoego - está escrito na boca do discurso e na curva do espelho.
Traço um espaço entre minha imagem refletida e o que vejo. O que vejo? Não eu, claro. Impossível, há falta de tato e desconheço esse cabelo. Eh, cortei mais um pedaço.

Uma vez, no meu quarto, uma que são várias programei um desejo bem grande e além. Naquela época conversava bastante com o espelho e acredito que essas imagens não me perseguiam tanto. Estava em outra vibração procurando, na mesma, alguma direção e retomo ao retrocesso na procura de mim. Grandes quedas, uma pedra, uma palavra de merda acabando com vários dias a frente. Força, força pra encarar a diária ordinária ou coragem pra voltar ou fugir daqui. Morrer em mim um tempo sem fim depois renascer outra, quem sabe é a certeza de um fim não previsto. Derrepente e pronto, nada mais existindo.

Paz existencial.
Projeto existencial correndo em minhas pernas cansadas, chuva no rosto e várias sacolas do almoço pegando chuva aquática.

- Na chapa é bom que não suja!

Cachorro-quente-amassado.

Muita preguiça de responder. Obrigado.
Muita ausência de palavras.
Demasias sem motivo.
Demais, insônia e moscas.
Mosquitos, baratas e restos de club social pelo quarto de outra madrugada.

Chegando em casa vazia, outra vez, sem ninguém pra me cobrir quando eu desmaiar de sono descoberta. Descoberta. Descoberta. Eureca! Mileurecas, centeurecas, diarecas, todorecas, dorotecas...

Uma pessoa que passa com um cartão na mão. São as águas da projeção. Coincidência, de brasília ela também. Veio com a família, a diferença. Segurança. Sabia que já tinha visto seu rosto estampado lá. Em algum lugar senti sua presença. Confundi com uma menina da aula de piano.

Eu quis ser pianista porque meu pai quis.
Depois decidi tocar violão sozinha. Peguei umas aulas básicas perto de casa depois autoditatei-me e hoje tenho um violão que troquei pelo teclado que meu pai me deu de presente.

Um mosquito na minha orelha, eu mato com a mão na perna.
Ele está morto em cima de mim.
O violão está em cima da cama.

Quero sair desse corpo de uma vez, esta noite. Quero ir e voltar e ver onde vamos parar enquanto vou sem pensar, com o corpo não, preciso me livrar dessa pressão antes de sucumbir. Antes de pirar de uma vez.

Pairando pessoas por toda parte.
p.

pontos no aquário. Desejo ser um peixe luz. Um aquário redondo e o peixe lá tristinho porque está sozinho. Sabe o que fazer? dê-lhe um espelho então ele acorda suas barbatanas e volta a sorrir antes de ser engolido pelo... pelo... pela fome. Morreu de fome, eu acho. Tinha um peixinho vermelho no meu armário, tomate o chamo. Olá, tomate da feira do paraguai.

"Moro num aquário redondo e quando vejo um espelho abro meus braços depois morro."

Peixe narciso. Morreu cedo.

Estou com medo.

De quê?

De mim, de você, não sei.

Você pisa enquanto durmo e tenho medo do escuro. Medo de ficar sozinha outra vez. Medo de não renascer como sempre, a eternidadeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee..................................

2.10.02

http://users.linkexpress.com.br/ardalcin/weblog/

Blog do Rudrigo!
Finalmente!
e depois eu arrumo no lugar certo.
Seu eu ama o plural

Não tenho dito, mas digo agora que mais uma de minhas vidas estão se abrindo a medida que descubro mais um livro, pessoa e vários outros detalhes do dia. Despercebidos, ai estão os maiores e melhores desafios - captar o automatismo. Sabe, prefiro que você saiba o que se passa comigo, mas é quase impossível me conectar a tua onda se meu mar vai dar em outra... outra coisa. Outro desafio - a coisa não dita.

Capte-me.

Não sei pra onde vou, nem porque estou indo e afinal de contas quem paga agora minhas contas sou eu e mais ninguém. Alter ego. Mais alguém, minto e divido. E várias outras não compartilho. São esses mundos da imaginação, mundos de vida, verdadeiramente vivos onde pulsa o sangue incolor do que se sente, dependendo exclusivamente da vontade, ou da capacidade de abstração. Que tamanha! Que tanta! Que excesso... Pousar em outras rampas que vão ao lago do encontro, só o que queria. Acordar num colchão dágua. Outra cama, outra história...

Também tenho tido medo do silêncio. Parece que ando fugindo das profundidades como quem brinca de pique-pega e o pegador tem um gosto estranho de monstro vou-te-pegar... eu corro, corro tanto disso, mas parece não adiantar porque na volta estou de volta mesmo. E o caçador, na ponta do meu nariz, vira as costas e vai em busca de outra presa, outra cabeça que não a minha. Faz orelha de burro. Vira e volta. Volta e vai. Desaparecendo antes que possamos agarrá-lo. Tenho corrido bastante e quando abro os olhos estou na cama, dentro do olho do centro - dentro. Um café por fazer me espera, e vou a seu encontro enquanto. Enquanto o quê?

Capture-me.

Uma voz inquietante anda me inquietando. Uma voz de indiferença que se prostra diante do meu ser navalha guei. Corta, grita e chora. Arremessa e arrepende. Pula e poda. Um gato. Sufoca e nasce. Então, essa voz parece deliciar-se com suas tiras e deixas e foras... Parece não querer nada além de um escárnio banal e idiota. Faz um saco de papel virar pássaro... É perfeita em denunciar as imperfeições dos outros. Faz um pássaro virar saco pão. Sei que isso me atinge, e de certa maneira me aflige porque meu corpo responde corretamente a sua pergunta que vem de fora do assunto. Estamos fora, num circulo do espiral mais profundo, ou superficial - ainda não captei as dimensões. Então tudo se encaixa, na proporção do desencaixe, porque no fim (maneira de dizer) não é nada ou é somente um objeto da minha identificação. Um sapato sentado na mesa.

Para fora ou para dentro de si. E Schopenhauer e a perspectiva pessimista pairando... "a felicidade é o momento fugaz da ausência da infelicidade" Emanações de uma só vontade não manifesta. A vontade dos anjos, mecânicos, santos, prostituas, virgens e velhas... Velhas histórias que se repetem num ciclo de podridão, em dança disritmica. Viagens sem rumo ou direção. Ausência, companhia que ninguém abre mão. A cabeça voltada para o dorso do outro, girando enquanto anda sem rumo, indo... Ninguém captura. Então, não pode ser regido nem aprisionado porque é livre como pássaro em vôo, é ensurdecedor em seu silêncio que não tem razão e talvez por isso não consiga se fazer ouvir. Porque não tem número e perambula livremente por aí...

.
.
.
.
.


Despida antes de sair

Entalada entre o café. Um cigarro, acendo. Penso que te ligaria, e melhor, iria até onde você poderia... Imagino você se despindo enquanto aplico um dedo - na campanhia. Abre, abrindo, abre, abre - a porta. Claro, bem e você. Não, não me diga nada bem ou vem... agora vem por cima e me tira dessa onda torta. Me tira de mim. Começando pela calça. A sua já não está mais. A sua vez, me... me ... me. Perco. Enquanto você vindo todo seu meu indo vamos perdendo já mais forte vem fraco tanto vamos... vai e vamos vai e venha indo meu teu vou... Repetindo. Pegar um cigarro. Vejo você na cama de costas; uma sombra quase imperceptível. Desenho rapidamente a cena no meu cérebro escasso. Já cheguei sem isso, sem razão cheguei até aqui e você não disse nada além. Não disse o que eu... eu o quê? Quem está aqui é ela, a domada, a sua, grande e pequena, subtraída-dividida-multiplicada, como queiras. Escolha. Entre as várias. Uma será. Tua, meu bem, toda. Foda bem. Quem? Sou toda fodível, toda vem sua.
Agora imagine que se você deixasse de lado as contas e o gesticular - falso - os cumprimentos, os lamentos, as diárias tudo seria tão... Nosso. Tão único.
No entanto, contraponto. Escolhes a limpeza como prática diária. Limpeza, razão, dentição, adequação. Sorrisos e beleza. Aparência, não essência.

Sugiro um banho de língua quando chegar, dou. O bilhete cheirando à gerânios está bem embaixo do seu nariz, em cima do seu quarto ou no prédio ao lado.


.
.
.
.
.



For Emily
Um dia, eu diria um dia ver tudo de frente e dizer meu silêncio com o corpo. me ver, acho, foi um sonho... Um hipopótamo destruidor, devastando o mundo inteiro; com suas competições violentas. Estou realmente cansada de subir as escadas ad infinitum e lá em cima o que temos? Outra portinha fechada, maldita, mas vou ter que esperar por ali sentada algum tempo, pra recarregar. A subida anterior foi tão dilacerante que preciso recuperar meus pedaços, esperar que eles subam e se juntem - no cérebro. Se organizem pra próxima... Qual é a próxima?

É UM JATO DE ASSOCIAÇÃO IMEDIATA NO CORPO.

Fora as palavras que devorei como que tentando incorporá-las refeicionalmente. Um prato cheio de frases, que devoro palavra por palavra. Me alimento do teu silencio, sim eu disse me alimento, preciso de... des-conter.

Há muita energia presa, muito corpo e pouca expressão. Não, realmente não estava ali, em vários lugares, o corpo estendido e a verdadeira metade que é a inteira, estava em outras partes que divido com você - de algum lugar do cosmo.
Toque-me
Toque-me
Toque meu corpo
Agora meu corpo toca seu toque
Agora
Toca.

O que tenho pra beber? Café e o gosto dos lugares. A cada dia em um.









1.10.02

Escrevi bastante esse find, mas acabo de apagar todos os arquivos do disquete com um yes...
merde!

24.9.02

Ai que sexta, que dia mais lindo, domigo foi o mais lindo de todos sol-quente-brilhante-fazendo-luz-em-todos-os buracos (UM POUCO DE SOL NO MEU QUINTAL) – o quanto achei que não devia nunca, mas nunca ter saído de casa. Porque solidão a dois não dá – nunca mais. E silêncio corrosivo também não.
Duas decisões: não vou calar nenhuma negação, nada do que eu realmente sinta, vou dizer antes que, antes que... exploda! Como sempre. Fodendo tuddddoooo e me levanto junto na poeira do foda-se, saio bem fodida, rasgada e sem forças...

Eu sou uma paca!
Com muita fome
Muita.
Mas passa, tudo passa, e quem sabe um café tampe o buraco.
Madame buraco negro.
Merda, preciso me empolgar mais com essa merda de vida! Fazer muitas coisas ao mesmo tempo com eu fazia em... não vou pronunciar o nome dessa cidade durante os próximos dias porque está me batendo (lentamente) uma vontade de voltar. E como eu sei que eu sou, um poço de inconstância.

19.9.02

TALVEZ A LOUCURA MANDE UM CARTÃO POSTAL

Estranhos perfeitos
Pássaro com asas incendiadas
Sim, chegamos a beira do penhasco!
Cego sem asa delta
Salto no riacho de uísque e cubos de gelo
Leões famintos no zoológico urbano mordem as próprias orelhas

Vai chover lágrimas no canteiro de gerânios. Haverá sangue no peito das mamães. Bebês sangue-suga vão se fartar até os olhos tingirem-se de vermelho.

Não! Ninguém responde a campanhia.
Fantasmas com guiiiiiiisos...
Apago todos os arquivos do cérebro!
Jatos explodem nas janelas dos edifícios.

Talvez uma estrela caia dentro do copo...

Talvez a loucura mande um cartão postal, bombons e duas garrafas de licor de damasco.
(ADEMIR ASSUNÇÃO)
Hoje eu estou idiota.
Muito idiota.
Mas tão idiota que mal posso me suportar.
Acabei de decretar mais um foda-se
bem grande e gordo
foda-se
as preocupações e as idéias e as ...
as nada, nada do que acontece parece estar em conexão... ops, acabo de perceber que não era bem isso e pensando melhor é melhor correr na chuva pra ver se alguma coisa cai do céu e...
e quem sabe eu fique mais idiota ainda, pq prefiro ficar assim... agora eu prefiro! Muito idiota mesmo, incapaz de falar uma frase que tenha efeito. Era bem isso que estava esperando que acontecesse, pq a conexão me deixou burra e com dores de cabeça. Muito tempo no claustro procurando uma luizinha filhadaputa que não vinha nunca...
A luz era a idiotice que eu tenho agora dentro de todo o meu corpo. todinho sem dizer nada, sem nada pra dizer. Isso é mania de perseguição. Como se eu tivesse sempre algo entalado na garganta, me sufocando a nuca e as pernas, impedindo assim minha capacidade de - foder...
com tudo.


12.9.02

Acho que agora estou mais tranquila.
O que eu queria dizer mesmo era - nada.
nada disso...
outra coisa...
além...
eu não explico...

e então
no além tudo se resolve então viva o paraíso!
(se isso fosse consolo já teria calado a boca)
Certas coisas certamente não deveriam ser ditas...

Mas é exatamente isso que não cala.

Seiláoque

Um bando de coisas - sentindo - e uma vontade imensa de... Uma vontade tão grande que... Uma onda tão forte que... PARALISA TUDO. Sindrome de Davies, de um filme Aqui entre nós acho. É que quando o desejo é tão forte, tão desmedito e tão cheio de imensidões imensuráveis, PARALISA. Cessa, castra, fica por um tempo sem tempo se expressar.
Vontade de encontrar outra existência menos tediosa e falida. Assim, derrepente eu voltando para casa, no primeiro morro encontro com ela, assim por acaso...
- Dona existência prazerosa, você (com toda intimidade) quer passar uns dias comigo, assim, sem compromisso eu diria que odeio- os, e também não me faz muito bem horas marcadas e coisas certinhas demais... Passe um tempo comigo e vá embora sem se despedir muito, insisto, entre e deixe alguma marca na sala que solidifique a idéia que tenho...

Uma que sei que tenho e sei que não posso capturá-la.

Acho que encontrei o êxtase um dia desses e foi debaixo do sol sentido frio, com a Gaia no colo senti... Mas nem lembro e nem tenho como falar sobre isso porque de tanto cancelar o fluxo estou ficando sem...
sem...
palavras.

Tem um livro que sai - sinto ele saindo naturalmente, como um filho de parto normal, bem gosmento e mal feito, mas feito e alguém vai gostar e mesmo que não diga nada vou sentir - alguma coisa.

Cansada
de
tanto
cancelar.

2.9.02

Sem internet é foda.
Ah, já tinha pensado em parar com isso e continuar mesmo deixando as palavras adentro, na mesa ou dentro da coberta quentinha a noite, esquentando, tudo para parar - porque as vezes parece um compromisso idiota. Tolice. Baba-quice. Mas é isso mesmo, uns são estranhos outros não, e assim está dito. Compromisso, veja isso... Me dá até arrepios. Se tenho alguma coisa pra fazer ou ler, coisa que eu mesma decidi, faço logo, e até devoro - se eu escolhi. Mas quando a coisa é delegada, uhiii, não sai nada e ainda não não não...


Meu vizinho tem um pônei e duas vacas, veja só, eu que nem acreditava nisso agora já estou me adaptando. Sempre acreditei que os pôneis eram coloridos e do tamanho de cachorros...

30.7.02

Elucubração in bifurcaciones

Certo que possuíamos duas opções. Ou sentar na praça ou em frente ao mercado público. Ambos os lugares estavam ocupados pelo mesmo tipo de gente que fica em praça em dia de Domingo; hoje em dia isso não é poético, me parece dramático pra não dizer cômico e enfadonho. Me diz quem hoje senta em praça pra dar milho aos pombos? Jogadores de xadrez, engraxates, os pais e seus filhos e essas coisas ou duas garotas a la interviera com el publico. É, sacumé, sabemos... Sábados fui a um puta show de blues e fiquei bêbada e estava sem carro (como se isso fosse novidade)... e voltamos a pé, eu e mais uma conhecida do blues, pedindo carona e dando nossas migalhas, níqueis de resto ao primeiro carro que resolvesse dar uma caroninha.

Poxa vida, que vida. E o resto ficou pra depois. De Domingo não passava. Eu ou a entrevista, não importa. O dia mais fuleiro e xexelento de todos foi o escolhido pro tal trabalho de antropologia cultural, uma entrevista com determinado tipo social.

O problema, se é que isso é problema ou fatalidade porque sempre conheço as figuras mais bizarras (eu pelo menos acho). Uma das minhas bagatelas preferidas era ficar conversando com limpador de cinzeiros da lanchonete; a coisa que eu mais via ele fazendo por dia. Deve ser isso mesmo. Ele fumava Palermo, uma espécime de free do paraguai. Êta cigarrim, quando eu não tinha ele sempre me dava e eu hoje agradeço por isso seu Eurestes limpa-cinzeiros, espero que o senhor consiga se efetuar no seu próximo cargo quando aquele gordo barrigudo frustrado, o dono da lanchonete morrer. Por causa de dez centavos ele não quis me vender um café, que aliás custa trinta centavos. Ele não deve ter ido com a minha cara ou é turco ou já percebeu que eu peguei um dos seus cinzeiros de plástico. É, na minha casa não tinha nenhum e eu contei com sua compreensão comunista inconsciente por pelo menos até aquele dia que o sr. não quis me vender um de seus cafezinhos.

Essa uma das mais estranhas gurias, a Patrúncia. Vou mudar aqui o nome para fazer melhor a crítica da conjuntura, ou melhor, a fofoca. Quando cheguei naquela cidade cheia de gente de praia, outra vez eu estava fora de mim. Só que dessa vez o corpo estava também em contradição. Eu estava ali, estendida entre as mil e duzentos e cinqüenta e quarto mulheres. Psicologia é isso também, mulheres e mais mulheres e mais algumas. O que eu esperava? Ah, isso é outra fatalidade fatal, as fofocas. Tá, a Patrúncia foi a mais esquizóide de todas. Sua primeira abordagem:

- Vamos fazer uma festa de integração, o que você acha?

Bom, eu tinha acabado de chegar naquele lugar e qualquer coisa é coisa quando não se sabe onde está direito e desconhecidos se tornam os melhores amigos do momento; ao certo eu respondi claro. Então a partir daí passei a perceber que sua primeira abordagem foi direta e consistente. Ela realmente só pensava em festas e aguardente e homens e coisas afins. O semestre foi passando e fomos nos aproximando, conheci mais de suas esquizoidices, como por exemplo a mania que ela tinha de vomitar depois do almoço. Ela socava o dedo na goela todo dia, e não tinha bulimia, tudo era muito consciente e elaborado por sua consciência muito consciente de que ficar gorda era a pior coisa do mundo, especialmente quando o que mais importa é o corpo que está estirado diante dos outros. Nada mais, nada mias. O corpo e só e somente o corpo magro e muito osso a la vista.

Bom, como a gente dormia muito - um ponto que tínhamos em comum era faltar aula no dia seguinte. Então fomos fazer um trabalho de entrevista juntas. O melhor é que nem sabíamos do que se tratava, mas fomos a praça fazer a tal entrevista. O pessoal dizia "a gente fez na praça XV", então era certamente o certo a ser feito.

O que aconteceu, e o que eu ia dizer foi que no dia não encontramos ninguém na bendita praça e inventamos tudo a partir de uma observação primária. Tinha um cara com roupa dessas breguetes mata-atlântica-do-deserto que estava sentado vendo fotografias. A partir desse momento o trabalho deslanchou e concluímos o desenvolvimento no meu quarto enquanto tomávamos vodka com um refrigerante amarelo, que era o mais barato. No final das contas, por cima e por baixo de tudo isso, o cara era um militar, concluímos que sofria as conseqüências da hierarquia dos quartéis e suas repressões e seus canhões e sua família... ele estava num momento remember, típico de Domingo.

Inventamos toda a entrevista e também o resto - conclusão, introdução, dados sistemáticos, etecéteras e tal. No dia da apresentação parecíamos duas alienígenas falando da massificação dos pontos de vista, que geralmente acontece nos quartéis onde os homens estão submetidos a submissão ao superior, que se toma do poder que não é seu, e sim do seu superior e de seus infinitos graus de pdeudosuperioridades generalizadas. O soldado abaixo do cabo abaixo do sargento... Enfim, a hierarquia dos quartéis e a massificação dos pontos de vista foi o nosso tema em fuga - conseguimos chegar a um ponto mais interessante que uma simples entrevista poderia propiciar. O professor olhava com espasmo - talvez pela nossa capacidade elocubratória.

Ele tinha duas opções, ou considerar nossas divagações metafísicas, até certo ponto plausíveis, ou tascar logo um zero de fuga ao tema, nada a ver com o que eu queria! Tiramos uma nota lá que até deu pra passar, por piedade, eu acredito. Mas eu reprovei em antropologia cultural, coisa que minha mãe nem sabe nem se souber vai se importar muito porque ela diz faça o melhor que puder pra você e eu faço. Prefiro beber e ficar até a hora que eu quiser e esquecer que tenho mesmo uma idiota prova que não me acrescenta em nada. Como comprovar eu tenho, aqui, olha o que sobrou no fim de tudo. Escrever, porque tudo vai para os quintos mesmo, inclusive os conhecimentos inúteis de antropologia castro-cultural-acadêmica.

Depois de tirar dez numa prova, eu perdi a próxima e fiquei sem nota, porque no dia anterior dormi no carro de alguém que não sabia quem eu era, e que muito menos adivinharia que eu teria uma bendita prova de antropologia no mesmo dia. Vivendo e... Indo além das bifurcações eu encontro outro ponto que pode até não ter conexão com o academicismo factível. Mas o que se pode prever ou o que se tem a perder quando o assunto é outro ponto ou outra...
Escreva pois tudo afundará no quinto

Maior aventura, um livro de contos :

"Vivo o infinito; o momento não conta. Vou lhe revelar um segredo: creio já Ter vivido uma vez. Nessa vida, também fui brasileiro e me chamara João Guimarães Rosa. Quando escrevo, repito o que vivi antes. E para essas duas vidas um léxico apenas não me é suficiente" Guimarães Rosa

Qual sua maior? Qual foi aquela que pode até não ter parecido nada, mas foi alguma coisa? Alguma coisa. Ontem, eu. Precisei. De alguma coisa. Não encontrei. Nada. Só vazio. E vontade. E dislexia. Pronto, deitei no sofá e esperei que ele me sufocasse. O sofá é azul e peludo. No colo do braço do sofá felpudo. A última coisa que lembro, bem que eu queria mas apagou porque eu fiquei com tanta agonia que. Apaguei o cigarro no felpudo. Ia sempre pro cinzeiro mesmo. Ao ápice eu fui ao revés. Ao revés de um parto. De cigarros, estou. que já não há mais uma sequer a sair. Tive o quinto - Dèjá vu. Dèjá vu do dèjá vu de outro.

Ainda assim pode até não parecer nada, mas era alguma coisa - talvez uma frequência. Escreva porque tudo irá para o infinito, agora não é hora de segredos. Não é mesmo?

29.7.02


"Blue and Red Shift" Rodrigo Siqueira
TÔDAS ESSAS COISAS, PHILIP LAMANTIA

devem ser SILENCIADAS uma vez que estão dentro de nós
e multiplicam as prostitutas doces como sacarina
como esta AQUI
Dançando
ao ritmo de drogas traiçoeiras que envenenam a saúde
que fazem minha cabeça suar excremento!
que cospem saliva nos meus ossosl
que acenam com infinitas possibilidades de
êxtases eróticos simuladosl
NÃOI
NÃOI
NÃOI
não é para este pânico de ídolos que persuadem nossa época com falsos relógios de anjos
que haveremos de viver - mas para a pomba descida do céu!

26.7.02

can you feel it?
(UMA)

Venho por meio, aqui dizer que eu sei que você sentiu ontem. Sentiu aquilo. Eu sei. E eu senti também todinha. Tolice que arrepia enquanto um cantor de voz rouca, também, rouquinha e suados, ambos. Eu e a música ali flutuando entre os pés e o teto, entre a sandália e o chão. Não, não dei vexame porque me aparei num ponto da música. Aquele que sobre entrando perto do umbigo e sobe, sobe dando uma coisa que você não sabe o que é, mas que é boa mesmo assim. Coisa leve, coma pipoca em casa. Deve ser por isso que é boa mesmo; indefinível. A pipoca ou a coisa? Aceite o terceiro vértice de uma pirâmide, isso não tem solução. Voltando ao ponto, que é você e algumas partes que esqueceu comigo, digo agora que venha buscar. Digo baixinho no seu ouvido, e também grito no caminho do filme ou do cigarro - que vou comprando aos gritos. E não quero saber a hora porque não vou esperar nem vestir uma roupa só pra te esperar. Vou estar aqui, do jeito que sou, e não que eu não mude, mas de um jeito que sempre consigo ser sem definir. Fluir, assim com aquela capacidade de foder com coisinhas da vida, do tipo hedonista, ainda consigo abstrair um pouco do peso que você colocou em cima de alguma parte do meu corpo. e digo mais, quero que você sinta também o peso de um gozo blasée. Solitário. Idiota. Meu amorzinho de figa e fogo. Agora eu tenho uma carinha nova que você conheceu pela voz. Pela voz rouca, lânguida e consistente. Castre-se ainda mais e me consuma mais um pouco. Não me importo que isso não me faça feliz na maioria, mas quem disse que estou na ala da aceitação? Maioria é conformismo. Sei que tudo vai voltar a ficar sem graça mesmo quando você aparecer aqui, como da primeira vez todo cheio dessa cara de que não, nada aconteceu mesmo. nada. Você é sem graça. Eu estou vendo demais. Eu sei. Sempre foi assim. Vendo o que não tem o que ver, consigo enxergar coisas são sutis em você que talvez você nem saiba o quanto você é pequeno. Não foi nada e você lembra bem. Nada. Esqueça se puder. Nada. E continue assim, idiota como sempre que eu continuo te amando idiota como sempre. A gente se merece. Você merece mais, e eu também. E também vou abstrair essa historinha babaca de "nós, a gente, eu e você"... o negócio agora é cada um por si, cada um por cada um e você. Vai. Foda-se. Nem aí. Sentir. Pesando. Vai. O meu corpo ou um copo daqueles dos primeiros. Você está consumindo um pedaço que já está se esgotando. Fim de novelo. Último capítulo. O tempo está passando e isso é aparentemente normal. Porque as coisas vão ficar mais chatas daqui pra frente, eu tenho certeza e te garanto que estou sumindo pra sempre, mas continuarei te atormentando, sempre que eu puder. Eu garanto, e essa é uma das poucas certezas que tenho. Que tenho vontade grande e que ela não cessa. Não vou passar por cima de ninguém, não vou sair atropelando um pedaço de torrada, a que deixou cair no chão porque estava muito sem noção do espaço, eu ri e você foi ridículo. Desceu do salto. Você tão inatingível. Saiu da pose cool e ficou com carinha de... ah, seu merda! Pare com isso. Você é um babaca, e eu estou milhas a frente nessa classe. Você me desmonta e no outro dia estou fraquinha, mas vou me catando pela casa. Me rejuntando. Rejeitando. É preciso. Você é. Eu sou uma tola e deveria calar a boca. Não pensar mais. Me juntar de uma vez por todas e nunca mais aparecer. estou na varanda de calcinhas verdes. e esse é um dos últimos avisos. Sinta a fúria da mãe onça pintada e bordada, tratada, criada, borboleta que também é cobra e navalha. Uma versão mais nova de mim. Nasce velha. Nasce outra. Se reproduz. várias, vezes, venha. Sinta isso, tão leve como uma pipoca, tão muito, tão efêmero...
Da próxima vez seja mais cuidadoso, não deixe suas unhas em meu pescoço.
Se eu puder sentir, posso cantar. as canções do fins, mesmo sem possuir propriamente o início - diga-se o próprio, meu, até tive mas não tenho. E até não canto mais em público. Só entre as paredes, aquelas que flutuam em contrapartida, entre os corpos. Todos os fins que tiveram sabores intermináveis, canto também o silêncio enquanto passo a ponta preta nos fragmentos que capturei.

Gostos de propagação, várias ondas posso alcançar; eu, entre os tons e o tato.

25.7.02

Então there - não faz mal

"Por que isso? Escalavre a carde entre os dedos do pé que não vai achar o motivo. Comprima as costas contra a barra da jaula até que ela o parta em dois que não vai achar o motivo. Eu não tinha saída, mas precisava arranjar uma..." Franz kafka, fragmento de 'Um relatório para uma academia'

Se eu puder sentir, posso lhe cantar. as canções do fins, que seja o mesmo. propriamente o início - diga-se o próprio, meu, até tive. e até não canto mais em público. só entre as paredes, aquelas que flutuam em contrapartida, entre os corpos. todos os fins que tiveram sabores intermináveis, canto também no banheiro enquanto passo a ponta preta nos fragmentos que capturei das; descosturas, desacostumes, desatinos, desobediências, desdenhas... desde que não posso mais duvidar, acrescento outro:

- gosto de propagação, e várias ondas posso alcançar e coloco em tuas mãos, deslize; eu, entre os tons e o tato. e sempre funciona. não sei como posso, nem capturo na realidade acho que abstraí...

se nós, dentro e acima de qualquer não-coisa estamos tão dentro e...
de cara ou de:
cor
calço e
compondo
e chegando aonde o que não é aprende a se virar como não pode, como os sons e os sonhos. é paradoxal, mas é isso mesmo.

24.7.02

Tempo do enquanto - quanto?

Saí sozinha. Já pelas ruas, eu ia e vinha. Voltava em casa porque a sensação de esquecimento me tomava o - centro - quê? Tomava vodka barata também, como de praxe, não poderia deixar de ser, normal, obviamente. Expressões que tiram a graça de qualquer coisa que mesmo que superfluamente seja atraente. Deixemos as besteirinhas serem graciosas! Deixemos... Automaticamente, por um instante, eu peço por favor. O centro está pulsando e em minhas mãos estão as armas-do-meu-esquecimento. Peço que desligue o tempo. Por dor. Por desligamento...

No quarto. Deitada na cama durante várias horas, que perdem suas razões de serem -chamadas de horas quando não estão no tempo humano. O relógio pra isso, nada é. Para nada. Pára... Chega a ser normal, obviamente, não poderia deixar de ser... Eu estava no tempo dos gleifúncidicícios, pequenos habitantes dos arredores da minha caminha. Às vezes eles sobem as paredes, num vôo calmo e rítmico. Oras tenho o controle sobre seu movimentar, horas não... digo ora pois, são eles seres da minha imaginação. Deixemos! Eu peço, por favor parem de subir que já estou ficando tonta.

Já não mais tenho o controle do que é o que sai da cama ou da cabeça ou suas cores que são coloridas demais ofuscando meus olhos brancos e sujos empoeirados como vocês seres prolixos...

Enfado
meu
desligamento.

Está tudo muito repetitivo. Até mesmo a vitrola que toca a mesma música a séculos afins. Amém, sagrada velha e empoeirada que toca melhor que qualquer outra nova cara e cheia de nhem-nhem-nhem... Vitrola-vó. Vozinha, voz pequena de vó velha e surda, caduca. Vela e velha. Velhos remendos. Colcha de retalhos ou de cetim vermelho?

Não importa, derrube logo a porta que estou deitada...
O tempo está passando.
Você vem ou vai ficar no tempo da vitrola ou das músicas ou das horas?


" Toco a sua boca, com um dedo toco o contorno da sua boca, vou desenhando essa boca como se estivesse saindo da minha mão, como se pela primeira vez a sua boca se entreabrisse, e basta-me fechar os olhos para desfazer tudo e recomeçar. Faço nascer, de cada vez, a boca que desejo, a boca que a minha mão escolheu e desenha no seu rosto, e que por um acaso que não procuro compreender coincide exatamente com a sua boca, que sorri debaixo daquela que a minha mão desenha em você.

Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de cíclope, olhamo-nos cada vez mais de perto e nossos olhos se tornam maiores, se aproximam uns dos outros, sobrepõem-se, e os cíclopes se olham, respirando confundidos, as bocas encontram-se e lutam debilmente, mordendo-se com os lábios, apoiando ligeiramente a língua nos dentes, brincando nas suas cavernas, onde um ar pesado vai e vem com um perfume antigo e um grande silêncio. Então, as minhas mãos procuram afogar-se no seu cabelo, acariciar lentamente a profundidade do seu cabelo, enquanto nos beijamos como se tivéssemos a boca cheia de flores ou de peixes, de movimentos vivos, de fragância obscura. E se nos mordemos, a dor é doce; e se nos afogamos num breve e terrível absorver simultâneo de fôlego, essa instantânea morte é bela. E já existe uma só saliva e um só sabor de fruta madura, e eu sinto você tremular contra mim, como uma lua na água."

Júlio Cortázar

21.7.02

Tóxicos; como se flores fossem

- E tudo que realmente quero é um pouco de lib...

Libido, leveza, laxante, liquidificar quem sabe talvez seja possível evacuar sem pedir licença. E tudo que realmente quero é um pouco de mim, só que desta vez menos além, mais do menos sabe? Mim aqui, simples idiota, só que desta vez não como uma brincadeira de índio idiota. Uma brincadeira que não tem graça a sua de cegar a cobra. Estou aqui quem sabe, e quem sabe não? Você pode me sentir? Você pode me dizer o que me engasga?

- tanta fumaça depois de tanto café.
- Faz um pra mim...

Toxino traz o café após trinta minutos. A chaleira toxtou e o cigarro acabou. Mas Toxino foi a padaria e trouxe dois maços de marlboro - vermelho. Sabia que ela fumava os fracos de filtro branco mas fez questão de trazer o tufão vermelho porque pra ele era como se fossem rosas de eufemismo. Adorava que adivinhassem a originalidade da idéia através do paladar de seus presentes maravilhosos, adorava que adorássemos a tudo que vinha assim, de tão dentro de seu centro - raízes, manias, famílias, criação. Mas tudo sem a pretensão de machucar, obviamente sem má-fe.
- Diga até a morte!

Foi lindo, fumei suas rosas e quase morri com uma dor no tórax...


15.7.02

Uma coça
Miopia dá coceira no cérebro, acorda o sonho, embaça a visão, longas pálpebras... Boca pequena a tua com gosto de vinho - me dá náuseas e vomito no banheiro. Pode até parecer nojo, mas é mutilação mesmo. E alguém lá dentro quer falar e não consegue. Coça também a goela. Coça o cérebro sem ser miopia. Então se bebe e ainda assim fica difícil, saí por outro orifício. A boca - do vaso. Dentro, do vaso a boca está vazia e transparente. Dacordacordadordacorrrente... Transparente que vai e volta. Alguém bate na porta. E meus olhos falham embaçados. Olhos de noite, cortês... Vou à padaria gritando seu nome, até agora, em todos os lugares onde compro cigarros, encontro outras maneiras de desconcertar. Pode ser um filme ou qualquer sapato. As vezes acredito que a loucura é um sapato vezes quatro patas. Ou então a madrugada...Ou uma frase repetida que acaba acabando em coincidência por simples probabilidade - repetição.
Última : Vontade de arrancar a porta o olho ou a aorta.



10.7.02

Pode ser, tudo pode ser..
As sutilezas, para quem vive entre a paranóia e o foda-se, são difíceis de serem compreendidas.
É tão estúpido ter que decidir para se instalar em toda essa resistência de hora marcada. Com tarefas e fins, sem nenhum vínculo com o que está envolvido - realmente prefiro...
Com o que se envolve e deslancha coisas tão mais interessantes - realmente prefiro...

Prefiro ser uma fracassada.

"As pessoas são frívolas e esquecem ou aceitam ou estão à caça do novo.
Correm em direção às luzes que crescem pouco a pouco sem que já se saiba bem para que tanta pressa, porque essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabe nada sobre os outros, onde todos olham fixamente para frente, exclusivamente para frente..."
(Cortázar)
sobrevive - por que não precisa de ar ou por que bóia?

- Sai desse quarto!
- Mas calma, não se irrite – chapolineando, disse calma a quem não teria - A televisão não pode esperar!?!
- O cara está tocando aqui, não está vendo?
- Mas de frente pra tv, quem assiste?
O cara, o cara que toca para a tv. de fronte a. Com o microfone enganchado entre o vol. e o ch. a tela refletindo sua "cara de cantor". a maioria são esnobes. ou é tipo? tipo de cantor - uma espécie de "tô nem aí...". Todo fodido de tanto suplicar. cara de sempre refletida na televisão e se vendo. As pessoas, de alguma maneira, e principalmente ele, o cantor, precisam de um público e quando a história vai mal é melhor não parar o show. precisam de aplausos. e quando não há espetáculo, melhor é ter a própria tv, o próprio computador e a própria exibição para o próprio olho. o espelho.
Mas essa é uma história parecida com um sonho. Mais uma natureza entre tantas outras que... São. a mesma mania de exacerbação, o mapa. vários planetas e cada um está associado a um elemento da natureza. O saudoso mapa da vida que dizia, vai diga...
Excesso de fogo (entusiasmo).
Carência de terra (praticidade).
Carência de ar (pensamento).
Excesso de água (emoção).
Essa do pensamento é melhor vermelhor...

-"Uma das suas maiores dificuldades é lidar e compreender o universo do pensamento e o mundo das idéias, o que causa dificuldades na hora de racionalizar as coisas e apresentar soluções para os problemas. Procure estimular mais o seu intelecto, através de leituras e sociabilizando mais as suas idéias, afinal a nossa capacidade de pensar e de entender as coisas de maneira mais lógica é um trunfo muito valioso. Todas as vezes que a vida lhe apresentar situações difíceis, em vez de só reagir pela emoção, pelo entusiasmo ou pela praticidade, procure parar e pensar mais sobre o assunto. Certamente, se você se exercitar, poderá encontrar saídas mais racionais e lógicas, sem tanta dificuldade..."

Até razoável, até acho... A razão tem suas razões. E o contrário também. Mas o excesso de abusos - o cigarro. que queima a cadeira. que faz com que entre algum ar onde não há. carência de ar nos pulmões. Ar da fumaça. Tudo explicado com a razão que eu mesmo deformo. me conformo. ou ainda não... Não engoli o brinco que entortou e prendeu a fala. prendeu a língua, e agora é o tempo - do silêncio. das profundidades. do desmazelo e do esquecimento. Daquela frase tiro a vírgula e o fôlego, tiro o medo e o pudor. Tiro a roupa e aqui estou...
- Tem alguma coisa queimando?
- não é aqui, não comi nada, não esquentei nada... Nada...
Ela saiu e voltou com a Panela do Meu Esquecimento. Com o poder da iniciativa, se há barcos a serem lançados no mar ou águas a serem lançadas na panela ao mesmo tempo, há aqui o impulso vivo. Mas é preciso dar continuidade, já dizia minha orácula avó; macaco que pula de galho em galho quer levar chumbo. ou queimadas de cigarro?
" Todos morreriam. Todos, e não adianta ninguém fugir. Não adianta se esconder por aí. os homens estão atirando com suas metralhadoras de chumbo. os homens matam os macacos – esquizofrênicos, celcius, cílios, pélvis, silvios e sérvios santos. Ninguém escapa... "
Sem ter pra onde ir, corriam todos em volta uns dos outros tentando achar uma brecha entre um morto e outro, entre eu e tu, enfim, algum espaço entre nós - até onde vai a minha liberdade espacial? Porque dois corpos não ocupam o mesmo espaço, imaginem agora todos. Não, não há remédio pra essa dor. Não há dor pra essa dor tamanha Há somente fim, somente finalização, enfim. a festa acabou. Eu estava ali mesmo, em meio aquilo tudo, entre os espaços ou entre as pessoas. Entre eu, entre...
Sem bater
entre agora
vai
estão acabando
com
tudo
não
v
a
i
dar
te
m
pooooo...
Pouso.
Ele, o rapaz de metralhadora, que era alemão, acho. Pegou-me pelo pulso e já...
- Já é hora de morrer, mocinha! Vai logo escolhendo como quer... - disse a voz, respirando em meu nariz com ares de superioridade - parecia o canto do cantor da/para a tv, eterno retorno ou início novamente?
- Afogada, vai, afogada, já escolhi, vai logo...
O fato é que não morri, porque nasci no dia 21 de março e como não há certeza, pode ser peixe - ou merda?

Trecho de Dissipada
(...) Talvez esse fosse o estado natural. Saturação da realidade.
Morri e me mataram com uma injeção letal de chumbo. No alto (da percepção) Shiva pulsava com milhares de mãos, dançando à espera de mais uma destruição - a minha. Senti todos os orifícios - boca, ânus, vagina, ouvidos e nariz - sendo invadidos pelas mãos do deus da criação, que matava para poder descansar. É tempo de destrui-se. "O círculo se repete por toda a eternidade, sem um começo ou um fim”. Depois de um longo processo de desmaterialização vi meu rosto estampado numa coxa de galinha ao molho pardo. Fui engoli...





9.7.02

enchantagem
de tanto não fazer nada
acabo de ser culpado de tudo

esperanças, cheguei
tarde demais como uma lágrima

de tanto fazer tudo
parecer perfeito
você pode ficar louco
ou para todos os efeitos
suspeito
de ser verbo sem sujeito

pense um pouco
beba bastante
depois me conte direito

que aconteça o contrário
custe o que custar
deseja
quem quer que seja
tem calendário de tristezas
celebrar

tanto evitar o inevitável
in vino veritas
me parece
verdade

o pau na vida
o vinagre
vinho suave

pense e te pareça
senão eu te invento por toda a eternidade
(Paulo Leminski)
Na orizontal do horizonte vertical - vertebral talvez

Estava demorando. Um engasgo e ...
Cuspiu um trago da fumaça na boca do telefone enquanto engatava uma ou mais palavras comuns.
Ela estava entalada com suas próprias...
" Faça calor, faça o que quiser, suma, fique bem de sua febre noturna, jorre o caralho, faça um filho, cuide dele, viaje, volte, deite acima, um pouco mais, adentro, veja que o que estou dizendo não é nada disso, veja que o que quero é outra história, outro desafio..."
Outros dias como aqueles em que se voa enquanto passa um bando de nadas. Dias de acordar com o telefone na cara, na ponta do ouvido, ouvindo... Um som esquisito de manhã. Um cigarro aceso, na pele, acendo um daqueles que me dão tosse, catarro, pigarro e calma... Calma, a vida é as vaca mesmo e nada de precipitar, nada de peito de frango, nada de carnes durante o jejum. Ave! ave! Pode-se para que possa pular daquele precipício outra vez. Outro desmazelo de donzela, mais um passo em falso e você está diante do Gigante. Olha ele aí dizendo vou... Tirilililililili.... É, é o telefone mesmo... E são as águas puras do meu despejo. De casa, de volta, de nada. Agradeço sua misericórdia - palavra esbelta. ´
Então desmembremos...
Misericordíca, misericordosa, miserona, miserável, mísero, misericável... Não sairia nada além de algumas delas, aquelas entaladas.
Agora é hora de falar tudo que não sai quando se quer.
Fale sozinha, fale alto, cante, grite, sussurre, engasgue, dê um vexame... De vez em quando saia debaixo dessa saia - protetora de casca - que também é barra de metal afiada, corta e perfura. Fura fundo esse troço que é Seu preciso castrado. Aprisionado na casca de fundo, no subtítulo, às espreitas de um descuido dela. Vai, entra fundo e pague pra ver, sem economizar interjeições, pague pra ela o corpo e o copo. O com tudo dotu uotd utod ...
Vai ficando louca aos prantos de agonia, de tia... De
- vai se arrepender mais tarde...
Tudo, falem, digam tudo, condenem toda minha carne.
Eu digo foda-se pra todos vocês. Digo não estou nem aí, só pra manter toda essa pose de não tô nem aí mesmo. Me veja chorar sem motivo e ache que tudo é um paradoxo, tudo é mentira, tudo são capas...
Veja as asas!
Olhe para o nada e veja. O que ainda não se mostra, sua mosca morta. Incapaz, você é. De matar. Uma mosca. Que desenha um z, que dezena, desdenha, desvincula o pensamento de toda a puta-mediocridade. Normalidade, incapacidade de. Fuga ao tema.

And I try, vai, dai-nos o que nos é pedido tentação torta. Sem patas ou fios de navalha telefônica no pulso do ouvido.
Você me dá sono e cansado.
Me dá nada e eu traço.


5.7.02


Aquarium
Roy Lawaetz


"No entanto, o padrão triangular adotado pelo artista pertence aos antepassados antilhanosEsse povo utilizava ícones e tricúspides, relacionados provavelmente com a reprodução e a fecundidade, e os denominados trigonolitos correspondiam às divindades protetoras..."

Diretamente das Ilhas Virgens...

"Cada uma das peças refere-se à mulher com as pernas abertas e sua índole sexual e maternal pelos séculos dos séculos. Mas, no seu interior são gerados, por meio de objetos inseridos, artefatos e novos mitos, o fax, a comunicação instantânea, o vidro de perfume ou a incitação ao consumo, a produção musical - que inclui instrumentos tradicionais."

TRIGONOLITO-TAINO
palavra esbelta,
geométrica.
Triângulo
Tamara
Alvo
Três
asas...

e porquê não?




Arnaldo Antunes

Eu apresento a página branca.

Contra:
Burocratas travestidos de poetas
Sem-graças travestidos de sérios
Anões travestidos de crianças
Complacentes travestidos de justos
Jingles travestidos de rock
Estórias travestidas de cinema
Chatos travestidos de coitados
Passivos travestidos de pacatos
Medo travestido de senso
Censores travestidos de sensores
Palavras travestidas de sentido
Palavras caladas travestidas de silêncio
Obscuros travestidos de complexos
Bois travestidos de touros
Fraquezas travestidas de virtudes
Bagaços travestidos de polpa
Bagos travestidos de cérebros
Celas travestidas de lares
Paisanas travestidos de drogados
Lobos travestidos de cordeiros
Pedantes travestidos de cultos
Egos travestidos de eros
Lerdos travestidos de zen
Burrice travestida de citações
água travestida de chuva
aquário travestido de tevê
água travestida de vinho
água solta apagando o afago do fogo
água mole sem pedra dura
água parada onde estagnam os impulsos
água que turva as lentes e enferruja as lâminas
água morna do bom gosto, do bom senso e das boas intenções
insípida, amorfa, inodora, incolor
água que o comerciante esperto coloca na garrafa para diluir o whisky
água onde não há seca
água onde não há sede
água em abundância
água em excesso
água em palavras





de repetente tudo é a mesma coisa,
chato mesmo....
E já foi dito, repetido, esmigalhado,
digerido e...

miolo de pão;
cocô de pomba!
(já escrevi isto em algum lugar)

moral da história:
Nunca tenha a cabeça muito aberta para tudo, pois seu cérebro poderá cair.
Será tudo o que nos resta é uma voz dentro de uma outra voz ecoando do passado que terminou de ser presente?

Por quanto tempo mais esperaremos Godot e seremos solitários e solidários em não nos enforcar?


Samuel Beckett

2.7.02

Chegar...
Ir!
Voltar:
Voar!!
Respir AR AR AR AR!!!

É foda. As pessoas chegam felizes em seu "lar-doce-lar-de-mel-e-mãe" para parar um pouco; parar, descansar, pensar... E mentir! Porque até pode parecer sério dizer:
- Estou pensando na vida...
"As pessoas" são artimanhas de fuga; soy jo.
Porque é mais fácil pensar do que ser e fazer e ir e voltar e respirar. É, é e é... preciso respirar pra conseguir conectar alguma coisa aqui dentro que quer dizer ao chegar. Bem, quer não dizer:
- Será que voltei para ficar?
Renatorussiando, ainda é cedo...
Já é tarde pra dizer que foi cedo, foi precipitado... Foi precipício. Aprendizado. Garotinhas criadas à café e "faça o que quiser" dá no mínimo nisso - falta de: obrigações, pesos, interesses reais, sonhos mais alcançáveis talvez....

E desde quando alguém não tem controle sobre isso tudo?

Desde agora, Seu Sonho Barato Idiota que não cansa. É, ainda deslancha um bando de palavras fodidas de serem ditas. É a vida, e é linda, é sim... É as pessoas errando, o erro enganando ou acertando ou direcionando ou nada disso! O erro é também um desperdício de certezas. E quem tem uma pra ditar? E quem tem uma que caiba? Quem tem um troço que desentupa a cabeça de tanta migalha colhida aos prantos; de fome se morre e se mata. Ou simplesmente se escapa?
Se engana.
Ou esquece-se.

Algumas pastam perfeitamente em território vago. É, são as 'vaca'. São as migalha de pão dormido. São as dores, os dias e os gemidos surtindo efeito nos mamilos túrgidos. Nas tetas encolhidas e no tato contraído.

Quase me afogo em tanta água...
Tanta umidade
Tanta pasta
Tanta cola
Tanta quadrilha...

São os remendos de Julho. São os São João de Junho ou os amendoins torrados. São as secreções de Março. São tudo. Tudo são e salvo graças à cara dura - cara pálida. Cara de pau de Santa do Pau Oco. Vôo da Gol, ôpa! Rouca, é copa... É penta. Tentativa cansativa. São as vidas. As mochilas em São Paulo ou em Brasília? As Vida de Sãoquevivi. Vive se - in...

E o ar reluta.
Não querendo entrar...

Será que estou presa naquele lugar?

14.6.02

Tanto tempo sem deixar fluir as idéias na tela, sem deixar fluir as dêpres, porque sabe-se bem que amanhã será um dia que terá você que aguentar SOZINHA, então evita-se o pensamento. Dorme-se de dia pra esquecer e tem-se insônia e sonhos pra lembrar...
e que porra de SE. Discurso encanado, podre...

Porque o ser humano não é capaz de aceitar dois pólos de uma mesma...

Sabe, me lembro de um amigo imaginário. Sabe-se lá quem e por onde e o que fazendo anda, mas é que fomos a um processo lindo.... E nunca mais consequi me desvincular do extra, do além, do que não foi dito...

Agora já não grito nem suplico. Agora deixo... agora esqueço.

Mundos novos e velhos e repetidos...

" mas estou chegando, calma, acorda... acorda acorda amor... "

Se é que tinha alguém dormindo naquela casa ninguém descansa, e o tempo passa... Eu aqui parada, e músicas, músicas que se repetem toda noite a gente se veste e sai pra...

qualquer lugar qualquer comum.

Estou com preguiça agora. E quero mais é foder com essa realidade.
Com os corpo e os poros.
Pircings e tatuagens.
Colas e verdades.
Tudo é tão
raro
e
ralo.

Acordo pra ver se você vem....
Porque não te troco na vida por ninguém...

EU SOU BEM BREGUINHA
Salve minha mãe e minhas tias... tem, a quem, puxar...

Brasília, saudade querida aquela cor amarela de cidade cinza... Mui loca la sensacion de no estar más no lugar adonde sai-se de lá a tempos não há espaço para quien quiser otcho lugar além...

FRIO DO CARALHo, está...
Garganta, casaco, meias, calças, braços podados, casaco... Muitas camadas e pouca pele. Pouco tato.
Brasília!!!! Clima seco, pele quente...

As vezes vou embora por uns segundos...
Vou à...
qualquer lugar.

Sabe, um restaurante essa noite. Uma garota de cabelos vermelhos, um olho... Reconheço um olho pela janela. Sento.
Pulo a janela.
Na cadeira e vamos... Vamos a uma brincadeira, cujo início é amarrar-se num elástico e correr... Correr do hipopótamo que também está amarrado no elástico...
A gente corre...
Ele corre também...
E quando para - ele - volta destruindo tudo. Volta a mola do elástico e a gente está do outro lado, fugindo do hipopótamo desastrado, desastra - dor...
UFA!
mas o hipopótamo derrepente se transforma num homem, muito mais doentio que qualquer doente, mais sadio que qualquer hipopótamo gordo. Porque a esperança é gorda.
Gorda palmira.
O homem que se aproxima das duas cordas, dos elásticos - um ao lado do outro - o homem que acaba com esse sonho.
Acordo.
Homem.


Talvez não mesmo seja isto ou aquilo que eu entendo e deturpo. Mas estou de cheio... Em cheio pra tudo que me acerta lentamente, e não...
Vou ficar muito tempo nesse tempo.

Minha casa é não ter - que ser - durante muito tempo.
Muda-se
toma-se
aprende-se
e se nada é o que parece - foda-se,
parte-se
e volta-se
outra.

3.5.02

"... mas a verdade não é adequação, mas desvelamento... Não existe verdade em si, mas verdade para o homem, porque ele acredita nela. O homem é expectativa de verdade..." Heidegger
Ah, e tinha mais um texto inacabado... Escrever em salas de plástico branco dá nisso. Pelo menos alguma coisa dá, alguma coisa acontece. Alguma coisa escrevo agora nos papéis e - não mando. Ninguém manda, nem eu, a mão vai sozinha... Bem melhor as vezes é melhor à noite você vindo e a música e outra - mão - na outra vindo por todos os engates, uma na outra, e...

o texto velho que não li vai ficar aqui - ocupando o espaço que não ocupo.

" Uma moça à passeio. Bem, situando-se no espaço, estava em claro a vários dias.
Primavera, então flores coloridas. Outras cores sem visita, flores com cores
outras e simplesmente indefinidas. Via-se apenas o vácuo no centro delas,
enquanto todo o todo se constituía, saindo daquele pequeno centro – irradiante.
Aquela moça esperava a presença de outra, outra presença de quem não conhecia ao
certo. Certo, entenda-se aparentemente – um erro. Aquela moça e suas
relatividades e seus referenciais mais poéticos que físicos. As palavras, que
deveriam falar apenas sobre os fatos. As palavras, que com o tempo passam a
designar outros fatos. As que não mudam, essencialmente de forma, não de
sentido, tratadas como símbolo e representação... Alguém chega e entra - você
outra vez. É um sonho. Me abraça como... Veja, estou tremendo como quanto disse
que como... Desconexa, é o efeito mesmo. Não, não é mesmo verdade. Outra...
Pare! Desçamos as escadas, lá fora tem um jardim então vamos sentar, verde. Mas
quem é agora? Você muda de forma e de cor e de expressão e... Um beijo de olhos
fechados. Abre outra..."


Organizando os silêncios e os movimentos e os gestos proibídos, contidos, incontidos e fodam-se minhas asas e as antenas. BIPARTIÇÃO, idéia medíocre, indecente e idota demais preu me ocupar.
Afora, várias fora - de casa - de conexão - de mim - de si - de qualquer construção.
Deso, deixa pra lá...
parte integrande, ou quem sabe mais uma estratégia que atravessa?
Nada, somos, vamos à - sabe, qualquer, vamos e aí a ... a... a... chega de chamar - fui!

5.4.02

Fome


Um texto que se expele enquanto um turbilhão de palavras de carne – como.
Posso?

Devoro toda a nostalgia porque quero o êxtase para continuar firme e fraca, auto-condenação. Aceitar que tudo não é assim como devia ser e estar. Assim como deveríamos fazer – ligar- interconectar outras formas de aproximação. Que não são perfeitas nem poderiam. Será que vamos prezar, sem deixar que aquelas mesmices que sempre estragam adentrem o mundo do silêncio?

E por isso, aí está o motivo. Dentro, dentro e além do que é dito. Construo outra frase – é tua.

Devoro teu discurso. Repouso em tua pausa.

“Fui ela por um instante. Pude visualizar – caí sob o peso da realidade. E não se trata de uma derrota. Soube que eram apenas fragmentos; partes subentendidas da retórica. Sou ela e agora. Agora o que produzi, agora, até agora?”

Absolutamente livre da tensão. Indiferença às súplicas do corpo. Porque me alimento do teu silêncio. Engasgo-me com tuas vísceras; que são as mesmas em fusão. As mesmas merdas, maravilhosas excretas – naturais.

Quando digo anos, entenda-se instantes. O reverso desconexo de sempre, que se encontra e
encaixa-se rapidamente. Não preciso forçar aquilo que chamam sua natureza, não costumo forçar e... Esta não é a questão. Ou é? Diga-me, assim. Fale-me como quiser. Exponha, esconda e espere o tempo que quiser, ocupe vários espaços enquanto não traço mais um pedaço.
Posso perder a conexão e perder e mudar e sair e sumir... Mas não. Não quero fugir do que move – acrescenta – o motivo sem explicação. Casual? Nada é. Desleixo de memória, ausência de razão, falta de técnica e excesso de exceções. Sublimação. Flúido.
Estou fluindo...

Meu corpo aqui está, estirado. Cabeça tola, excessiva, exagerada, demasias, demasias... Sou aquela agora: aquela tranqüila, indiferente, segura, madura, tua, tua, tua...

Digestão.

Veja, aqui está o eco, as sobras, o vômito, a excreta. Toda a merda que consigo ser e fazer. Minha mestria em errar, insistindo em lutar pelo que não há. Não existe do mesmo modo. Diferente. Mania egoísta de querer o além. Sabe, foder com Deus. Foder, trepar, esquecer, fluir, silenciar... Conceitos, isto são frases. Não sou tão assim. Sou de merda, barro; saco de merda e osso e nada e um monte de... Bosta! Sou poço de melancolia. Pura ausência. Purê de idéias. Misturas. Não me encontro. Como posso te asseguar? Como? Como? Se eu devoro tudo antes de pensar.

Na mão um cigarro e o corpo, todo ele perfurado. Vento. Enfie o dedo dentro daquela dor e tire... Enfie. Tudo faz e é só uma parte. Dói e me faz sentir algo que ainda não te dei – presente. O futuro, sem pensar... Que a gente se funda ou se foda!

O culto ao que me rendo.
Outra coisa. Fiz algumas mechas na camada mais externa do cabelo. Não leve tão a sério; cores externas.Superfície.
Hora do almoço...

Tamara Costa

22.3.02

Digerindo o bolo de doces palavras.
O miojo que boia molho de mar revolto.
São as gorduras do fogão; a pilha de louça suja na pia.
O avesso do sapato.
Fora o cigarro que fode com o carpete do quarto - queimado.
Sangue - cólica.
Manhã - macomomacomanhã... Acordo!
Atraso.
Aula de flauta.
Sopro do vento e vendo e vento todo mar forte sopra e soca a nuca.
O vento... Ah! o Sal.
Pipoca.






Não dá pra levar tudo tão a sério...





ASAS E AZARES

Voar com a asa ferida?
Abram alas quando eu falo.
Que mais foi que fiz na vida?
Fiz, pequeno, quando o tempo
estava todo ao meu lado
e o que se chama passado,
passatempo, pesadelo,
só me existia nos livros.
Fiz, depois, dono de mim,
quando tive que escolher
entre um abismo, o começo,
e essa história sem fim.
Asa ferida, asa ferida,
meu espaço, meu herói.
A asa arde. Voar, isso não doi.

Paulo Leminski

7.3.02

Finalmente algum tempo pra escrever alguma coisa que não se diz... Tenho até às 10:00.
Sim, eu digo coisas que não gostaria de dizer - prefiro o silêncio. Como me faz "bem" um silêncio bem calado. Não há o que se compare, portanto silêncio.
Estou aqui (minto) e estatelo meus pensamentos queimados adentro. Estou vivendo dentro das palavras repetidas, dentro de cada dia adentro outra realidade - subentendida. Penso e isso é um castigo. Castigo por alguma coisa que não fiz bem, e bem... Os caminhos são muitos e mesmos. O sofrimento até certo ponto ou em certos assuntos é um pretexto pra uma reflexão da conjutura. Auto-crítica e martírio e perfeição e merda.
Isso é isso.
Mãe é mãe.
Saudade é saudade - sem tradução.
E a merda é a merda.

Dentro do ônibus; entro. Sento no assento (repito e chego ao mesmo lugar) ao lado da janela. O mar. Agora tenho uma visão ampliada de outras águas. A diferença não está na natureza em si, está em mim. Mudo e mudo e mudo e mudo de foco. Durmo cantando...

"Mão na folha, mão, mão, rosa mão, folha tola, tola, folha, rosa vi, rosa si, dó mi dó, dormindo, mão, mão, mão..."

Abro tua palavra e sinto como sempre aquilo que não se sabe o que... É e basta sentir. Por muito (intensifico) tempo procuro alguma coisa que ultrapasse o que se quer dizer, algo que não se programe, que se encaixe e que seja diferente por ser tão parecido. Estranho sentir saudade de algo que não se teve por concreto - esse é um ponto. As coisas apalpáveis ultimamente (quase sempre) se repetem de maneira igual e perdem a graça, ficam paradas e são coisas que posso tocar, que posso ter a certeza que vou ter quando quiser, e não... Sinceramente desisto de explicar.

" Preocupação de verdade na raiva de dizer. Donde o interesse da possibilidade de ver-se livre por meio do encontro. Mas devagar..." Samuel Beckett

E a caixa de msgs está cheia de coisas que não leio. Minha vida está cheia de pessoas que não tem o que dizer. Acho que já me fechei e mesmo não querendo ouvir - ouço o que os outros têm a dizer. Escuto, e fico na cama pensando em filtros. Livros, três livros e uma sandália vermelha. Vejo (tu - do sutaque) saindo de dentro de uma bota. Um gato, me lembro de algo que foi dito e gatos são figuras que me inquietam desde pequena. Os gatos são bizarros e eu associo tudo. O gato arranha minhas botas e li... Li que quando um gato arranha é porque está sentindo prazer. Bah! (do - sultaque) não entendo a filosofia dos gatos e na verdade tenho um pouco de medo do que pode acontecer. Imagine que estou com fone de ouvidos, escutando uma rádio ridícula - preciso de silêncio. A música adentro do meu vácuo.

Estou nas palavras.
Sinta minha única certeza.

Preciso (agora com frequência alterada; maior) me comunicar com vários seres que habitam algum lugar de mim. Peço um tempo e peço mesmo. Me correspondo de outras maneiras...
Não fiz uma música.
Preciso de um violão.
Preciso de uma pessoa.
Preciso dormir direito.
Preciso comer direito (preciso comprar comida).
Preciso pagar contas no banco.
Preciso de uma calça curta.
Preciso... e não preciso de porra nenhuma! Isso é uma maneira de projetar minha necessidade em objetos ultilizáveis. Não quero usar ninguém e me sinto egoísta todo dia. Um simples "pão com manteiga"...

"Fome...já são quase meia noite. Os cigarros acabaram e não tem café, não tem computador, não tem nada, não tenho a sensação de estar dormindo em casa, não estou em casa, não quero dormir e preciso... Preciso acordar cedo e o pão. Já são seis da manhã e não tem café, e o cigarro, preciso comprar..."

A vida é um ciclo e chamar meia-noite de seis da manhã não vai mudar muito o assunto.
Será que o gato está calado?
Parece que não e Darvin que explique. Darvin que selecione tudo que seja propício. Darvin que se foda e que se sinta bem! Não vou glorificar nada que não me faça sentir.

Bizarra e babaca.
Uma fada no tornozelo e uma rosa na imagem.
Uma rosa sem forma.
Uma mão.

Conexão lenta.
Estou só na sala.
Reflexo, estou só e lenta.
Me sinto
carente.

Demontrações, um pouco mais me fazem sorrir bregamente. Já assumi meu lado breguinha depois de chorar ouvindo "As metades da laranja" do Fábio Júnior. É, isso é fato e eu sou brega e detalhista. Não posso apagar o que escrevo senão desmancha tudo. Vou aprendendo a deixar viver... Atitudes afetivas vão aparecendo e desaparecendo aos poucos.

Conviver é foda!
e depois eu ajeito isso...

ou não.